Dívida do Tupi beira os R$ 23 milhões; saiba quem são os credores

SEDE TUPI F.C. FELIPE COURI 1 editada

O ano do Tupi já começou fora de campo, apesar de o clube só entrar nos gramados em agosto, quando disputa a Segunda Divisão do Campeonato Mineiro. E os primeiros passos da temporada dão esperança aos torcedores. A recuperação judicial teve a aprovação inicial da Justiça e ainda será avaliada pelos credores que irão dar a palavra final sobre a viabilidade do processo, visto como essencial para a transformação do clube em Sociedade Anônima do Futebol (SAF). Assim, o Galo Carijó vive a expectativa de se tornar SAF, com a empresa Magnitude Investimentos perto de se tornar a compradora.

Para entender mais sobre os principais desafios em 2025 e nos próximos anos, a Tribuna inicia uma série de matérias sobre o Alvinegro de Santa Terezinha. A reportagem teve acesso documentos que detalham todos os credores da agremiação – em um valor que chega a quase R$23 milhões -, além de balanços financeiros dos últimos anos e um pedido de falência por parte de uma empresa que não teria recebido mais de R$ 2 milhões pelos serviços prestados ao Tupi.

A reportagem procurou a assessoria do Galo Carijó e fez uma série de questionamentos sobre o perfil da dívida do clube, o histórico financeiro recente conturbado do alvinegro e sobre o pedido de falência por parte de um dos credores. A resposta veio por meio de nota, na qual o Tupi diz que, ao longo da história, “acumulou um elevado passivo, especialmente relacionado à atividade do futebol, fato que se agrava a cada ano, com os custos crescendo sem a correspondente geração de retorno. Nesse contexto, a adoção da recuperação judicial se mostra como uma estratégia indispensável para restaurar a saúde financeira e assegurar que os compromissos assumidos ao longo dos anos sejam honrados”. O texto completo está ao final da matéria.

Os credores do Tupi

De acordo com os documentos que tramitam juntamente com a recuperação judicial do clube, o Tupi tem a sua maior dívida com a União Federal, em valor que representa mais da metade do total que o alvinegro deve: R$13.723.909,62. Ainda no âmbito fiscal, há a pendência de R$3.300.719,63 com a Fazenda Nacional, R$1.289.046,33 com o Município de Juiz de Fora e R$3.462,57 com o Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais.

Nas relações de emprego – categoria que inclui dívidas reclamadas na Justiça com jogadores, diretores e funcionários -, o montante total é de R$3.706.399,47. Nesse valor, está incluído os R$ 2.213.526,42 devidos ao Ministério Público do Trabalho. Quanto a processos movidos por pessoas físicas, o maior valor é de Patrick Ritter, goleiro que fez apenas um jogo pelo time em 2023 e cobra mais de R$ 186 mil do Galo Carijó. Outra dívida expressiva – de mais de R$105 mil – é de Cyro Leaes, técnico contratado em 2024, antes do início do Módulo II do Mineiro, mas que não chegou a estrear e foi desligado dias depois de ter sido apresentado.

Na “relação contratual de quirografários”, outra categoria de credores que terão direito a participar da assembleia que vai julgar a recuperação do alvinegro, a dívida total é de R$3.934.681,08. Ainda há R$ 7.662,14 a serem pagos para microempresas. Somando todos esses valores, o total da dívida chega a R$22.965.881,84.

No contato com o Galo Carijó, a Tribuna questionou o clube sobre a dívida e sobre como os valores serão acertados com os credores. Em nota, o alvinegro destacou a recuperação judicial como caminho para o pagamento. “A intenção de nossa gestão nunca foi prejudicar nenhum credor, principalmente aqueles que sempre acreditaram e depositaram confiança em nossa instituição. Ao contrário, este processo visa assegurar que os compromissos assumidos possam ser honrados e que o Tupi possa emergir desta fase com renovada força e capacidade de proporcionar momentos inesquecíveis aos seus torcedores”.

Confira todos os credores do Tupi

Dívida Tributária

  • Fazenda Nacional: R$ 3.300.719,63
  • Município de Juiz de Fora: R$ 1.289.046,33
  • Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais: R$ 3.462,57
  • União Federal: R$ 13.723.909,62

Relação de emprego

Ademilson Correa – R$ 96.349,55
André Alexandre Lima – R$ 1.207,87
Creso Heleno Cordeiro – R$ 7.468,53
Cyro Garcia Soares Leães – R$ 105.309,26
Daniel Felipe dos Reis – R$ 10.006,40
Daniel Moraes Reis – R$ 38.792,85
Eberson Silva de Pontes – R$ 22.805,25
Edsel Abreu Beuttemmuller – R$ 24.598,08
Elder David de Jesus – R$ 10.924,04
Fábio Henrique Luiz – R$ 67.534,02
Filipe da Silva Alves – R$ 4.179,44
Glaysson Rodrigues – R$ 3.687,61
Guilherme Stroppa – R$ 15.592,00
Gustavo Prata – R$ 2.857,42
Helim Pereira – R$ 60.068,33
Hugo Imbelloni – R$ 73.947,70
João Marcos Silva – R$ 24.248,72
Jocivaldo Soares – R$ 14.387,89
Jonathan de Almeida Pereira – R$ 66.783,20
Juan Evangelidsa – R$ 40.286,64
Leandro Silva – R$ 21.581,55
Lucas Straub – R$ 20.131,12
Márcio Amaral Júnior – R$ 7.440,26
Marco Antônio Dias – R$ 32.482,82
Matheus Reis dos Santos – R$ 8.967,84
Ministério Público do Trabalho – R$ 2.213.526,42
Nicanor Pires Ataide – R$ 128.810,76
Patrick Ritter – R$ 186.126,58
Paulo Roberto Júnior – R$ 113.676,20
Rafael Santos – R$ 32.341,48
Rafael Maximiniano Ramos – R$ 61.043,28
Raimundo Lázaro de Jesus – R$ 9.944,45
Roberto Júnior – R$ 24.769,68
Romário da Silva – R$ 3.962,29
Tiago Longo Balthazar – R$ 21.067,24
Vinicius Kiss – R$ 46.823,70
Vinicius Leonel – R$ 968,53
Walker Campos – R$ 65.102,40
Wesley Claudio Campos – R$ 16.598,07
Total: R$ 3.706.399,47

Relação contratual – Quirografários

ABC Atacado Brasileiro de Construção – R$ 15.233,63
ACTS do Brasil Ltda – R$ 2.153.319,86
Bruno Teutschbein – R$ 993.105,35
Cemig Distribuição S.A – R$ 5.203,48
Clube Atlético Mineiro – R$ 23.320,82
Companhia do Saneamento Municipal – R$ 462.697,38
Elenco Gestão Esportiva e Apoio Ltda – R$ 210.000
Jarbas Raphael da Cruz – R$ 26.623,50
Marcelo Fidelis de Almeida – R$ 50
Master Vida Laboratório de Análises – R$ 10.141,70
Master Vida Laboratório de Análises – R$ 12.074,03
Master Vida Laboratório de Análises – R$ 6.734,83
Paulo Sérgio Moreira Gomes – R$ 13.604,04
Rafesta Serviços e Festas Ltda – R$ 1.038,63
Rezende Roriz Incorporações e Construções e Ltda – líquido
Rosineide Gabriel Alves – R$ 1.371,65
Solar Comunicações S.A – R$ 162,18
Total: R$ 3.934.681,08

Relação contratual – Microempresa

Clube de Permuta Juiz de Fora Ltda – R$ 499,98
Laboratório de Análises Pesquisas Clínicas Dr. Benedito Pereira Faria – R$ 7.122,16
Total: R$ 7.662,14

Veja a nota divulgada pelo Tupi

“A Diretoria do Tupi Foot Ball Club vem, por meio deste comunicado, esclarecer à imprensa, aos torcedores, credores e demais parceiros que, após uma longa e criteriosa análise de sua situação financeira, optou por ingressar com pedido de recuperação judicial.

Esta medida, embora difícil, foi a única forma viável encontrada para que o clube possa equacionar o seu passivo, manter-se ativo e buscar a sustentabilidade de suas atividades, preservando a rica e centenária história que sempre orgulhou nossa torcida.

Ao longo de nossa trajetória, o clube acumulou um elevado passivo, especialmente relacionado à atividade do futebol, fato que se agrava a cada ano, com os custos crescendo sem a correspondente geração de retorno. Nesse contexto, a adoção da recuperação judicial se mostra como uma estratégia indispensável para restaurar a saúde financeira e assegurar que os compromissos assumidos ao longo dos anos sejam honrados.

Cientes de que, naturalmente, alguns credores possam manifestar reservas, considerando seus próprios interesses, reiteramos que esta decisão foi tomada unicamente com o objetivo de preservar a continuidade do clube. A intenção de nossa gestão nunca foi prejudicar nenhum credor, principalmente aqueles que sempre acreditaram e depositaram confiança em nossa instituição. Ao contrário, este processo visa assegurar que os compromissos assumidos possam ser honrados e que o Tupi possa emergir desta fase com renovada força e capacidade de proporcionar momentos inesquecíveis aos seus torcedores.

O processo é transparente e devidamente acompanhado não apenas pelos credores, mas também pelo Administrador Judicial e, claro, pelo Poder Judiciário. Quer-se com isso dizer que o foro adequado para as discussões, respeitados os termos e os limites legais, é o processo, de modo que pretensões enviesadas e/ou que extravasam o âmbito de uma RJ acabam por politizar um assunto que, ao fim e ao cabo, é econômico e jurídico.

A atual administração está firmemente comprometida não somente com o sucesso da recuperação judicial, mas também com o soerguimento integral do clube. Nosso objetivo é garantir que, mesmo diante dos desafios atuais, a essência e a paixão que movem nossa história continuem vivas, e que possamos, juntos, construir um futuro sólido e promissor para o futebol e para toda a nossa comunidade.

Contamos com a compreensão e o apoio de todos os envolvidos neste momento desafiador, certos de que, por meio da recuperação, construiremos juntos um futuro promissor para o Tupi”.

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*Sob supervisão do editor Gabriel Silva

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