Desigualdade: no RN mulheres têm 37% dos empregos e 20% a menos de salário

As mulheres representaram apenas 37% dos postos de trabalho formais no Rio Grande do Norte em 2024. Mesmo em jornadas extensas — a maioria superior a 40 horas semanais —, elas receberam, em média, salários 20% inferiores aos dos homens. Os dados são da nova edição da RAIS (Registro Administrativo de Informações Sociais), analisada e divulgada pelo Dieese nesta quinta-feira (10).

Ao todo, 195.762 mulheres estavam empregadas formalmente no estado até o fim de 2024. O levantamento revela ainda que o salário médio dessas trabalhadoras foi de R$ 1.999,98, o que representa 85,3% do valor recebido por homens na mesma condição (R$ 2.345,80).

A desigualdade de gênero também aparece na distribuição setorial do emprego. Do total de mulheres com carteira assinada, 84% estavam concentradas nos setores de serviços (112.716 vagas) e comércio (55.734). Em contraste, a presença feminina em setores historicamente masculinos continua reduzida: apenas 1.124 mulheres estavam na extração mineral, por exemplo — um número oito vezes menor do que o de homens (9.848) nesse setor. A construção civil também segue como uma área predominantemente masculina, com 38.297 homens empregados, contra apenas 3.834 mulheres.

A administração pública, que historicamente tem maior equilíbrio de gênero, também apresentou ligeira predominância masculina em 2024, com 487 mulheres contra 469 homens empregados no setor. Já na agropecuária, a disparidade é ainda mais acentuada: apenas 2.278 mulheres estavam formalmente empregadas, frente a 17.838 homens.

Região Metropolitana concentra maior número de trabalhadoras

A distribuição geográfica dos empregos formais revela que a maioria das mulheres potiguares com vínculo empregatício formal estava na Região Metropolitana de Natal e entorno. Ao todo, 132.700 das 195.762 mulheres com emprego formal estavam na mesorregião Leste Potiguar. Esse número representa mais do que o total de mulheres empregadas nas demais regiões somadas.

A região Agreste teve o menor número de mulheres formalmente empregadas no estado: apenas 6.277. Já as regiões Oeste e Central Potiguar somaram, respectivamente, 42.854 e 13.931 mulheres com vínculos formais de trabalho.

Faixa etária e condições de trabalho

O estudo também identificou que a maior parte das mulheres empregadas formalmente no estado estava na faixa etária entre 30 e 49 anos. A partir dos 15 anos, a presença feminina no mercado formal foi menor que a masculina em todas as faixas etárias analisadas.

Outro dado relevante é o volume de trabalhadoras com jornadas superiores a 40 horas semanais, indicando uma alta carga de trabalho mesmo diante de remuneração inferior. Essa realidade reafirma o desafio da equidade salarial e de oportunidades para as mulheres no mercado de trabalho formal do Rio Grande do Norte.

“Considerando o mercado de trabalho formal como um todo, as ofertas de empregos formais foram direcionadas, majoritariamente, para os homens. Nesses postos de trabalho formais, os homens recebiam, em média, salário quase 20% superior ao salário das mulheres”, conclui o levantamento do Dieese.

Desigualdade é realidade em todo o Brasil

No Brasil, a desigualdade salarial entre mulheres e homens também se manteve em 2024. De acordo com o 3º Relatório de Transparência Salarial e Igualdade, divulgado pelo Ministério do Trabalho e Emprego nesta segunda-feira (7), as mulheres receberam, em média, 20,9% a menos que os homens em 53.014 estabelecimentos com 100 ou mais empregados(as). Os dados têm como base o RAIS de 2024, que analisou 19 milhões de vínculos empregatícios — um milhão a mais em comparação com o ano anterior. A média salarial dos homens foi de R$ 4.745,53, enquanto a das mulheres ficou em R$ 3.755,01.

Entre as mulheres negras, a diferença é ainda maior. O salário médio em 2024 foi de R$ 2.864,39, valor inferior ao dos homens negros (R$ 3.647,97) e que representa 47,5% da remuneração média dos homens não negros. Em 2023, esse percentual era de 50,3%. O número de estabelecimentos com, no máximo, 10% de mulheres negras caiu de 21.680 para 20.452. Já a participação formal das mulheres negras no mercado de trabalho cresceu, passando de 3,2 milhões para 3,8 milhões. O relatório também identificou crescimento no número de empresas em que a diferença salarial entre homens e mulheres é de, no máximo, 5%.

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