As lições do caso do passaporte de Eduardo Bolsonaro

Jornalista Felipe Moura Brasil:

“A esquerda com frequência apresenta notícia-crime contra rivais eleitorais, pedindo medidas drásticas, como fizeram, por exemplo, PDT, PSB e PV ao solicitar a apreensão de celulares de Jair e Carlos Bolsonaro em 2020, e o PT, ao fazer o mesmo em relação ao passaporte de Eduardo Bolsonaro, em 2025.

O encaminhamento desses pedidos por qualquer ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) à Procuradoria-Geral da República (PGR), para que o órgão se manifeste oficialmente a respeito, é mero trâmite burocrático, diante do qual, no entanto, o bolsonarismo tem ataques de pelanca, pelo pavor de que sejam atendidos.

O pedido de 2020 ao então ministro Celso de Mello era relacionado à apuração de interferência do então presidente Jair Bolsonaro na Polícia Federal, sobre a qual já havia inquérito aberto. O pedido de 2025 a Alexandre de Moraes era relacionado à articulação no exterior contra o Poder Judiciário brasileiro, feita igualmente pelo lulismo quando a Lava Jato atingia Lula.

Assim como o general Augusto Heleno, então ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República, reagiu ao primeiro caso aventando ‘consequências imprevisíveis para a estabilidade nacional’ (mesmo com Augusto Aras, indicado por Jair Bolsonaro, no comando da PGR à época), a família Bolsonaro usou o segundo caso para reforçar a justificativa da nova temporada de Eduardo nos Estados Unidos, onde, na verdade, o ex-fritador de hambúrgueres vai articular formas de evitar a prisão do pai, cujo julgamento no Supremo se inicia na terça-feira, 25 de março.

Depois de manifestação contrária da PGR e confirmação do arquivamento no STF, os velhos e novos porta-vozes do bolsonarismo alegam que os pedidos só não foram aceitos por causa das fortes reações bolsonaristas, que teriam emparedado a ditadura da toga; como se PGR e STF precisassem de medidas extras contra uma família que se enrolou na própria cordae está prestes a ver o ex-presidente no banco dos réus por tentativa de golpe de Estado.

Com pedidos exagerados e oportunistas, claro, os partidos da esquerda brasileira ajudam o bolsonarismo a explorar sua narrativa de alvo de perseguição política e ditatorial — narrativa turbinada, dessa vez, com a demora da equipe do procurador-geral Paulo Gonet em emitir parecer sobre o passaporte de Eduardo.

Com reações histéricas, autoexílio e choro, porém, o bolsonarismo escancara sua covardia.”

 
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