Policial pula em cima da barriga de homem que já havia sido baleado 4 vezes em SP

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via blog do Josmar Jozino

A Polícia Militar pediu a prisão preventiva do soldado Emanuel Jefferson Marinho da Silva, 41, acusado de pular com os pés na barriga de Rafael Fernando Tavares do Nascimento de Souza, 38, quando ele já estava caído e ferido em um córrego. O homem foi baleado quatro vezes por PMs durante perseguição.

Rafael não resistiu aos ferimentos. Silva e os soldados Willian Ferreira Duarte, 31, Luccas Elias de Andrade, 37, e o sargento Jefferson Tetsuo Uchida, 46, são investigados por homicídio, tortura, constrangimento ilegal, abandono de pessoa e descumprimento de missão.

A morte de Rafael aconteceu em 28 de novembro de 2024, na rua Romão Elói Casado, bairro do Lajeado, zona leste paulistana. O caso só se tornou público agora, com a divulgação das imagens das câmeras corporais dos policiais militares envolvidos na ocorrência.

As imagens mostram Rafael dirigindo uma viatura furtada e sendo perseguido por uma guarnição da Polícia Militar. Ele acessou uma rua sem saída, desembarcou do carro, entrou no córrego e tentou correr. Mas os soldados Duarte e Andrade atiraram várias vezes.

Os disparos atingiram o abdômen, a coxa esquerda, o flanco esquerdo e a perna direita de Rafael. Ele ficou caído, encostado a um barranco no córrego. O soldado Jefferson Silva se aproxima e pula na barriga dele, que apresentava sangramento devido ao ferimento causado pela arma de fogo.

A vítima, depois, foi arrastada até a margem do córrego, carregada e encostada na parede externa de uma casa. A janela da residência é fechada por um PM. Os militares chamam Rafael de ladrão e xingam ele de trouxa. Ele pede desculpas, mas um dos militares não aceita.

Uma unidade de resgate foi chamada e Rafael levado ao Hospital Tide Setúbal, mas não resistiu aos ferimentos e morreu. Um médico conversou com a mãe dele, Maria das Graças Tavares, e explicou que corpo do filho apresentava ao menos dez perfurações provocadas pelos tiros. A mulher se desesperou.

Segundo Maria Teresa, o filho era dependente químico, tomava remédios controlados, fazia tratamento psiquiátrico e nunca andou armado. Ela diz ainda que internou Rafael várias vezes e que os PMs poderiam tê-lo prendido, em vez de matá-lo.

O PM Jefferson Silva alega que foi atender a uma ocorrência de roubo de moto e, enquanto conversava com as vítimas, Rafael “sorrateiramente” entrou na viatura e fugiu em direção à rua Capitão Pucci, sentido bairro do Lajeado Velho.

Silva disse ainda que pediu apoio ao Copom (Centro de Operações da Polícia Militar) e que os colegas de farda avistaram a viatura furtada e a perseguiram. O soldado acrescentou que Rafael entrou na rua sem saída e desembarcou com a mão na cintura, como se estivesse protegendo algo.

O PM afirmou que ouviu vários disparos, mas não sabe de onde partiram os tiros e que, ao chegar ao beco, viu Rafael, entrou no córrego, se desequilibrou e caiu. Silva alega ainda que achou que o homem tinha sido baleado apenas na perna e, por isso, o puxou para a margem.

Corporação aponta irregularidades

A Polícia Militar informou por meio de nota que identificou irregularidades e descumprimento de procedimento operacional e pediu a prisão preventiva do policial, encaminhada ao Tribunal de Justiça Militar.

A nota diz que todas as circunstâncias do caso são investigadas, sob sigilo, pelo DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa). A PM informou que, paralelamente, os fatos foram apurados por meio de um IPM (Inquérito Policial Militar).

O advogado Antônio Edio, que defende a família de Rafael, disse que ele não estava armado e que a versão dos PMs não procede. Na versão dele, os militares inventaram tudo para justificar o abandono da viatura ligada com a chave no contato.

“Nada do que eles falaram no B.O. [boletim de ocorrência] é verdade. Não existiu ocorrência de roubo”, argumentou Antônio Edio. O criminalista disse que vai lutar na Justiça comum e na Justiça Militar para que os quatro PMs sejam presos, julgados e punidos com o rigor da lei.

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