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Um estudo liderado por pesquisadores da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) defende que o uso estético da toxina botulínica (conhecida como botox) não é inofensivo à saúde.Segundo a publicação, o procedimento não é “minimamente invasivo”, termo utilizado por profissionais e até mesmo em artigos publicados em periódicos científicos. “Pode gerar confusão e dar ao leigo a falsa impressão de que não há efeitos adversos, o que não é verdade”, pontuou.Somente em 2022, a toxina foi aplicada em 9,2 milhões de procedimentos no mundo; no Brasil foram mais de 433 mil aplicações. A revisão destaca que tamanha popularidade resultou em mais casos de complicações.Mas quais seriam essas adversidades? Segundo reportagem da Agência Einstein, a maior parte dos efeitos colaterais costuma ser leve e transitória, como hematomas, inchaço e dor no local da injeção.No entanto, também podem ocorrer casos de assimetria das sobrancelhas, visão dupla, incapacidade de fechar os olhos, ptose palpebral (queda da pálpebra superior), infecções, entre outros.O estudo diz que entre os fatores relacionados aos eventos adversos da toxina botulínica estão a qualidade do produto, as características do diluente, a variabilidade da anatomia facial e a falta de conhecimento e habilidade do profissional.De acordo com médicas entrevistadas, assim como mencionado no estudo, um grande problema está em quem realiza o serviço.“Se for bem executado, com um produto de boa qualidade, com um profissional bem capacitado, é um procedimento seguro sim, considerado minimamente invasivo. Tem que haver uma fiscalização maior para que profissionais não habilitados parem de realizá-los”, disse a dermatologista Juliana Drumond.“É preciso entender de assepsia, anatomia e quem estuda o suficiente para isso é o médico. Além disso, a empresa não vende a toxina de bom padrão para qualquer um. As pessoas compram falsificadas e aí é que pode dar problema”, completou a dermatologista Oliete Guerra.A dermatologista Karina Mazzini destacou que o profissional a ser escolhido precisa ter experiência e deu uma dica: “O Conselho Regional de Medicina (CRM) tem registrado todos os profissionais e a pessoa pode acessar o site para descobrir a capacitação”.Casos que não deram certoFalsa médicaEm outubro do ano passado, uma falsa médica de 23 anos foi presa em Fortaleza por fazer procedimentos estéticos como botox, fios de PDO, hidrolipo e minilipo laser sem autorização.Nas redes sociais, ela se identificava como uma profissional especializada nessa área. Em seu imóvel, foram apreendidos medicamentos, equipamentos, anestésicos e também máquinas de cartão de crédito.Olho paralisado
Denize Alves ficou com um olho paralisado temporariamente
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Heytor Gonçalves/AT – 28/11/2023
Em novembro de 2023, a empresária Denize Alves ficou com um olho paralisado e temporariamente sem visão após realizar um procedimento com botox no Espírito Santo.O procedimento foi realizado por um esteticista em uma clínica de estética de Vila Velha no dia 16 de novembro, após ela aproveitar uma promoção de Black Friday. A aplicação no valor promocional saiu a R$ 650. “Tudo isso abalou demais meu psicológico e alterou toda a minha rotina. Bati o carro por não conseguir enxergar”, disse ao jornal A Tribuna na época.Boca exageradaNo ano de 2018, a inglesa Rachel Knappier, que na época tinha 29 anos, participou de uma “festa do botox” na casa de uma amiga e ficou um inchaço anormal na boca, resultado de uma necrose labial.A esteticista erroneamente aplicou a injeção e perfurou uma artéria.Três meses após a experiência que descreveu como “infernal”, Rachel relatou que seus lábios voltaram para o estado normal.Opiniões
Fique por dentroEstudoO estudo analisou 50 pesquisas internacionais sobre o uso estético da toxina botulínica (popularmente conhecida como botox), publicadas entre 2017 e 2022, e afirmou que seu uso para fins estéticos não é um procedimento “minimamente invasivo”, por ter efeitos adversos.O estudo destacou que o procedimento vem ganhando cada vez mais popularidade, e junto a isso, mais casos de complicações.EfeitosEntre os efeitos adversos, uma reportagem da Agência Einstein mencionou que o botox pode causar hematomas, inchaço, dor no local da injeção, assimetria das sobrancelhas, visão dupla, incapacidade de fechar os olhos, ptose palpebral (queda da pálpebra superior), infecções no local da aplicação, náusea, quadros alérgicos, dor de cabeça e, em casos raros, risco de reação anafilática.MotivosO estudo aponta que os fatores relacionados aos eventos adversos da toxina botulínica são a qualidade do produto, as características do diluente, a variabilidade da anatomia facial e a falta de conhecimento e habilidade do profissional.Falta de qualificaçãoA dermatologista Oliete Guerra afirmou que o problema é que, muitas vezes, o serviço é realizado por pessoas não qualificadas.Além disso, existem pessoas não capacitadas que compram a toxina botulínica falsificada por conta de preços mais baixos, o que é um risco.Segundo a dermatologista Juliana Drumond, quando o botox é aplicado por um profissional capacitado, o risco de ter complicações é raríssima. Porém, não é impossível, pois o paciente pode ter uma variação anatômica e a toxina pode agir de maneira diferente. Mas é raro.Oliete ressaltou que, sendo o médico, este sabe a conduta para reverter qualquer o efeito adverso.