Trump diz que os EUA estão comprometidos em “comprar e possuir” a Faixa de Gaza

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reiterou sua promessa de assumir a Faixa de Gaza após a guerra, durante sua viagem para assistir ao Super Bowl no domingo. Em uma declaração à imprensa, o republicano afirmou estar “comprometido em comprar e tomar posse” de Gaza, e sugeriu que outros países do Oriente Médio poderiam “ajudar a reconstruir partes” do território. Ele não detalhou de quem planeja comprar Gaza, nem como seria a administração americana da região.

Em relação à reconstrução, Trump afirmou: “Podemos permitir que outros países do Oriente Médio reconstruam parte [do enclave]. Outras pessoas podem fazer isso sob nossa supervisão. Mas estamos comprometidos em possuí-la, tomá-la e garantir que o Hamas não volte.” Ele acrescentou: “Não há para onde voltar. O lugar é um canteiro de demolição. O que restar será demolido. Mas vamos transformá-lo em um ótimo local para o desenvolvimento futuro de alguém.”

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Trump também afirmou que pessoas de todo o mundo poderiam se mudar para Gaza e prometeu “cuidar dos palestinos”. Ele repetiu a promessa de garantir que os atuais habitantes do enclave “vivam lindamente, em harmonia e paz, e que não sejam assassinados”. O presidente dos EUA ainda afirmou de forma imprecisa que os palestinos “não querem voltar para Gaza” e que só o fazem “porque não têm alternativa”.

Cerca de 70% dos habitantes de Gaza já são registrados como refugiados na ONU, muitos deles descendentes de palestinos deslocados em 1948, quando 700 mil palestinos foram expulsos ou forçados a fugir durante a criação do Estado de Israel. Eles foram impedidos de retornar aos seus lares no que hoje é o território israelense. Esse evento é chamado pelos árabes de Nakba (catástrofe em árabe), e gera o temor de reviver esse trauma coletivo.

Em resposta a essas declarações, Amir Karaja, palestino de Gaza, disse à CNN americana no início deste mês: “Estamos firmes aqui. Eu preferiria ‘comer os escombros’ a ser forçado a deixar o enclave. Esta é a nossa terra, e somos os donos legítimos e verdadeiros dela. Eu não serei deslocado. Nem Trump, nem mais ninguém pode nos arrancar de Gaza.”

Ainda no domingo, Trump reafirmou sua confiança de que poderia persuadir o Egito e a Jordânia a apoiar seu plano, apesar das recusas públicas anteriores desses países em aceitar refugiados de Gaza. O Egito tem reiterado que os palestinos não devem deixar o enclave, “especialmente devido ao seu apego à terra”. A Jordânia, por sua vez, destacou a necessidade de “rejeitar qualquer tentativa de anexação de terras”.

O rei da Jordânia, Abdullah II, está agendado para se encontrar com Trump em Washington na terça-feira. O presidente de Israel, Isaac Herzog, informou que o americano também manterá conversas com o presidente egípcio, Abdul Fattah al-Sisi, e com o príncipe herdeiro saudita, Mohammed bin Salman, nos próximos dias.

Netanyahu elogia plano

Em uma reunião de Gabinete em Jerusalém no domingo, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, elogiou novamente a proposta de Trump. Ele afirmou que, “durante todo um ano”, foi afirmado que, após o fim da guerra, a Organização para a Libertação da Palestina (OLP) e a Autoridade Nacional Palestina (ANP) precisariam estar na Faixa de Gaza, mas agora Trump apresentou “uma visão completamente diferente e muito melhor para Israel”.

“Uma visão revolucionária e criativa, que estamos discutindo. Ele está muito determinado em implementá-la. Isso também nos abre muitas possibilidades”, disse o primeiro-ministro.

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