Para ser ouvida, a região carece de um discurso único

editorial

Pelo discurso único. Não é de hoje que a Zona da Mata tenta se organizar politicamente, em busca de soluções para velhos impasses, sobretudo na área econômica. Ainda no final dos anos 1970, foi elaborada a “Carta de Maripá”, na qual foram inseridas as demandas que garantiriam o crescimento ordenado da região. Todas as propostas se perderam no tempo em decorrência do chamado passo seguinte, isto é, na fase de articulação nos gabinetes oficiais não houve unidade.
Essa foi a questão seguinte dos demais eventos. A despeito de todas as boas intenções, a execução esbarrou no personalismo de lideranças, que, em vez de atuarem juntas, foram à luta em modelo solo, talvez em busca de sucesso que lhes garantisse votos no próximo pleito.
Em um dos últimos desses encontros, na sede da antiga Reitoria, ficou acertado que cada deputado da região teria a missão de desenvolver uma pauta, e havia parlamentares suficientes para o cumprimento de tal agenda. Ninguém prestou conta do que foi acordado, e o evento foi para a gaveta da história.
Desta vez, nesta segunda-feira, a estratégia é outra. O “Encontro de Lideranças para o Desenvolvimento de Nossa Região” vai abordar a conexão aeroviária, uma combinação dos modais rodoviário e aéreo, estratégicos para a Zona da Mata e os demais municípios de seu entorno.
Construído a partir do Governo Itamar Franco (1998/2002), o Aeroporto Regional Presidente Itamar Franco teve como propósito o desenvolvimento da região, pois reduziria distâncias e criaria meios de acesso para projetos industriais e eventos em Juiz de Fora e nos demais municípios. No mesmo período, foi construído o Expominas, que seria referência para encontros de grande porte.
Os dois projetos saíram do papel, mas a sua conexão continua precária por conta das vias de acesso. A MG-353, que passa por Juiz de Fora e liga os municípios de Goianá e Rio Novo – entre os quais se situa o terminal -, carece de investimentos. A despeito de o Governo do estado ter implementado um ambicioso projeto de recuperação de rodovias, ela ainda não foi contemplada.
Mesmo estratégica para a região, a rodovia carece de segurança e qualidade. O evento desta segunda-feira certamente vai apontar as necessidades que já deveriam ter sido resolvidas há anos.
Para ir adiante, o primeiro passo está sendo dado: um tema único e de interesse comum. A etapa seguinte é a mais importante: tirar do papel tal demanda e criar mecanismos de pressão sobre as instâncias de poder em Brasília e Belo Horizonte. Prefeitos, deputados e demais lideranças devem estar convencidos de que a união do discurso é o principal meio de convencimento das instâncias de poder.
Embora 2026 seja um ano de eleição, não há margem para cada um se cacifar individualmente quando a causa é de todos.

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