O trânsito na cidade

editorial

O relatório de multas de trânsito na cidade encaminhado à Câmara é emblemático ao apontar que o excesso de velocidade detectado pelos radares é o principal fator. A cidade tem um expressivo número de equipamentos, o que abre a velha e surrada discussão sobre a indústria da multa. Trata-se de um equívoco, pois o radar apenas registra os casos em que o motorista passa além dos limites previstos e assinalados em placas. Daí, a sinalização apontando para a existência dos equipamentos torna-se essencial.

O debate sobre a segurança nas estradas e nas vias urbanas tem um ponto comum: a necessidade de campanhas de conscientização tanto de motoristas e motociclistas quanto de pedestres A imprudência se manifesta em diversas formas, ora pelo excesso de velocidade e transgressão das regras, ora pela ausência de observação, com travessias em áreas impróprias.

Esse somatório de detalhes acaba se manifestando nas estatísticas. Os idosos são as principais vítimas de atropelamento, o que abre outra questão: não observam as faixas, mas, por outro lado, vivem o drama do tempo dos semáforos. Em alguns casos, uma pessoa com dificuldade de locomoção sistematicamente se vê às voltas com o risco de retomada do trânsito de veículos sem que ela tenha cumprido o percurso.

A reportagem de Hugo Netto, publicada na edição dessa terça-feira, destaca também o papel dos agentes de trânsito. São fatores fundamentais na segurança do trânsito, uma vez que, além da fiscalização, também orientam os usuários. O advogado Daniel Ladeira Lage, da Comissão de Direito de Trânsito da OAB, observa, porém, que, a despeito do viés pedagógico, a ação dos guardas também desperta críticas ante a forma como é exercida em algumas situações.

Em Juiz de Fora, a entrada e saída de alunos das escolas é um fator de comprometimento do trânsito, especialmente na área central da cidade. Estacionar em mão dupla é passível de multa, mas como resolver esse problema de forma razoável? Os agentes cumprem a lei, os usuários, as suas necessidades.

Taxistas e motoristas de aplicativos vivem situação semelhante, especialmente na Avenida Rio Branco. A Prefeitura criou uma baia em frente ao Parque Halfeld para embarque e desembarque, mas ela é insuficiente ante a grande demanda de pessoas em busca de consultórios e clínicas na região. Ao fim, e ao cabo, há necessidade de razoabilidade de ambos os lados para se encontrar uma saída capaz de atender o que exige a lei e o que é necessário para cumprir esse fluxo.

Os radares, que geram o maior número de multas, são uma necessidade, embora os limites de velocidade sejam discutíveis não apenas na área urbana, mas também nas rodovias. Em Ewbank da Câmara, a 30 quilômetros de Juiz de Fora, existem dois equipamentos com velocidade limite de 30km/h, na BR-040, que, a despeito de sua importância – a região registrava um expressivo número de acidentes -, são motivo de preocupação ante a parada brusca. O motorista de automóvel sempre se preocupa com o veículo que vem atrás, especialmente quando se trata de caminhões de grande porte.

O radar, no entanto, é importante. O Governo de Minas Gerais anunciou a instalação de novos equipamentos das rodovias estaduais como forma de reduzir os acidentes. A iniciativa procede, mas as condições das rodovias também deveriam ser levadas em conta. No entorno de Juiz de Fora, tanto as estradas federais quanto as estaduais carecem de investimentos. Em suma, todos têm sua parcela de responsabilidade.

 

 

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