Um mês após seu lançamento, a nova modalidade de empréstimo consignado, criada para trabalhadores contratados pelo regime da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), já liberou pelo menos R$ 4,4 bilhões, com valor médio por empréstimo de R$ 5.771,62, de acordo com o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). As parcelas, em média, são de R$ 340,03 e o prazo médio de pagamento gira em torno de 16 meses.Até o momento, a Caixa Econômica Federal é a única grande instituição que já faz propostas, com juros que variam de 1,60% a 3,17% ao mês, a depender da análise de crédito do cliente. A expectativa, no entanto, é que os maiores bancos ofereçam o produto a partir de 25 de abril, quando poderão disponibilizar o crédito consignado em suas plataformas.Antes de solicitar o consignado, o trabalhador deve saber que ele pode comprometer até 35% do salário líquido, com o desconto sendo feito diretamente na folha de pagamento. Ou seja, a parcela é abatida antes mesmo do salário ser depositado na conta. “Por isso, é importante ter certeza de que a parcela não vai comprometer demais o orçamento mensal”, alerta Willian Conzatti, sócio-fundador da ConCrédito. Ele diz que, como o processo acontece pelo aplicativo da Carteira de Trabalho Digital, a dica é aguardar o prazo completo de 24 horas do leilão de crédito, comparar todas as ofertas recebidas e escolher a que tiver o melhor custo-benefício.Reinaldo Domingos, presidente da Associação Brasileira de Profissionais de Educação Financeira (Abefin), recomenda que o trabalhador verifique se tem outras dívidas e priorize o pagamento delas antes de assumir um novo compromisso financeiro. “Não s e deve comprometer todo o salário com parcelas de empréstimos, para não ameaçar a qualidade de vida. Faça uma análise sobre o valor que realmente é necessário, considerando alternativas para evitar empréstimos excessivos”, orienta Domingos.Os especialistas concordam que o empréstimo consignado CLT é uma boa alternativa para os profissionais que precisam de dinheiro para alguma emergência em saúde, mas não têm reserva, ou que precisam trocar uma dívida mais cara —como de empréstimo pessoal e cartão de crédito — por uma com taxas menores.É preciso ter cuidado, no entanto, para que isso não vire um ciclo vicioso, onde se troca uma dívida por outra, sem resolver o problema de fundo. “O trabalhador endividado deve, antes de mais nada, refletir sobre as causas do endividamento e buscar soluções que envolvam a eliminação das dívidas existentes, como a negociação de prazos ou taxas, ao invés de recorrer ao crédito consignado como uma solução imediata”, afirma Domingos.Quem já está com as contas totalmente desorganizadas e que não tem uma educação financeira sólida, não deve solicitar o empréstimo. Ele tampouco deve ser usado para gastos supérfluos. “Como a parcela do empréstimo é retida na fonte, o valor disponível na conta do trabalhador mensalmente será menor e poderá não ser suficiente para pagar todas as contas da família”, lembra Leticia Camargo, planejadora financeira da Associação Brasileira do Planejamento Financeiro (Planejar).Estratégia arriscadaCamargo também explica que não se deve aderir ao empréstimo consignado para aplicar em investimentos. “Na maioria das vezes, as taxas de juros de um empréstimo são mais altas do que a rentabilidade dos investimentos disponíveis no mercado. Ou seja, o trabalhador estará pagando mais do que ganharia de rendimentos do investimento”, pontua.Esse é outro consenso entre os entrevistados: Utilizar esse recurso para tentar obter retorno financeiro é uma estratégia arriscada, o crédito consignado não deve ser usado como uma ferramenta para especulação ou investimentos. “As exceções podem ser os investimentos em educação ou capacitação profissional, que podem aumentar a renda futura, ou aplicações em um negócio próprio, já validado e com retorno previsível”, pontua Willian Conzatti. Em todo caso, cautela e planejamento são as palavras-chave para não cair na bola de neve do endividamento.
Empréstimo consignado para trabalhador CLT já superou R$ 4,4 bi
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