Maré alta provoca acúmulo de água e afeta comerciantes em Ponta Negra

Com a maré alta que atingiu o litoral do Rio Grande do Norte neste fim de semana, a praia de Ponta Negra presenciou um acúmulo de água na faixa de areia. Diante disso, o AGORA RN foi até a orla de um dos principais cartões postais de Natal e ouviu visitantes, turistas e comerciantes sobre a situação atual da engorda.

O comerciante Adsson Gledson afirmou que a maré alta fez com que acumulasse água por pelo menos três dias na faixa de areia, causando problemas nas atividades diárias de outros comerciantes e na locomoção de trabalhadores e visitantes da praia. “Quando tem maré grande, forma algumas ‘lagoas’ aqui, a água fica presa aqui, fica difícil também para o trabalho das pessoas dos dos bares e restaurantes. Tem que esperar dois três dias para poder a água sair”, disse.

Adsson também citou que a água sobe ainda mais na faixa próxima ao Morro do Careca por ser uma área mais baixa. “As ondas vinham lá e jogavam a água pra cá [próximo ao meio da praia]. Dificultou muito, principalmente quando tinha algumas mesas aqui, guarda-sol, tinha que sair porque o que tinha na frente a força da onda saia derrubando”, completou.

No entanto, sobre os aspectos de movimentação de pessoas na praia, Adsson argumentou que houve um aumento de pessoas, principalmente com a possibilidade de visitação em diversos horários do dia. “Para mim, o movimento da praia aumentou um pouco mais, porque antes não tinha areia na praia, o movimento era em horários limitados. Estamos em fase de adaptação, mas vai normalizar”, falou.

Por outro lado, a comerciante Maria Aparecida dos Santos disse que o movimento na praia de Ponta Negra diminuiu, o que ocasionou a queda nas vendas. Ela destacou, porém, a dificuldade em levar o carrinho para todas as áreas da praia, o que fazia antes da obra da engorda e antes dos acúmulos de água na areia. “Ano passado era melhor porque eu conseguia andar na orla inteira”, afirmou.

“Depois da engorda está um pouco complicado, a gente não está conseguindo andar toda a praia, a areia está muito fofa ainda e o carro vai atolando e ficando muito pesado. Essas pedrinhas também dificultam. Também, nesse período que o mar está cheio a água veio pra cá para cima, dificulta também porque a gente tem que ficar aqui. A gente não consegue andar de jeito nenhum”, concluiu Maria Aparecida.

Os turistas, no entanto, não se preocuparam com o acúmulo de água na areia como os comerciantes. Adriana Silva, de Macaíba, não sentiu uma grande diferença com a água, mas reclamou da aparência e do aspecto da areia da praia. “Faz quase um ano que não venho à praia, acho que o mar ficou muito distante e o aspecto da areia, não está parecendo aquela areia branquinha que estava antes, está parecendo para uma areia de maré”, opinou.

“A praia era totalmente diferente, estou achando estranho”, disse e mencionou que outras praias da capital, como a Praia do Forte, Praia do Meio, Redinha, estão com o aspecto melhor que Ponta Negra.
O turista de Minas Gerais João Carlos, no entanto, gostou da mudança em um dos principais cartões postais de Natal e defendeu que a obra melhorou a faixa de areia. “Achei boa a mudança, aumentou a praia, ficou mais bonito. Aqui em Ponta Negra a maior mudança foi essa das ondas mais fortes e as pedras que não tinham antes, mas em geral, está de parabéns”, relatou.

Recentemente, a engorda de Ponta Negra ficou alagada em diversas situações de chuva forte na capital potiguar.

Semurb informa que fenômeno é esperado pelo menos oito vezes ao ano

Procurada pelo AGORA RN, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo (Semurb), por meio do secretário Thiago Mesquita, informou que o fenômeno é “completamente normal” e que é esperado que ocorra pelo menos oito vezes ao ano. “O que aconteceu faz parte, inclusive, da adaptação do aterro, que vai diminuindo a berma (área mais alta), o talude (barreira de descida da areia) de 3.05m, que consequentemente vai suavizar o banho”, disse.

“Da mesma forma que ocorre na formação das lâminas d’água com chuvas, no espraiamento também irá ocorrer essa retenção nas marés altas. Vamos nos lembrar que no talude, a cota é mais alta (crista) e represa a água, que será infiltrada normalmente. Além disso, a cota longitudinal, no fim da engorda, é mais baixa”, informou o secretário.

Ele também citou que a engorda é mais alta no sentido norte, ou seja, sentido da Via Costeira, com um ponto mais baixo por volta do Morro do Careca. “Por ser o ponto mais baixo, aquela área está com água. Se não tivesse a engorda, teríamos um grande desastre em Ponta Negra. A engorda cumpriu perfeitamente o seu papel, evitando a erosão contra a linha de Costa”, acrescentou.

Segundo ele, dados da Marinha do Brasil indicam que as ondas na região chegaram a 2,3 metros nos horários de pico. “Além disso, o coeficiente de marés atingiu 114, classificação considerada muito alta, o que favorece a formação de grandes ondas e correntezas intensas. As previsões da Marinha indicam que as condições adversas do mar devem persistir até hoje, segunda-feira 31”, concluiu.l

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