Presidente do PT diz que partido delegou a Fátima definição do candidato em 2026

O presidente do PT do Rio Grande do Norte, Júnior Souto, afirmou que o partido ainda não deliberou formalmente sobre sua tática para as eleições de 2026, mas já delegou, em decisão unânime do Diretório Estadual, a coordenação do processo à governadora Fátima Bezerra.

O dirigente partidário avaliou que a apresentação do nome do secretário estadual da Fazenda, Carlos Eduardo Xavier, como candidato a governador é “absolutamente pertinente”.

“Dados os entendimentos que já começam a ficar claros na sociedade sobre a sucessão no campo da aliança que nós estamos liderando, a apresentação do nome de Cadu é absolutamente pertinente, porque que nós temos que construir uma alternativa para a 2026”, comentou.

Em entrevista à Agência Saiba Mais, Cadu, como é conhecido o secretário, confirmou que seria candidato a governador pelo PT. A desistência do vice-governador Walter Alves (MDB), que assumirá o Governo do Estado em abril de 2026, quando a governadora deixar o cargo para disputar uma das duas vagas para o Senado Federal, abriu caminho para que o secretário assuma a cabeça da chapa governista.

Walter Alves também confirmou que assumirá o governo, mas não será candidato à reeleição. Ele assegurou, ainda, que apoiará a candidatura de Cadu em 2026.

Em entrevistas anteriores à imprensa, o vice-governador declarou que sua aliança com o presidente da Assembleia Legislativa do RN (ALRN), Ezequiel Ferreira (PSDB), também estava mantida, sinalizando que o deputado estadual também deverá apoiar o nome de Cadu à sucessão da governadora Fátima Bezerra.

Depois da filiação do senador Styvenson Valentim ao PSDB, Ezequiel deverá trocar a legenda tucana pelo MDB. A ideia é que o presidente da ALRN assuma a presidência do partido no RN, atualmente sob o controle de Walter Alves.

Alinhamento com Walter e Ezequiel

Diante da confirmação da desistência do vice-governador de disputar a reeleição, Júnior Souto avalia que “não haveria sentido algum não sinalizar uma posição para a sociedade”.

“Nós estamos sinalizando corretamente, em um ambiente de alinhamento com o vice-governador, com o MDB e com o presidente da Assembleia Legislativa, Ezequiel Ferreira”, comentou, destacando a importância do entendimento com Walter e Ezequiel.

A respeito das críticas do ex-senador e ex-presidente da Petrobras, Jean paul Prates, sobre a forma como se deu a escolha de Cadu, o presidente estadual do PT ressaltou que “as nossas eventuais divergências importam que sejam tratadas em um ambiente partidário, como um assunto interno, dada a gravidade da conjuntura dos problemas que estão apontados para a 2026”.

Vinda de Lula será “start” da recuperação do governo

Júnior Souto também se disse otimista em relação à recuperação da avaliação do governo Fátima Bezerra. Na avaliação dele, o “start” desse processo será a vinda do presidente Lula ao RN, no dia 16 de março, para a inauguração da obra da Barragem de Oiticica, no município de Jucurutu.

“A partir deste período de março em diante, nós iniciaremos um processo de ascensão. A nossa expectativa é que a vinda de Lula, brevemente, para a inauguração de uma obra importantíssima e estruturante para o RN, para a necessidade do povo, para o desenvolvimento econômico em determinadas medidas, isso vai ser um ponto de partida, um start para esse movimento”, analisou.

Para Júnior Souto, a recuperação do governo, na verdade, já se iniciou com o programa de recuperação das rodoviais estaduais. Em 2024, 800 km de estradas foram recuperadas em todas as regiões do Rio Grande do Norte. A governadora Fátima Bezerra já anunciou a recuperação de mais 700 km em 2025.

“Essa recuperação da malha viária, a conexão do Eixo Norte do São Francisco [Ramal do Apodi], o anunciado início do processo de construção do hospital da Região Metropolitana de Natal, a expectativa de poder, brevemente, iniciar o processo de licitação da duplicação da BR-304, entre outras iniciativas que estão em andamento, nos deixam otimistas que vamos entrar nesse processo de recuperação”, refletiu.

Reaproximação com Zenaide

Júnior Souto disse que o PT “está disposto a fazer as flexões necessárias para disputar e ganhar as eleições de 2026” e que o partido fará isso “garantindo o lugar da governadora na chapa para o Senado Federal, que deverá ser composta nas negociações que vão se seguir”.

A respeito dessa composição da chapa para o Senado Federal, o presidente estadual do PT comentou que “existe um processo de retomada da comunicação, do diálogo entre a governadora e a senadora Zenaide Maia e com o prefeito de São Gonçalo, Jaime Calado, a despeito dos problemas que se acumularam com a disputa eleitoral que se realizou lá, mas há um processo de recuperação”.

Em 2024, Jaime disputou a eleição contra o ex-prefeito Eraldo Paiva (PT), em um processo que gerou desgaste na aliança entre Fátima e Zenaide. As rusgas da disputa eleitoral em São Gonçalo do Amarante levaram a senadora a não apoiar a candidatura da deputada federal Natália Bonavides (PT) no segundo turno em Natal.

Em que pese as divergências locais, Júnior Souto pontuou que Zenaide, de quem ele é suplente, “tem tido uma postura absolutamente de alinhamento conosco no projeto nacional”.

“Acho que as indefinições que nós não podíamos afastar para as eleições de 2026 podem ter sido o elemento explicativo para os movimentos que a senadora fez, buscando sobreviver politicamente, se estabelecer politicamente. Eu vi legitimidade nos movimentos que ela fez”, analisou, referindo-se à aproximação de Zenaide com o prefeito de Mossoró, Allyson Bezerra (União Brasil).

Passadas as disputas de 2024, quando “haviam pretensões que se chocavam”, o dirigente petista disse considerar que “essas conversas anunciam entendimentos sobre uma composição pacificada no ambiente do campo que nós estamos liderando na política estadual”.

Aproximação com Allyson Bezerra

Em relação a uma possível aproximação com Allyson Bezerra, também cotado para ser candidato a governador, Júnior Souto disse que, neste momento, “é preciso compor uma aliança para ganhar as eleições de 2026 e deslocar o bloco de ultra-direita, o bloco intensamente comprometido com a sobrevivência do projeto do bolsonarismo no Brasil”.

Ele ressaltou que o PT “não manifestou nenhuma disposição inicial de abrir diretamente conversas com o prefeito de Mossoró”, mas disse que o partido tem conhecimento “que no campo das alianças que estão estabelecidas, há conversas iniciadas”.

“É sabido que o vice-governador, o deputado Ezequiel Ferreira, presidente da Casa Legislativa, realizam conversas eventuais e nós não estamos diretamente tratando disso, mas estamos acompanhando essas conversas”, disse.

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