Falta de informação sobre o Centro Histórico de Natal é tema de pesquisa na UFRN

Andar pelos bairros da Cidade Alta e Ribeira, em Natal, pode ser uma aula a céu aberto, mas só para quem conhece as histórias por trás dos prédios, ruas, becos e monumentos. A falta de informação, até mesmo nos locais de visitação, acabou chamando atenção de Luís Eduardo e virando pesquisa e tema de seu Trabalho de Conclusão do Curso (TCC) de Turismo na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

Foi durante os quase três anos que passou como mediador do Museu Clara Soares, que fica dentro do IHGRN (Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte), na Cidade Alta, que o estudante se deparou com essa lacuna em aberto.

A temática me chamou muita atenção devido ao meu período de atividade como colaborador no IHGRN – Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, onde constantemente me deparava com a realidade do desconhecimento da parte patrimonial pelos próprios moradores da cidade, e ao falar fatos e curiosidades eles sempre devolviam com uma reação de surpresa ou um singelo ‘Como eu moro aqui a tanto tempo e não sabia disso?’“, revela Eduardo.

Diante da situação, Luís Eduardo se juntou a um amigo e ajudou a desenvolver a página “O que é que Natal Tem”, onde eles contam um pouco da história do Rio Grande do Norte de um jeito mais descontraído.

Sempre via que essa acessibilidade à história dos patrimônios deveria ser mais simples e assim que Matheus Pereira (idealizador do projeto ‘O que é que Natal Tem’) me convidou para participar, vi ali uma ótima oportunidade daquela ideia que já estava surgindo e hoje seguimos com o projeto dando um bom retorno de alcance. Além de algumas oportunidades como participação/convites para eventos, palestras, aulas”, comemora.

https://www.instagram.com/p/DFsfvifx14i

Na página do “O Que é que Natal Tem”, os vídeos e fotos são sempre acompanhados de informações, como essa da Rua Dr Barata, na Ribeira:

📍Quem visualiza o final da Rua Doutor Barata não imagina (ou não lembra) que, nas proximidades, há dois prédios que marcaram época.

✅ Loja Paris em Natal: A loja Paris em Natal era uma das mais refinadas da cidade e ficava localizada em torno da Praça Augusto Severo, área que demonstrava a modernidade da capital para quem chegava de trem.

✅ Cine Polytheama: O Cine Polytheama foi o primeiro cinema, de fato, da cidade, inaugurado em 1911 na Praça Augusto Severo, na Ribeira. O cinema Polytheama foi o primeiro lugar em Natal a ter uma geladeira industrial e a produzir os primeiros “polis”, precursores do picolé.

Tanto a loja Paris em Natal quanto o Cine Polytheama eram pontos de referência na cidade, cada um contribuindo para o comércio e o lazer da população de Natal no início do século XX.

Os dados analisados por Eduardo na pesquisa desmentem algumas ideias, como a de que as pessoas não se interessam por história. Na verdade, elas se interessam e muito, tanto que a página segue numa crescente desde que as primeiras postagens começaram a ser feitas, com um desempenho ainda melhor quando há postagem de vídeos.

A falta de preservação de alguns patrimônios é um ponto que dificulta até atualmente a abordagem de alguns patrimônios, além do acesso a documentos ou fragmentos informativos sobre determinada localidade ou acontecimento, sem comentar o conteúdo online que querendo ou não acaba sendo um tanto quanto escasso”, avalia o estudante.

O público que alcançamos atualmente nos dá uma noção através de interações por comentários nas postagens ou até mesmo reconhecimento no dia a dia. O alcance proporcionado pela página nos faz dar voz aqueles que na rotina de muitos natalenses é visto só como um “prédio abandonado” ou “é só uma rua que eu passo todo dia” numa tentativa de diminuir aquele pensamento infelizmente majoritário “Natal não tem nada” além de proporcionar uma visibilidade maior para eventos culturais que acontecem em diversos lugares da cidade, como a Conferência do Potengi, ou outros eventos que acontecem no Complexo Cultural da Rampa, o Choro do Caçuá, dentre diversos eventos independente que por muitos são desconhecidos”, acrescenta Eduardo.

Foto: Mateus Pereira

Detalhe da placa da Rua João Pessoa com o Edifício Ducal ao fundo:

Antigamente, o coração mais pulsante da cidade, a Rua João Pessoa guarda histórias que marcam Natal. Seu nome homenageia João Pessoa, político e advogado paraibano cuja trágica morte, em julho de 1930, no Centro do Recife, foi um dos estopins para a Revolução de 30, que levou Getúlio Vargas ao poder

🏛 Ao fundo da imagem, o imponente Edifício Ducal.
Inaugurado em 1976, o edifício nasceu como um luxuoso hotel quatro estrelas e marcou a paisagem urbana como o mais alto da época além de ser um dos mais luxuosos do nordeste

Há uma famosa frase atribuída a Edmund Burke que diz: Um povo que não conhece a sua história está fadado a repeti-la. Numa fase de várias obras inacabadas pela cidade e engorda de praia questionada, talvez seja o momento oportuno para o morador de Natal avaliar seu presente, conhecer seu passado e projetar o futuro.

A importância da preservação se dá por serem marcas do passado existentes no presente e que nos apresentam saberes e fazeres, seja na arquitetura, seja nas formas de curar, seja na gastronomia, seja na forma de lidar com a natureza que nos demonstram como outras sociedades anteriores a nossa lidaram com esses problemas. E que podemos tomar com exemplo para solucionarmos questões da mesma natureza ou semelhantes“, resume Almir Oliveira, professor da UFRN e orientador de Eduardo.

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