8 de março: Mulheres ocupam Redinha em luta contra violência e golpistas

Com batucada, bandeiras, estandartes e disposição de luta, as mulheres tomaram as ruas da Redinha, na Zona Norte de Natal, no ato pelo Dia Internacional da mulher, celebrado na manhã deste sábado (8).

O ato se concentrou às 8h30 no Caju da Redinha, com falas a partir das 9h, segundo a programação. Depois, houve cortejo das batucadas feministas em direção ao Mercado da Redinha e apresentação do batuque de mulheres do GAMI (Grupo Afirmativo de Mulheres Independentes) em roda, já no Mercado. Ao todo, 50 mulheres de diferentes organizações tiveram direito à discursar.

A manifestação também promoveu uma esquete teatral em homenagem a Olga Benário e Marielle Franco, realizada pela Central dos Movimentos Populares (CMP) e Movimento de Luta por Moradia Popular (MLMP).

Por último, houve uma roda de mulheres da capoeira com o grupo Capoeira Brasil, Batucaxé Kilombo N’ganga e Herança Zumbi, e em seguida a finalização do ato.

Dentre as participantes, o ato contou com a presença de parlamentares como as vereadores Samanda Alves e Brisa Bracchi, da deputada estadual Divaneide Basílio e da deputada federal Natália Bonavides, todas do PT. Isolda Dantas, deputada estadual, participou do ato em Mossoró.

A coordenação coletiva do ato do 8 de março, formada pela Frente Brasil Popular, centrais sindicais, movimentos de mulheres, movimentos sociais, movimentos feministas e partidos e mandatos de esquerda, comunicou que o 8 de março na Redinha foi um momento importante para reafirmar a luta por uma cidade para as mulheres e todas as pessoas. 

“A Zona Norte de Natal e a praia da Redinha ocupadas por nós mulheres é um ato de resistência e apoio às mulheres e famílias que lutam por trabalho e por acesso ao mercado da Redinha. Queremos trabalho justo, pelo fim da escala 6×1, pelo direito ao aborto legal, pelo fim das violências, contra o fascismo e contra a anistia”, comunicou a organização.

Foto: Concita Alves/CUT-RN

A manifestação ainda reuniu lideranças estudantis, como a diretora de mulheres da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES), Maria Demétrio. 

“Ocupamos a Redinha para deixar claro que não arredaremos o pé de garantir uma divisão justa do trabalho do cuidado, não somente com os homens, mas com o Estado! Estivemos nas ruas para reafirmar o nosso compromisso na luta contra a escala 6×1, garantia de aborto legal e seguro e pelo fim das violências. Para nós, a luta contra todo e qualquer tipo de golpe é central, não daremos sossego a Bolsonaro e seus capangas”, disse.

Enquanto diretora da UBES e militante da Marcha Mundial das Mulheres, Demétrio frisou que as mulheres que derrotaram Bolsonaro nas urnas só vão sossegar quando ele e outros golpistas foram presos.

“O capital não pode mais controlar nossos corpos, e nesse cenário de fortalecimento do neoliberalismo mundialmente, precisamos estar organizadas, organizar a luta de nós para nós mesmas”.

Foto: Concita Alves/CUT-RN

Para Kivia Moreira, do Movimento de Mulheres Olga Benário, o ato serviu para denunciar as situações de violências às quais as mulheres são expostas. 

“Hoje no Brasil, a cada dia, quatro mulheres morrem por serem mulheres, que é o feminicídio. Então essa é uma realidade que existe no Brasil inteiro e que é necessário, portanto, que os movimentos, as centrais sindicais, as entidades, façam essa mobilização, porque são as mulheres que são as principais no processo de vanguarda do trabalho no nosso país, de cuidado das crianças, mas que são mais renegadas por justamente terem falta de direitos, serem ameaçadas de direitos sobre a questão da própria legalização do aborto, sobre a questão da escala 6×1, que é uma escala de escravização das mulheres, a falta de creches”, elencou.

Moreira também fez críticas contra a fome e a carestia do preço dos alimentos, afirmando que prejudica especialmente a vida das mulheres, e criticou a não punição ao ex-presidente Jair Bolsonaro e seus generais até o momento.

“Apesar de terem provas concretas que ele foi o mandante da tentativa de assassinato do atual presidente e do presidente do STF, tentaram um golpe militar em nosso país, ainda estão impunes. E isso traz alusão também à ditadura de 1964, porque os torturadores da época também não foram punidos”, afirmou.

“A luta sem anistia contra o Bolsonaro, sem anistia aos golpistas, também é uma luta das mulheres”, salientou, lembrando das mulheres que foram assassinadas pela ditadura, como a potiguar Anatália de Souza Melo Alves.

O Comitê Estadual de Mortos e Desparecidos da ditadura militar também participou da manifestação, levando cartazes em homenagem às mães, filhas e netas das vítimas do regime de exceção no país.

Em sua fala, Samanda Alves saudou as mulheres presentes e lembrou o protagonismo feminino no Rio Grande do Norte, terra de Celina Guimarães, a primeira mulher a ter direito a voto, de Alzira Soriano, a primeira prefeita da América Latina, da escritora e poetisa Nísia Floresta, e lembrou de Fátima Bezerra, primeira mulher governadora de origem popular do RN.

Foto: Concita Alves/CUT-RN

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