Patrimônio cultural de Foz do Iguaçu além de prédios antigos

Edificações do patrimônio cultural de Foz do Iguaçu requerem proteção e promoção para que o morador conheça e se reconheça como pertencente a uma mesma comunidade, integrado à cronologia do tempo dos que vieram antes e que se vincula ao presente. É cidadania. E alguns bens estão em ruínas, à espera de ação prática pelo poder público.
História e memória coletivas, porém, incluem referências que vão além dos prédios antigos. Série especial do H2FOZ pelos 60 anos da Ponte Internacional da Amizade garimpou o passado, trouxe a limpo reminiscências e deu voz a “invisíveis”, cidadãos que ajudam a construir a cidade diariamente, mas que são esquecidos nos atos e feitos solenes. Não são fazedores nem parte da história para o recorte oficial.
Personagens, acontecimentos e registros que envolvem a ponte são exemplos da riqueza e da abrangência do patrimônio cultural iguaçuense, para serem registrados, preservados e difundidos por meio de políticas públicas. Topógrafo da obra, um exemplo, seu Joaquim Pereira, de 92 anos, daria uma aula sobre e de amor a Foz do Iguaçu a não poucos ocupantes de cargos públicos.
Patrimônio, pois, abarca referências materiais e imateriais, como fazeres, práticas e vivências: o que dá sentido de coletividade. Como consultar o acervo fotográfico que testemunha os primeiros anos que sucederam a Vila Iguassú? Onde é possível conhecer o desencadear de acontecimentos pela passagem de Santos Dumont ou Luiz Carlos Prestes na fronteira, saber do voo inaugural do “Pássaro Vermelho” ou revistar as obrages e seus mensús? Ou então fazer uma imersão sobre as histórias recolhidas de pioneiros ou de moradores de diferentes épocas?
Mais um exemplo: é suficiente reconhecer como bem tombado um colégio que formou e inseriu na educação formal gerações de moradores, mas que teve o nome histórico alterado arbitrariamente por decreto, sem aval da comunidade? O Colégio Bartolomeu Mitre é parte de Foz do Iguaçu e precisa ser restituído integralmente.
A Lei n.º 4.470/2016 trata da proteção do patrimônio cultural, histórico, artístico e ambiental da cidade. A normativa estabelece dois instrumentos, o tombamento de edificações e o inventário para o reconhecimento de manifestações intangíveis e de domínio público, lugares, expressões artísticas, feiras e mercados.d
Parte das respostas às indagações anteriores poderá ser respondida com acervos, coleções, casas de memórias, museus e projetos para desesconder e visibilizar o patrimônio cultural Foz do Iguaçu em sua diversidade. A outra frente requer um plano patrimonial, que transpasse o currículo escolar, alcance universidades e chegue a comunidades.
A cidade conta com iniciativas de pessoas, grupos e associações em prol do patrimônio de Foz do Iguaçu – história, memória e referências constitutivas de uma cidade múltipla – , reveladoras que a produção humana e o tempo não são uma sucessão harmônica, mas enceram conflitos e contradições. São merecedoras de reconhecimento e apoio. Elas evidenciam o vazio da ação governamental em uma área onde há muito a ser feito.

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