O que o relatório final da CPI das Apostas diz sobre Luiz Henrique

A Comissão Parlamentar de Investigação (CPI) da Manipulação de Jogos e Apostas Esportiva divulgou o relatório final nesta segunda-feira, 10. Três pessoas foram indiciadas, incluindo Bruno Tolentino Coelho, tio de Lucas Paquetá, meio-campista do West Ham e da seleção brasileira, cuja transferência via Pix no valor de R$ 30 mil a Luiz Henrique, ex-atacante do Botafogo, foi constatada nas averiguações. Em janeiro, Luiz Henrique foi negociado pelo Botafogo junto ao Zenit, da Rússia, por 35 milhões de euros (R$ 208 milhões na cotação atual). Ele foi o protagonista do clube carioca nas conquistas da Libertadores e do Brasileirão em 2024, ganhando espaço com o técnico Dorival Junior também na seleção brasileira. Na época em que defendia o Bétis, da Espanha, o atacante de 24 anos teve o nome citado em uma investigação da Associação de Futebol da Inglaterra (FA) sobre o possível envolvimento de Lucas Paquetá em um esquema de aposta.

Luiz Henrique, ex-Botafogo, em partida da seleção brasileira. Foto: Wilton Junior/Estadão

Segundo o relatório, Bruno Lopez de Moura, apontado como líder do esquema criminoso investigado pela Operação Penalidade Máxima, informou à CPI que recebeu com antecedência informação sobre a tomada de cartão por Luiz Henrique e Paquetá, nas partidas Bétis x Villarreal e West Ham x Aston Villa, respectivamente, e realizou apostas. Bruno Tolentino, tio de Paquetá, faria parte da lista de apostadores suspeitos. Por meio da quebra de sigilo bancário, a CPI identificou o pagamento de R$ 30 mil, em 6 de fevereiro de 2023, a Luiz Henrique após o jogador receber um amarelo suspeito em jogo na Espanha. Bruno Lopez descreveu a participação do atacante, assim como de Paquetá, em possível manipulação de evento esportivo em 12 de março de 2023. Um contato do suspeito, identificado como Marlon, também teria recebido a informação do cartão amarelo a Luiz Henrique. O relatório cita ainda o depoimento de Bruno Lopez ao Ministério Público durante as investigações da Operação Penalidade Máxima. Na ocasião, ele informou a mesma versão, afirmando que não teve contato com Luiz Henrique e soube que o atacante tomaria um cartão amarelo por meio de uma terceira pessoa, que também fora citada na investigação. Ao ser perguntado se Paquetá e Luiz Henrique estavam envolvidos em manipulação de apostas, Bruno Lopez reafirmou que chegaram os dois nomes para ele apostar, no início de 2023, e assim o fez, e que tais indicações não foram aleatórias. No entanto, por gostar de futebol, observou que o jogador Paquetá é penalizado com cartão reiteradamente até o momento da oitiva, o que não permite alegar uma intencionalidade. Ele afirmou ainda que suas apostas foram feitas de maneira casa, ou seja, apostando no cartão em ambos.1CPI das Apostas identifica pagamento de tio de Paquetá a Luiz Henrique e pede indiciamento de trêsO governo espanhol passou a investigar Luiz Henrique em 2023, após o Ministério Público de Goiás informar o caso às autoridades locais. Em outubro de 2024, a Justiça da Espanha abriu investigações para apurar o suposto envolvimento do atleta em esquema de manipulações de resultados. IndiciamentosAlém de Bruno Tolentino, cujas movimentações bancárias analisadas chegam a R$ 840 mil, foram indiciados Thiago Chambó e William Pereira Rogatto, que se denominou “rei do rebaixamento” e foi preso pela Interpol em novembro. Tanto Luiz Henrique quanto Lucas Paquetá não foram implicados no caso. Os três pedidos se enquadram nos artigos 199 e 200 da Lei Geral do Esporte (LGE), que versam sobre crimes contra resultados esportivos, junto ao 99 do Código Penal, que descreve o acúmulo de penas em caso de duas ou mais infrações. No caso de Chambó, ainda houve o enquadramento no artigo 200 do Código Penal, por desobedecer à ordem legal de funcionário público.O relatório da CPI propõe a alteração na Lei Geral do Esportes. Em relação ao artigo 199, é sugerido que a manipulação seja compreendida para além do resultado de partidas, incluindo também o recebimento deliberado de cartões, por exemplo. É sugerido ainda o aumento da pena de reclusão por fraude em competições, passando de dois até seis anos para de quatro até dez. Caso o acusado seja um atleta, foi recomendado também o encaminhamento ao Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) para suspensão ou banimento ao atleta.

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