VÍDEO: em depoimento, pai de Ana Beatriz relata como descobriu a morte e como encontrou corpo

Jaelson da Silva Souza, pai da bebê Ana Beatriz, detalhou, em depoimento prestado à polícia, em Novo Lino, como descobriu a morte da filha, assim como encontrou o cadáver dentro de uma sacola plástica no quintal da casa da família. A companheira dele, Eduarda da Silva Oliveira, foi ouvida novamente depois da prisão e confessou que a criança morreu por asfixia, cinco dias depois de o caso ganhar repercussão.

Em vídeo obtido pelo TNH1, Jaelson apareceu acompanhado do advogado, José Weliton, e declarou que soube que não ia conhecer a própria filha em vida enquanto estava na residência do tio, acompanhado por Eduarda. Na manhã de terça (15), a mulher admitiu para ele que Ana Beatriz estava morta. Veja o depoimento do pai na íntegra:

A DESCOBERTA

Policial: Vocês estavam onde na hora?

Jaelson: Na casa do meu tio.

Policial: Então como foi?

Jaelson: Eu perguntei assim: Eduarda, nossa filha está morta? Ela me respondeu: está! Eu já saí chorando. Ela ficou conversando com o doutor [advogado], com a esposa do doutor, e eles perguntando onde ela [Ana Beatriz] estava. E ela sem querer dizer, mas depois falou assim: está em casa. Não foi, doutor? Aí foi na hora que pegamos o carro e subimos até lá.

Policial: Ninguém tinha dormido na sua casa ontem?

Jaelson: Não. Chegamos lá, abrimos o portão, ela entrou, parou na sala e ficou olhando para o sofá. Pensamos que estava lá. Levantamos o sofá, mas não tinha nada. Aí então ela sem falar nada, seguiu para a cozinha. Ai chegou de frente para a porta, parou, abriu a porta, saiu e fez assim [gesto de virar para o armário] e ficou olhando para a cômoda. Aí a gente suspeitou que poderia estar ali, comecei a abrir, e aí no compartimento que ficavam os produtos de limpeza, estavam todos enfileirados, o corpo estava atrás desses produtos. Quando abri a porta já senti o mau cheiro, aí fiz assim [gesto de afastar os produtos], aí vi lá e saí em desespero.

Policial: O que você viu?

Jaelson: Eu vi uma mochilazinha preta.

Policial: Saco plástico?

Jaelson: Sim, com odor.

Policial: Você mexeu, tirou do local?

Jaelson: Não. Só saí chorando e vim direto para o CISP [delegacia].

Policial: Alguém que estava lá moveu esse saquinho para outros cômodos da casa?

Jaelson: Não. Só quem moveu foi o policial que retirou. Depois eu pedi para olhar minha filha, eu nunca tinha visto ela. A senhora sabe. Nunca vi pessoalmente. Aí quando cheguei lá, ela estava em cima da pia […] A única vez que vi minha filha foi hoje dentro do compartimento.

Policial: Ela [Eduarda] confessou para você, qual foi a verdade? Como aconteceu?

Jaelson: Ela me contou três verdades. A primeira que estava amamentando, dormiu e a menina ficou entalada. Aí depois falou que passou por cima da menina [também dormindo]. Aí depois falou que coisou com o travesseiro.

Policial: Coisou com o travesseiro como?

Jaelson: Acho que dormindo, passou por cima da menina com o travesseiro.

Policial: Foi a única coisa que ela disse a você?

Jaelson: Foi a última vez que falei com ela.

Policial: Ela falou aqui [para a polícia] que havia sufocado a menina com a almofada do sofá.

Jaelson: Ela não falou para mim isso não, ela falou em travesseiro.

SUSPEITAS

Policial: Você acha que a sua sogra ajudou a sua companheira a esconder esse corpo?

Jaelson: Não posso julgar, também não posso defender.

Policial: Você acha que sim ou que não?

Jaelson: Rapaz, agora a senhora me coloca entre a cruz e a espada, porque se eu falar que sim, tenho que provar.

Policial: Não, é o que você acha. Você, como pai, como companheiro, sua intuição, seu coração, o que você acha: que sim ou que não? Que ela ajudou a Eduarda a esconder o corpo da sua filha ou não?

Jaelson: Rapaz, tem hipótese para tudo, né?

Policial: Sim ou não?

Jaelson: Rapaz, provavelmente acho que pode ter sido. Só que não estou julgando ninguém, sabe?

CHEGADA DE SÃO PAULO

Policial: Você estava em São Paulo e não chegou a conhecer sua filha?

Jaelson: A primeira vez que a vi pessoalmente foi hoje, quando o IML estava colocando ela no plástico, já sem vida.

Policial: Você chegou quando?

Jaelson: No sábado de madrugada, por volta das 3h da manhã.

Policial: Você foi para sua casa? Dormiu lá?

Jaelson: Fui para minha casa, dormi na minha cama.

Policial: Com a sua filha morta dentro do armário?

Jaelson: Sério, doutora?

Policial: Porque se ela estava no armário desde aquele dia…

Jaelson: A senhora está falando onde ela foi encontrada? Porque tem um armário da cozinha da gente que fica na sala.

Delegado: É o armário da área de serviço, onde ela foi encontrada.

Jaelson: Só fiz chegar em casa e nesse dia nem banho tomei, só fui para o quarto. Não dormi nada, passei o resto da madrugada dentro de casa.

Policial: Na noite do sábado, vocês dormiram lá?

Jaelson: Nós já fomos dormir tarde. Dormi em casa.

Policial: No domingo? Que fomos lá, Eduarda estava lá.

Jaelson: Dormi em casa.

Policial: Na segunda?

Jaelson: Não, não dormi em casa. Quando ela foi para o hospital, fui em casa, tomei um banho, levei meu filho, dei banho nele, juntamente com meu primo, meu tio, meu outro primo.

LOCALIZAÇÃO DO CORPO

Policial: Você acredita que tendo dormido lá desde sexta para sábado, qual a possibilidade que você acredita do corpo estar ali naquele local?

Jaelson: Doutor, assim… Pode estar… Agora, pela lógica, era para estar…

Policial: Não tem certeza?

Jaelson: Não tenho certeza que esse corpo estava lá, porque o cão farejador andou tudo lá ontem. 

Policial: E quem possa ter auxiliado para botar esse corpo lá, você não sabe?

Jaelson: Não faço a mínima ideia. Se tiver mais alguém envolvido, a gente tem que descobrir quem é.

Policial: Você acha que a sua companheira tinha capacidade de fazer isso sozinha e sustentar durante tantos dias, sem a ajuda de ninguém?

Jaelson: Rapaz, eu conheci aquela menina por volta de 2015, éramos todos novos ainda, acho que ela tinha 12 anos, eu tinha 15. Começamos na amizade a nos conhecer mais, não namoro. Eu morava no sítio, ela morava na rua ao lado, era negócio de criança praticamente. Quando ela fez 15 anos foi que a gente começou a namorar. Até a data de hoje, eu não acreditava, não.

RELACIONAMENTO

Policial: Nas redes sociais falaram que você teria uma amante. Procede?

Jaelson: Não.

Policial: Surgiu outro comentário que a Ana Beatriz não seria sua filha. Fosse de um outro relacionamento que ela teve enquanto você estava viajando.

Jaelson: Só que ela estava viajando comigo.

Policial: Mas foi levantada essa hipótese na casa de vocês? Que a Ana Beatriz poderia não ser sua filha?

Jaelson: Não.

Policial: Falaram também que ela não estava satisfeita por você ter viajado e ter deixado ela.

Jaelson: Isso é verdade. Porque ela engravidou lá em São Paulo. No mês de setembro, dia 22, ela estava completando dois meses de grávida. Ela veio embora, porque lá onde ela fazia pré-natal tinha que ir em Presidente Prudente, ficava longe da minha residência e do meu local de trabalho. Eu trabalho 12h, não tinha como eu chegar e levar ela. Se tivesse que passar a noite não teria como descansar para trabalhar de novo, aí não tinha como. Por isso que optei em mandar ela para cá, porque aqui tudo era mais acessível para ela. Fiquei lá em São Paulo. Quando foi dia 21 de dezembro cheguei aqui. Dia 5 de janeiro comecei a trabalhar novamente. Dia 22 de fevereiro parou o serviço. Fiquei até 10 de março em casa.

Policial: Mais algo para acrescentar, que você ache importante?

Jaelson: Nunca pensei que ia passar por isso.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.