No Centro de Comunicação, Turismo e Artes da Universidade Federal da Paraíba (CCTA/UFPB), militantes, pesquisadores, vítimas da repressão e seus familiares escrevem mais uma página da história da luta por memória, verdade e justiça no Brasil. A partir desta quinta-feira (10), João Pessoa sedia o 9º Encontro de Comitês e Comissões de Memória, Verdade e Justiça do Norte e Nordeste, com uma programação intensa que se estende até o domingo (13).
Na cidade onde está sediado o Memorial da Democracia da Paraíba, o evento acontece no mês em que o golpe civil-militar de 1964 completa 61 anos. Mais do que relembrar, o encontro se propõe a atualizar e fortalecer as ações de justiça de transição. Além de pautar o reconhecimento das vítimas da ditadura, os participantes buscam evidenciar que as violações de direitos humanos pelo Estado ultrapassam os marcos daquele período, afetando populações periféricas, negras, indígenas e camponesas até os dias atuais.
Aberto à sociedade civil, o encontro oferece uma programação plural, com mostra de cinema, mesas-redondas, grupos de trabalho, visitas a marcos da resistência e manifestações culturais. Uma das homenagens mais aguardadas é à camponesa Elizabeth Teixeira, liderança histórica das Ligas Camponesas na Paraíba, que participa presencialmente das atividades.
A primeira noite é marcada pela exibição de curtas no Cine Aruanda: Praça de Guerra (2015) e Ladário (2022), de Ed Júnior, e Codinome Breno (2018), de Manoel Batista. A sessão conta com debate conduzido por Luciana França e uma mensagem em vídeo do cineasta Sílvio Tendler.
Na sexta-feira (11), os participantes acompanham a abertura das exposições “Direito à Memória e à Verdade: a ditadura militar no Brasil – 1964-1985” e “Reflexos da ditadura militar na Paraíba”. O momento também é de reverência a militantes que se destacaram na construção da memória no estado, como Calistrato Cardoso, Emilson Ribeiro, Nazaré Zenaide e Marta Almeida (in memoriam). A mesa de abertura reúne representantes de comitês e comissões da verdade de vários estados, seguida pela mesa “Os inimigos ainda são os mesmos”, que discute o avanço da extrema direita e os desafios democráticos atuais.
O sábado (12) é dedicado à troca entre os comitês e à construção coletiva. Pela manhã, as delegações apresentam um panorama das ações em seus estados. Em seguida, os participantes se dividem em Grupos de Trabalho (GTs) para aprofundar temas estratégicos: desde mecanismos de reparação e reinterpretar a Lei da Anistia, até educação para a democracia e estratégias de comunicação e mobilização.
O período da tarde traz à tona a atuação de familiares na luta por justiça e pela reconstrução da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP), desmontada em 2022 pelo governo anterior. O debate é atravessado por relatos pessoais e reivindicações históricas, mas também por um sentimento de continuidade.
A leitura e aprovação da Carta do 9º Encontro marcam a plenária de encerramento, documento que sistematiza os debates, as propostas dos GTs e as diretrizes coletivas para os próximos passos da luta. A noite termina com o show do cantor e compositor Adeildo Vieira.
No domingo (13), os participantes fazem uma visita ao Memorial da Democracia da Paraíba, em João Pessoa, e ao Memorial das Ligas e Lutas Camponesas, em Sapé. A visita ao Centro de Formação do MLLC encerra o percurso, resgatando as raízes camponesas da luta popular por terra, liberdade e justiça social no Brasil.
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