Reprodução/ Jornal A Tribuna
A menopausa é uma fase em que toda mulher terá de passar. Espera-se que essa fase comece entre 45 e 55 anos, mas há casos em que ela pode começar mais cedo. Foi o que aconteceu com a cantora Naiara Azevedo, que aos 28 anos foi diagnosticada com menopausa.Atualmente, com 35 anos, a cantora compartilhou em sua rede social que “o fato de não poder ter filhos de forma natural” a incomodou. Médicos ouvidos pela reportagem explicam se ainda é possível engravidar, mesmo nessa fase.O ginecologista Igor Padovesi explica que a menopausa precoce é caracterizada pelo fim da função dos ovários de produção dos principais hormônios femininos antes da média de tempo.A ginecologista Camila Poncio, especialista em Reprodução Humana e fertilidade, explica que a menopausa precoce é um diagnóstico feito, retrospectivamente, após 12 meses de amenorreia (não menstruação) em uma mulher com menos de 40 anos.“Uma paciente com menopausa precoce, com mais de um ano que não menstrua e tem FSH (hormônio folículo-estimulante) muito alto, não vai engravidar naturalmente e também com nenhuma técnica de reprodução assistida, a não ser com uma fertilização in vitro (FIV) com um óvulo doado”, explica a médica.Ela diz que, nessa fase, o ovário já não responde mais ao estímulo para que seja feita a captação de óvulos.Segundo o ginecologista e obstetra, especialista em Reprodução Humana, Rodrigo Rosa, na ovorecepção, que consiste no uso de óvulos doados para a realização da FIV, os óvulos são obtidos em bancos de modo totalmente anônimo.“E o fato de serem doados não reduz, de maneira alguma, o papel da receptora como mãe. Afinal, é ela quem garantirá que a criança cresça feliz e saudável”, disse.O ginecologista Ronney Vianna Guimarães, com enfoque em Reprodução Humana Assistida, ressalta que para essas mulheres na menopausa, antes de receber o embrião, é preciso fazer uso de hormônios para preparar o útero. “Assim, essa mulher pode engravidar, parir e amamentar conforme uma gestação fisiológica normal”.Fatores genéticos podem ser determinantesA causa mais comum para a menopausa precoce, segundo especialistas, são fatores genéticos.Outros fatores adquiridos podem também estar associados à menopausa precoce, de acordo com o ginecologista Ronney Vianna Guimarães, como as pacientes que fizeram cirurgias, principalmente no ovário, e tiveram infecção nas trompas e histórico de câncer.“A quimioterapia também mata as células do ovário e pode ser causa, assim como algumas doenças autoimunes”, explicou.Para as pacientes com risco de evoluir para menopausa precoce, por exemplo, com cisto de endometriose no ovário ou com diagnóstico de câncer, é sugerido o congelamento de óvulos.Há outros casos que podem atrapalhar a mulher engravidar abaixo dos 40 anos, de acordo com a ginecologista Camila Poncio, como a baixa reserva ovariana (ciclos menstruais regulares e testes de reserva ovariana alterados) e insuficiência ovariana prematura.“É uma síndrome clínica definida por amenorreia (não menstruação) ou oligomenorreia (menstruações pouco frequentes ou muito leves) por pelo menos quatro meses com FSH (hormônio folículo-estimulante) elevado e baixo estradiol em mulheres abaixo de 40 anos. Tem prevalência de aproximadamente 1% da população”, explicou Camila Poncio.Saiba MaisMenopausaé o período que ocorre, geralmente, entre os 45 e 55 anos, marca o fim da fase reprodutiva feminina. É definida pela ausência de menstruação (amenorreia) por 12 meses consecutivos e é determinada de forma retroativa, representando o término, permanente, da menstruação.Em geral, os óvulos que a mulher vai liberar ao longo da vida já estão presentes no corpo feminino desde o nascimento. Essa reserva é usada da primeira menstruação (menarca) até a última (menopausa). As mulheres não formam novos folículos ao longo da vida e, quando todos eles morrem, os ovários chegam ao fim da sua vida útil. Nessa etapa, as concentrações dos hormônios femininos — estrogênio e progesterona — caem de forma permanente.Antes da menopausa ocorre o climatério. Diversas mudanças físicas ocorrem nessa passagem, como irregularidades menstruais, hemorragias ou escassez no fluxo.Sinais da menopausaOndas de calor ou fogachos, com episódios súbitos de sensação de calor no rosto, pescoço e na parte superior do tronco. Geralmente, vêm acompanhados de vermelhidão no rosto, suores, palpitações no coração, vertigens e cansaço muscular.Manifestações como dificuldade para esvaziar a bexiga, dor, perda de urina, infecções urinárias, ressecamento vaginal, dor na penetração e diminuição da libido.Aumento da irritabilidade, instabilidade emocional, choro descontrolado, depressão, distúrbios de ansiedade, melancolia, perda da memória.Alterações no vigor da pele, dos cabelos e das unhas.Alterações na distribuição da gordura corporal, que passa a se concentrar mais na região abdominal.Menopausa precoceQuando esses sinais ocorrem antes dos 40 anos.Gravidezcaso a mulher alcance a menopausa e tenha feito o congelamento de óvulos previamente, essa é uma possibilidade para alcançar a gestação após o fim da capacidade reprodutiva.Mas se não tiver congelado óvulos previamente, a mulher ainda pode engravidar por meio da ovorecepção, que consiste no uso de óvulos doados para a realização da fertilização in vitro (FIV).Seja obtido por meio de doação ou congelamento prévio, o óvulo é fertilizado em laboratório com o sêmen, que pode ser do parceiro ou doado, para formação do embrião.Na gestação durante a menopausa há maior risco de complicações como pressão alta, pré-eclâmpsia, diabetes gestacional, parto prematuro e doenças cardiovasculares, incluindo infartos e tromboses. Fonte: Ministério da Saúde e pesquisa AT.