Amparo e dignidade

Alcança dimensão de mais elevado estatuto moral, afetivo e humanitário a iniciativa da inauguração, na rede pública de saúde da Bahia, do primeiro hospital do país voltado para pacientes com doenças em estágio avançado, causando grande sofrimento e ameaça iminente de óbito.“Cuidados paliativos” é como se convencionou denominar o serviço oferecido no Hospital Couto Maia, no Bonfim, com o objetivo de prestar o apoio máximo necessário, representado na melhor e mais rápida intervenção possível da medicina, da psicologia e de áreas afins de ciências humanas.Trata-se de lidar com um tema sobre o qual vem se dedicando a elite dos pensadores desde a antiguidade clássica, bem como as mais longevas tradições orientais, destacando-se os vedas, em 3 mil anos de tentativas de enfrentar as condições necessárias ao existir. Sem a pretensão de alcançar qualquer resposta conclusiva, tampouco pressupostos envoltos em devaneios, o plano do qual a Bahia é pioneira tem como alicerce prover os enfermos do valor da dignidade como finalidade em si mesma.O estabelecimento recém-reformado vai acolher quem já não seria beneficiado nas unidades de terapia intensiva, ampliando a percepção do tempo de vida como maior bem, em proposta de acolhimento com o mínimo de dor e toda solidariedade e amor dos familiares e das pessoas próximas.São 70 leitos dedicados a crianças, adultos, idosos e gestantes, atendidos por equipes orientadas a construir junto aos internos rotinas individualizadas, a partir da avaliação clínica, em movimento diuturno de adaptação. O equipamento é uma opção no sentido do amparo pleno, quando se percebe a alta probabilidade de aproximar-se a finitude.O Sistema Único de Saúde lançou um programa específico em 2018, tendo a Secretaria de Saúde da Bahia criado o primeiro núcleo dois anos depois, em perfil multidisciplinar a ser copiado como referência no Brasil e no exterior.
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