Engorda de Ponta Negra tem novo alagamento após chuvas

Um trecho na engorda da praia de Ponta Negra, em Natal, voltou a ficar alagado após as chuvas que caem na capital potiguar desde a quarta-feira (5). 

Imagens mostram que parte da areia da engorda teria sido até levada pela chuva. Os alagamentos, segundo o professor Luis Parente Maia, da Universidade Federal do Ceará (UFC), podem ter relação com a cota de coroamento baixa do projeto, isto é, a altura do engordamento em relação ao nível do mar. Luis Parente foi quem elaborou o projeto de enrocamento da praia de Ponta Negra.

“O projeto foi feito com a cota de coroamento de 3,60 metros. Utilizando a curva de maré, ele [projeto] bota a altura máxima de 3,20 metros. Mas, análise de marés meteorológicas na cidade de Natal, que foram realizadas pelo Departamento de Ciências Atmosféricas e Climáticas da UFRN, pelo pesquisador Murilo Rocha de Souza, mostram que de agosto a setembro, dependente dos ventos e de uma série de coisas, você pode ter marés de até 3,50 metros”, explica.

“Então, a maré de Natal, por exemplo, no estudo que ele fez, chega até 3,50 metros, ou seja, faltando 10 centímetros para alcançar os 3,60 metros que foi da cota de coroamento planejada. E quando você pega a maré meteorológica daí, que é com os ventos fortes, você pode ter um acréscimo de 10 a 15 centímetros. Então, esses 3,50m com 15 centímetros vai inundar toda essa questão aí”, aponta.

Na Praia de Iracema, em Fortaleza, que também passou por um engordamento, a cota de coroamento é maior.

“Esse alagamento aí, pelo que a gente está vendo, que são durante as ressacas, é a cota de coroamento que ficou muito baixa. Por exemplo, aqui em Fortaleza, a gente usa 4,80 metros. Ou seja, aí foi 3,60, aqui é 4,80, é 1,20 mais alto. Embora as marés sejam um pouco mais altas, mas a maré máxima nossa aqui dá 3,50, 3,60. Então, essas marés excepcionais que ocorrem aí no Rio Grande do Norte podem afetar efetivamente isso aqui [alagamentos na engorda].”

Parente defende que todas as condições precisam ser bem estudadas, e diz ser favorável a obras de engordamento com a colocação de obras de contenção.

“Para poder fazer um projeto desse, é necessário se conhecer uma série de parâmetros da zona costeira e do local que você está trabalhando. Então, você tem que estudar a dinâmica costeira, avaliar a corrente, ondas, maré, sedimentação, transporte de sedimentos, as características geológicas, o tipo de solo, a granulometria, a topografia, o histórico das alterações, como é que está, se está tendo erosão. E o uso do solo, considerar os impactos ambientais sociais, como essa estrutura pode ocorrer na natureza. Então, existem várias soluções para erosão, mas cada uma você tem uma característica diferente”, aponta o geólogo.

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