BBB cansou? 25ª edição acaba com baixa audiência e formato pedindo socorro

Chegar à 25ª edição de um reality show diário não é para qualquer um. O Big Brother Brasil já foi um fenômeno incontestável de audiência, impacto social e engajamento nas redes. Mas a temporada de 2025 mostrou que nem todo formato é eterno – ou, ao menos, que ele precisa urgentemente se reinventar.Apesar dos esforços da Globo em incluir novidades, como dinâmicas inéditas e participantes com perfis diversos, o BBB 25 terminou sob críticas e com audiência abaixo do esperado.Com os 100 dias do programa a média foi de 16 pontos na Grande São Paulo e no PNT (Painel Nacional de Televisão). A grande final, que consagrou Renata Saldanha, registrou 17 pontos de média, muito abaixo que a da edição passada, que garantiu à emissora 27 pontos.A impressão é clara: o programa cansou. O público, em outros tempos empolgado com cada Paredão e reviravolta, parece ter perdido o interesse, talvez por saturação, talvez por previsibilidade.Uma das principais apostas deste ano foi o formato com jogadores em duplas – uma tentativa de movimentar o jogo desde o início e forçar alianças e conflitos. A ideia, no entanto, não emplacou. O modelo limitou o jogo individual e criou uma dependência que muitas vezes impediu estratégias mais criativas. A repercussão foi tão morna que esse modelo não deverá voltar na próxima edição.Outro ponto marcante – e frustrante – foi a ausência de um grande favorito durante toda a temporada. Diferente de edições como a de Juliette (BBB 21) ou Davi Brito (BBB 24), onde o público rapidamente escolheu um protagonista para acompanhar e defender, o BBB 25 se arrastou sem carisma. Os participantes até renderam momentos isolados, mas ninguém conquistou de verdade o coração da maioria. Isso afetou diretamente o engajamento nas redes e o interesse nas votações.E por falar em votação, o sistema atual mostrou mais uma vez sinais claros de esgotamento. A dualidade entre o “voto da torcida” (com votos ilimitados) e o “voto único” (um por CPF) gerou debates e, principalmente, desconfiança. Afinal, o que vale mais: a mobilização em massa de fãs ou o voto da maioria silenciosa? Há tempos essa discussão ronda o programa, mas em 2025 ela se intensificou, com suspeitas de manipulação e resultados que pareciam destoar da percepção geral do público.Talvez seja a hora de o BBB apostar, de fato, em uma mudança estruturante. Adotar exclusivamente o sistema de voto único pode devolver ao reality a credibilidade perdida. Um voto por CPF colocaria todos em pé de igualdade e evitaria distorções causadas por torcidas organizadas com bots ou pessoas votando milhares de vezes. Com isso, a vitória deixaria de ser apenas uma questão de engajamento digital e voltaria a refletir a vontade do público em geral — o que daria um novo gás ao programa.O Big Brother Brasil ainda pode ser relevante. Mas, para isso, precisa parar de maquiar um formato cansado com maquiagens publicitárias e assumir que o público quer mais verdade. Caso contrário, a 26ª edição pode nem ter tempo para respirar.Aliás, as inscrições para o BBB 26 já estão abertas, o que mostra que a Globo ainda aposta no programa. Resta saber se virá apenas mais do mesmo ou se o reality conseguirá, de fato, se reinventar.*Luiz Almeida é jornalista e analista de televisão
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