Remédios contra a ansiedade estão entre os mais vendidos nas farmácias

A farmacêutica Mariana Piassaroli confirma a demanda crescente por antidepressivos e ansiolíticos | Foto: Leone Iglesias/AT

No mês dedicado à conscientização sobre saúde mental, conhecido como Janeiro Branco, um dado chama atenção de especialistas: medicamentos contra a ansiedade e depressão estão entre os mais vendidos nas farmácias do Estado.O psiquiatra João Paulo Cirqueira destaca que é perceptível um aumento na procura por tratamento para depressão nos consultórios, o que acompanha o crescimento nas vendas de medicamentos. “Esse aumento pode refletir uma maior conscientização sobre saúde mental, os impactos do estresse cotidiano e o enfrentamento de consequências psicológicas de eventos recentes, como a pandemia. Além disso, a desestigmatização gradual da depressão contribui para que mais pessoas busquem auxílio”.Mariana Piassaroli, farmacêutica da Farmácia Mônica, também confirma a demanda crescente no dia a dia. “Aumentou significativamente a procura, principalmente de medicamentos antidepressivos e ansiolíticos”.Alexandre Vieira Brito, psicólogo e professor do Unesc, cita que hoje as queixas que mais prevalecem no consultório são as de ansiedade. Mas, segundo ele, existem casos de depressão também e, nem sempre, eles vêm de forma isolada. “Por exemplo, às vezes, teremos um paciente com síndrome de burnout e também apresentando um quadro depressivo. Uma condição de ansiedade com um outro transtorno de humor”. Ele ressalta que as medicações auxiliam nos aspectos biológicos, contribuem para que haja um tratamento psicoterapêutico, mas, por si só, não são capazes de resolver os problemas da alma. “Elas são parte do tratamento. Se a pessoa apenas se restringir no uso da medicação, sem uma escuta e acompanhamento profissional bem feito, isso não te ensina nada. A química da medicação não é uma professora.”Além disso, ele salienta que é preciso lidar com os fantasmas, tomar decisões, compreender melhor os processos que acometem o paciente. “É o tratamento psicoterápico que vai fazer esse processo complementar com as medicações. Não adianta você tomar a medicação e voltar para a mesma realidade que te adoeceu”.Opiniões

Tire suas dúvidas1. Quais são os sinais da depressão?O psiquiatra João Paulo Cirqueira citou alguns sintomas que devem ser observados. São eles: Alterações no Humor> Humor depressivo: Tristeza, culpa, vazio, perda de prazer e percepção negativa da vida.> Apatia: “Falta de sentimento” em vez de tristeza. > Culpa e inutilidade.> Sentir-se um peso para os outros, pensamentos de morte como alívio. > Pensamentos suicidas: Variam de desejo vago até planos detalhados; requerem investigação.Retardo Psicomotor> Falta de energia: Cansaço constante. > Lentificação: Dificuldade de concentração e memória. > Falta de iniciativa: Redução na capacidade de agir. Alterações no Sono > Insônia: Acordar durante a noite ou muito cedo. > Sonolência: Mais comum na depressão atípica. Alterações no Apetite > Diminuição: Perda de apetite. > Aumento: Maior desejo por carboidratos e doces. Outros Sinais> Baixo interesse sexual: Queda na libido. > Dores físicas: Mal-estar, cansaço, queixas digestivas, taquicardia e sudorese.2. Ao traçar um perfil, quem lidera os diagnósticos?Percebendo um aumento na busca por tratamento, o psiquiatra João Paulo Cirqueira traçou um perfil de quem lidera esses diagnósticos. > Gênero: Mulheres lideram o diagnóstico de depressão, com prevalência cerca de duas vezes maior que a dos homens, devido a fatores biológicos, hormonais e sociais.> Faixa etária: Adultos entre 20 e 50 anos são os mais afetados. > Profissão: Profissionais em áreas de alta demanda emocional e estresse, como saúde, educação e serviços, estão entre os mais impactados. > Outros fatores: Pessoas com histórico familiar de transtornos do humor e doenças crônicas têm maior risco.3. Como é feito o diagnóstico?O diagnóstico é clínico, com base nos critérios do DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) ou CID-11 (revisão mais recente da Classificação Internacional de Doenças) . Os passos incluem: > Anamnese detalhada: Avaliação dos sintomas centrais (humor deprimido, perda de interesse e prazer) e associados (alterações de sono, apetite e pensamentos suicidas). > Exclusão de causas secundárias: É necessário descartar condições médicas (hipotireoidismo, deficiência de vitaminas) e uso de substâncias. > Avaliação psicossocial: Explorar fatores como trauma, suporte social e estressores ambientais.4. Este mês é dedicado à conscientização sobre saúde mental. O que auxilia neste tratamento?A saúde emocional é um pilar fundamental no processo terapêutico, destaca Lorranny Guedes, psicóloga da Associação Feminina de Educação e Combate ao Câncer (Afecc).Para ela, o impacto de um cuidado emocional e psicológico bem estruturado não pode ser subestimado. Ele contribui para uma recuperação mais rápida e eficaz, reduzindo os efeitos colaterais.Fonte: Especialistas citados e Hospital Albert Einstein.

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