Rio Grande do Norte recebe 1º Encontro Internacional de Cinemas Movidos a Energia Solar

O Rio Grande do Norte sediará quatro dos cinco dias do 1º Encontro Internacional de Cinemas Movidos a Energia Solar, que acontece neste mês de fevereiro, no Brasil e reunirá projetos de diversos países. Haverá sessões de curtas e de filmes dos projetos de cinema solar em vários países, abertas ao público e com entrada franca, seguidos de debates. A programação de cinema e debates acontece em São Paulo (dia 6, das 19h às 21h) e Rio Grande do Norte (dias 8, em Caraúbas, distrito de Maxaranguape, e 9, em São Miguel do Gostoso, ambas das 18h às 20h30).  Nos dias 10 e 11, das 11h às 16h, em São Miguel do Gostoso, haverá reuniões executivas, com a participação dos responsáveis pelos projetos, alguns presencialmente e outros online, a partir de seus próprios países. 

É a primeira vez no mundo que os projetos se encontram para exibir filmes e discutir questões relativas ao Planeta, Cinema e Sustentabilidade. Participam os seguintes países e projetos:  África do Sul: Sunshine Cinema; Austrália: Solar Cinema Northern Territory Brasil: Cinesolar; Chile: Plataforma Visual; Croácia: Solar Cinema Adria Espanha/Maiorca: Cineciutat; Estados Unidos: Arizona Loft Solar Cinema; Grécia: Solar Cinema Peloponnisos Holanda: Solar World Cinema;  México: Cine Movil Toto; Nepal: Solar Cinema Nepal e Saara Ocidental: Solar Cinema Western.

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Na maioria dos países o projeto funciona a partir de vans equipadas com placas solares que possibilitam, através de um sistema conversor de energia solar para elétrica, a exibição de filmes e apresentações artísticas. No interior dos veículos, há assentos para o público e telão, que são levados para fora para a montagem das “salas de cinema” (veja mais detalhes no tópico “Sobre o Cinesolar”). Mas o projeto não acontece da mesma forma em todos os lugares. No Nepal, a estrutura é levada através de burros; na Austrália, adaptaram um trailer; no Saara Ocidental utilizam com carro com tração nas quatro rodas e na África do Sul, além do trailer, há mini kits de cinema solar, que podem ser transportados em malas.

Estarão nos eventos Cynthia Alario, idealizadora no Brasil do projeto Cinesolar, e as três diretoras executivas do Solar World Cinema, projeto pioneiro no mundo: as holandesas Maureen Prins (fundadora), Maartje Piersma e Stien Meesters. No Rio Grande do Norte, a secretária de Estado da Cultura, Mary Land Brito, participará dos dois debates.

“Nós pensávamos sobre esse encontro há muitos anos, mas adiamos nossos planos devido à pandemia da Covid. Com a COP 30 programada para acontecer no Brasil este ano, decidimos que o país seria o local ideal para o primeiro encontro. Como pioneiros do Solar Cinema e fundadores da rede internacional Solar World Cinema, achamos maravilhoso que a ideia tenha se expandido. É essencial entender as realidades e especificidades de cada projeto para determinar como podemos compartilhar experiências e conhecimento, colaborar em iniciativas conjuntas e conscientizar sobre a importância da cultura, sustentabilidade e causas ambientais para o planeta.” – diz Maureen Prins, fundadora do Solar World Cinema e uma das coordenadoras do Encontro.

“Após onze anos de trabalho extensivo de cinema itinerante movido a energia solar, com objetivo de democratizar o cinema, levando-o para as partes mais remotas do País, estamos reunindo nossos parceiros apaixonados e aspirantes, para trocar conhecimento, experiências, apresentar a diversidade de iniciativas de cinema solar e despertar ideias para estender ainda mais a rede pelo mundo. Vamos discutir, aprender e trocar ideias sobre como a cultura e a sustentabilidade podem andar de mãos dadas”, conta Cynthia Alario.

A diretora do Cinesolar também destaca a importância do encontro ser realizado no Brasil: “Decidimos fazer aqui no país, no ano da COP 30, porque é fundamental fomentar a discussão no viés das artes sobre o impacto das mudanças climáticas no mundo. Nós que trabalhamos com cultura e meio ambiente podemos contribuir com o envolvimento da sociedade civil e do estado em projetos e ações que impactem nas mudanças climáticas e em toda a questão ambiental que é a grande pauta da humanidade hoje. São importantes ações de conscientização, para as pessoas entenderem que não é um tema de um país ou de um povo, mas planeta Terra. Projetos como os nossos, que acontecem em vários lugares do mundo, podem ajudar a formar uma massa crítica de pensar não apenas as ações culturais, mas também as questões ambientais, ainda mais nesse momento em que há lideranças que procuram barrar as ações que defendem o meio-ambiente, que não percebem o impacto das suas ações e que às vezes até procuram trabalhar contra ações que são fundamentais”.

O diretor do Cinema Solar Nepal, Abhimanyu Humagain, diz que o projeto em seu país, criado em 2023, tem a missão de levar cinema a comunidades e escolas através de eventos noturnos e atividades comunitárias. “Com seis mil estudantes diretamente envolvidos, o projeto aprimora a aprendizagem sustentável e fortalece as conexões entre as comunidades e a escola”, conta o diretor, que acrescenta: “Estamos ansiosos pelo encontro no Brasil. É importante trocar ideias, aprender com outras iniciativas e explorar colaborações para aumentar globalmente o impacto dos projetos de cinemas movidos a energia solar”

Cynthia Alario destaca que a escolha de São Miguel do Gostoso como sede da reunião executiva é por ser uma cidade com vocação audiovisual e cada vez mais importante no cenário do cinema nacional. “Desde 2013 o CDHEC/Espaço Tear, junto com a HECO Produções, realiza na cidade a Mostra de Cinema de Gostoso. Também aqui foram realizados de 30 curtas-metragens que circularam em festivais do Brasil e do Exterior. Além disso, fazemos na cidade dezenas oficinas que já formaram 150 jovens, assim como inúmeras outras ações nessa área”, diz Ricardo André Ribeiro, produtor da Mostra de Cinema e coordenador do Ponto de Cultura de São Miguel do Gostoso.

O 1º Encontro Internacional de Cinemas Movidos a Energia Solar é uma realização conjunta do Cinesolar e do Solar World Cinema, com os seguintes parceiros: Unesco, SPCine, Mercedes-Benz, EnergySeg, Semearte, Ecori, Unipaz  – Universidade da Paz, CDHEC (Coletivo de Direitos Humanos, Ecologia, Cultura e Cidadania), Brazucah Produções, Coletivo Nós do Audiovisual, Espaço TEAR, Tukano, Ecooar e USB Power.

Sobre o Cinesolar

Lançado pela Brazucah Produções, há 11 anos o Cinesolar – o primeiro cinema itinerante do Brasil movido a energia solar – transforma espaços públicos e abertos em salas de cinema. Já realizou 2730 sessões com exibição de 290 filmes e 780 oficinas de cinema para mais de 397 mil pessoas, de 890 cidades de 23 estados e do Distrito Federal.   

O projeto, que cumpre 10 dos 17 ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável), já percorreu mais de 350 mil quilômetros pelo país e atua com o objetivo de democratizar o acesso às produções audiovisuais (principalmente as nacionais), promover ações e práticas sustentáveis, a inclusão social e difundir a tecnologia da geração de energia solar.

O projeto utiliza energia limpa e renovável para exibições de filmes, unindo arte, cinema e sustentabilidade. Tudo funciona a partir de uma van equipada com placas solares que possibilitam, através de um sistema conversor de energia solar para elétrica, a exibição de filmes e apresentações artísticas. No interior do veículo, há 100 assentos para o público e telão com metragem de 200 polegadas (que são levados para fora para a montagem da “sala de cinema”), além de sistema de projeção e até um EcoVJ. 

Dentro da van, infográficos e monitores mostram como funciona o carro e são passadas informações sobre os princípios básicos da energia solar (por exemplo: como a energia solar se transforma em energia elétrica). Além disso, são mostrados produtos de sustentabilidade e tecnologias renováveis, com aplicações práticas no dia a dia, como um instigante relógio de batatas.

Os filmes exibidos sempre trabalham questões ligadas à sustentabilidade com foco em três eixos: social, econômico e ambiental. Além das sessões e das oficinas de cinema, muitas vezes a iniciativa ainda promove música orgânica e ecografite para crianças e adolescentes. Essas atividades propõem a reciclagem de materiais para a confecção de instrumentos musicais e o preparo de pigmentos naturais, como argila e urucum, nas pinturas produzidas pelos participantes.

O Cinesolar realiza a compensação de 55 toneladas CO2e, em parceria com a Ecooar, através do plantio de árvores e da certificação de créditos de carbono, com a manutenção de florestas, em áreas de preservação permanente, no município de Garça/SP. E também promove ações em conjunto com a Unesco no Brasil e a Unipaz (Universidade Internacional da Paz).

Programação

Em Caraúbas, distrito de Maxaranguape

Dia 8 de fevereiro, das 18h às 20h30, na Praça Pedro Machado, ao lado da Igreja Matriz Nossa Senhora Da Guia. Com a van do Cinesolar. Aberto ao público, com entrada franca. (Em caso de chuva o evento será na Creche Municipal Professora Maria de Lourdes Barros, à rua da Macaíba – S/N.)

Em São Miguel do Gostoso

Dia 9 de fevereiro. Das 18h às 20h30, no Centro Cultural Espaço TEAR, à rua das Caravelas, 131, Centro. Com a van do Cinesolar. Aberto ao público, com entrada franca.

Dias 10 e 11. Das 11h30 às 14h, no Centro Cultural Espaço TEAR e online, Encontro dos diretores dos projetos de cinema solar na África do Sul, Austrália, Brasil, Chile, Croácia, Espanha, Estados Unidos, Grécia, Holanda, México, Nepal e Saara Ocidental.

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