Ministro lança projeto de apoio a catadores de recicláveis

O ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Márcio Macêdo, cumpriu ontem (23) uma extensa agenda na capital paraense. Entre as atividades realizadas na cidade, Macêdo participou do lançamento do projeto “Conexão Cidadã”, uma parceria da Fundação Banco do Brasil com a Secretaria-Geral da Presidência.Como proposta, o “Conexão Cidadã” vai levar políticas públicas e cidadania para catadores e catadoras autônomas de materiais recicláveis, por meio de uma unidade móvel, sendo uma iniciativa da Associação Nacional de Catadores e Catadoras (Ancat) e da Fundação Banco do Brasil. Em Belém, o programa contará com a parceria da Prefeitura de Belém, por meio do apoio e da oferta de serviços de cidadania, e do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).O trailer está preparado para receber as catadoras e catadores de materiais recicláveis para que tenham acesso a programas sociais, segurança alimentar e orientações sobre direitos trabalhistas, por exemplo. Também terão apoio jurídico e assistência para retirada de documentos, orientações sobre saúde e apoio psicológico para ajudar a lidar com estresse e a discriminação da qual muitos são vítimas. De acordo com a Prefeitura de Belém, o projeto para a capital paraense tem investimento de mais de um milhão de reais.Conteúdos relacionados:Entrega de Lancha: Governo reforça policiamento fluvial no MarajóPará apresentou mais de mil propostas para o novo PAC SeleçõesMárcio Macêdo destacou que o projeto foi uma ideia dos próprios catadores e que o Governo Federal aprovou a ideia devido à importância da iniciativa. “Na região norte, na avaliação deles (dos trabalhadores), era importante começar por Belém. Então, aqui estamos entregando à Prefeitura de Belém e aos catadores aqui da cidade essa unidade móvel. O trailer consiste em fazer busca ativa dos catadores e catadoras autônomos na periferia das cidades”, explicou.Atualmente, o “Conexão Cidadã” está presente, agora, em seis capitais: Aracaju (SE), Belo Horizonte (MG), Brasília (DF), Curitiba (PR), Recife (PE) e Belém (PA). O objetivo geral é viabilizar o acesso a direitos e oportunidades a esses trabalhadores e trabalhadoras.Macêdo ressaltou ainda que o trailer tem espaço para atendimento individual e coletivo, sendo um passo importante para a política de incentivo para a economia dos trabalhadores da reciclagem. “É um trabalho em que entramos com o trailer e quem vai administrar é a Prefeitura e os catadores, com os serviços de assistência social e de saúde para ir até o trabalhador. É uma ideia que nós queremos que dê muito certo, porque é Governo Federal, Governo do Estado e a sociedade civil organizada por meio das cooperativas de catadores e catadoras”.VALORIZAÇÃOO prefeito de Belém, Igor Normando, afirmou que a iniciativa busca a valorização dos catadores e que estes trabalhadores são fundamentais para o momento da COP 30, na capital paraense. Normando destacou também a importância da sustentabilidade, da coleta seletiva e do poder de transformar os resíduos em desenvolvimento econômico e geração de emprego e renda. “O projeto é um passo para que os catadores tenham acesso à cidadania e à qualificação”, avaliou.Sebrae-PA: lixo precisa ser olhado de maneira diferentePor meio do atendimento direto aos catadores e às cooperativas relacionadas à economia circular, o Sebrae vai apoiar estes trabalhadores com consultorias em áreas como formalização de negócios, gestão e produtividade, além de apoio para firmar parcerias com o setor público, como auxílio técnico para que prefeituras contratem cooperativas de reciclagem.Para o diretor-superintendente do Sebrae Pará, Rubens Magno, em algumas ocasiões os catadores não se veem como empresários, por isso a instituição começou com um diagnóstico de 30 cooperativas, sendo que há mais de 300 cooperados que começaram o trabalho de iniciação para entenderem-se como cidadão e empresário. “Desta forma, o Sebrae precisa estar presente ainda mais no momento de COP 30, em que o lixo precisa ser olhado de uma maneira diferente, como resíduos que se transformam em negócios para uma melhor solução climática”.Magno parabenizou as parcerias do projeto com os governos estadual, federal e com a Prefeitura de Belém, e como essa etapa vai ser importante para a vida dos trabalhadores da reciclagem. “Muitas vezes essas pessoas têm uma autoestima muito baixa, são pessoas que são marginalizadas e que muitas vezes precisam rapidamente de um acolhimento para levantarem as suas cabeças e se verem, como eu disse, como empresários”, destacou sobre o papel do Sebrae no projeto “Conexão Cidadã”.VISIBILIDADEA catadora mobilizadora local da Ancat, Debora Baia, afirmou que o projeto vai dar visibilidade aos catadores de rua que são autônomos e que não estão em nenhuma associação ou cooperativa. Desta forma, o projeto vai fazer um levantamento de quantos catadores existem em determinado território da cidade para fazer um cadastro e um censo para entender se este trabalhador é uma pessoa em situação de rua, se possui residência, qual a quantidade de resíduo que coleta diariamente, o que comercializa e se sobrevive somente da coleta destes materiais.Segundo Baia, a meta é cadastrar 1000 trabalhadores, sendo que 10% deste total já foram registrados. “No primeiro território, que é a área do Ver-o-Peso, temos dados que mostram que 80% são moradores de rua. São pessoas que estão em extrema vulnerabilidade. Muitas das vezes com apenas uma refeição diária. Não têm acesso a banho, não têm acesso a banheiros”, relata.“Nós temos dois técnicos sociais que estão treinados justamente para atender esses catadores da melhor forma possível para que eles se sintam acolhidos e abraçados pelo projeto”. Ainda conforme Baia, a intenção aqui em Belém é que tenham cooperativas que possam abraçar esses catadores ou que há projetos específicos que possam de alguma forma incluí-los para ter um sustento digno. “São trabalhadores que precisam de uma mão para entender que existe um futuro melhor e que o trabalho de catador é essencial para o nosso planeta”.