A pesquisa foi conduzida em oito regiões fisiográficas do Pampa
Uma equipe de pesquisadores brasileiros acaba de revelar descobertas sobre a biodiversidade do bioma Pampa, no Sul do Brasil. O estudo, que investigou ácaros fitoseiídeos associados a plantas da família Asteraceae, resultou na descrição de duas novas espécies: Amblyseius senecinis e Typhlodromus (Anthoseius) bacchariae.
A pesquisa foi conduzida em oito regiões fisiográficas do Pampa e contou com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (Fapergs).
O levantamento foi realizado entre novembro de 2021 e agosto de 2022, com coletas sazonais de amostras de plantas. Ao todo, 320 amostras de 10 espécies diferentes de Asteraceae foram analisadas, resultando na identificação de 228 espécimes de ácaros, pertencentes a 26 espécies, distribuídas em 12 gêneros e três subfamílias. Entre as espécies mais comuns estão Typhlodromalus aripo, Euseius inouei, Phytoseius guianensis, Neoseiulus californicus, N. tunus e Metaseiulus (Metaseiulus) eiko.
O estudo é assinado pelo doutorando do Programa de Pós-Graduação de Ambiente e Desenvolvimento (PPGAD), Iury Silva de Castro, e Noeli Juarez Ferla, Coordenador do Laboratório de Acarologia da Universidade do Vale do Taquari – Univates. Também colaboraram com o estudo Adria Oliveira de Azevedo, Naiara Antonia Nunes Vinhas, Sabrina Marion Schlemer, Wesley Borges Wurlitzer, Elisete Maria de Freitas e Gustavo Heiden.
As duas novas espécies descritas – Amblyseius senecinis e Typhlodromus (Anthoseius) bacchariae – representam uma importante contribuição para o conhecimento da fauna de ácaros no Brasil. O estudo também forneceu uma chave de identificação para o grupo arizonicus, o que facilitará futuras pesquisas sobre esses organismos. Segundo os autores, a descoberta é relevante não só pela descrição das novas espécies, mas também por ampliar o conhecimento sobre as interações entre ácaros e plantas nativas do Pampa, uma das regiões de maior biodiversidade do País.
Os resultados foram publicados no International Journal of Acarology e têm o potencial de abrir caminho para novas investigações sobre o papel dos ácaros fitoseiídeos no controle biológico de pragas em cultivos agrícolas.
Glossário
Confira explicações complementares sobre termos presentes neste texto
Ácaros fitoseiídeos ‒ os ácaros fitoseiídeos (família Phytoseiidae) são pequenos aracnídeos predadores que desempenham um papel importante no controle biológico de pragas agrícolas. Eles são conhecidos por se alimentarem de outros ácaros fitófagos (que se alimentam de plantas), como o ácaro-rajado (Tetranychus urticae), que causa danos a diversas culturas. Por serem predadores naturais de pragas, os fitoseiídeos são utilizados em práticas de manejo integrado de pragas para reduzir o uso de pesticidas químicos em plantações.
Família Asteraceae ‒ família de plantas pertencente à ordem Asterales, representa a família com maior número de espécies entre as Angiospermas, contando com mais de 32.000 espécies conhecidas, divididas em 1.900 gêneros. Muitas espécies são usadas no cultivo devido ao seu valor biológico. Alguns representantes dessa família são o absinto (Artemisia absinthium), a alface (Lactuca sativa), o girassol (Helianthus), o crisântemo (Chrysanthemum sp.) e a margarida (Bellis perenis), entre muitos outros. Eles encontram-se em regiões tropicais, subtropicais e temperadas, vegetando nos mais diversos habitats (Fonte: Biodiversity4all).
Regiões fisiográficas ‒ são áreas geográficas que compartilham características físicas e naturais semelhantes, como relevo, solo, clima, vegetação e formações geológicas. Essas regiões são delimitadas com base na morfologia do terreno (ou seja, nas formas da superfície terrestre), o que as distingue de outras áreas em termos de estrutura física e paisagem.
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