Doação de leite materno salva vida de bebês no RN; saiba como doar

Por Fernando Azevêdo

O período de férias é um desafio para as unidades que recebem doação de leite materno, pois há uma redução desse estoque no período entre dezembro e janeiro. Com isso, equipes de saúde reforçam a importância de doar o líquido. Isso porque os recém-nascidos precisam do leite materno, que é a forma de nutrição indicada para eles.

A enfermeira Verônica Feitosa, que atua no Banco de Leite Humano da Maternidade Escola Januário Cicco (MEJC-UFRN/Ebserh), ressalta a necessidade desse gesto que salva a vida de recém-nascidos. Ela explica que, historicamente, há uma sazonalidade que reduz as doações de leite materno entre os meses de dezembro e janeiro do ano seguinte.

A doação de leite é um gesto simples, mas de grande significado”, compartilha Verônica. Na MEJC, os bebês atendidos em 23 leitos de UTI Neonatal e 15 unidades de cuidados intermediários precisam do líquido. Verônica diz que há uma necessidade de doação durante todo o ano. 

São bebês que, muitas vezes, nascem com algum problema, prematuridade. A gente sabe que o leite materno é a primeira medicação, a primeira imunidade. Ele é rico em tudo que um bebê precisa para vir a este mundo e se desenvolver da melhor forma. Eles precisam o ano todo”, enfatiza a enfermeira. 

A profissional ainda afirma que cada mililitro (ml) doado importa e pode proteger os recém-nascidos. Atualmente, segundo ela, o Banco de Leite da MEJC está com o estoque no limite, de nível médio a baixo, o que é esperado devido à sazonalidade. A expectativa é que nos próximos vezes esse cenário melhore.

Ela destaca o papel da imprensa no incentivo à doação no fim do ano passado, mas mesmo com essa divulgação a quantidade de leite doada não foi a suficiente. “Para se ter uma ideia, geralmente os bebês que estão na nossa casa [a MEJC] demandam, em média, ao dia, de oito a dez litros de leite. Só que, atualmente, a gente não consegue nem suprir essa necessidade diária. A gente está suprindo em torno de quatro a cinco litros por dia, ou seja, a metade do que se precisa”, conta.

De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sesap/RN), de janeiro a outubro de 2024 foram foram coletados 4.429 litros de leite humano no RN, beneficiando 4.938 bebês.

Ainda segundo Verônica, o recém-nascido precisa ser exclusivamente alimentado de leite materno, pois é este que contém os nutrientes: “É o alimento que tem todos os nutrientes necessários para um bebê desenvolver, principalmente aqueles que estão em UTI precisando de uma demanda maior de cuidados. Temos estudos, na Maternidade, que comprovam que [tomar leite materno] diminui o tempo de internação desse bebê na UTI”.

Como doar

O Rio Grande do Norte tem seis bancos de leite humano, distribuídos em Natal, Parnamirim, Mossoró e Caicó, e quatro postos de coleta de leite humano, em Natal, Santa Cruz e Mossoró (confira abaixo). Os postos de coleta realizam a captação do líquido, que será processado e pasteurizado nos bancos de leite.

O Banco de Leite Humano da Maternidade Escola Januário Cicco, na capital potiguar, é uma referência no estado, tendo uma equipe multidisciplinar que atua nesse âmbito. Verônica Feitosa explica a metodologia da doação na Maternidade. 

Existe o projeto Amigo do Peito, uma parceria da MEJC com o Corpo de Bombeiros, que faz o cadastro das doadoras e, semanalmente, recolhe o leite no domicílio delas. A equipe dá orientações às doadoras. Sobre o condicionamento do leite, por exemplo, ele tem que estar congelado em frasco de vidro com a tampa plástica.

As doadoras podem entrar em contato com a MEJC no telefone (84) 3342-5800 ou no WhatsApp (84) 99135-8217 para fazer o cadastro, caso estejam aptas a doar. Verônica frisa que a doação pode ser feita por mães que estejam amamentando seus filhos e tenham leite em excesso. 

Quanto mais se estimula, quanto mais o bebê mama, quanto mais a mulher doa, mais leite ela vai produzir, porque isso é fisiológico”, Verônica pontua. Para doar, é preciso ser saudável e não tomar qualquer medicamento que interfira na amamentação. 

SOS Mamas

Outro projeto a respeito do aleitamento materno é o SOS Mamas, desenvolvido na MEJC. De acordo com Verônica Feitosa, esse programa ainda é desconhecido pela população, até mesmo pelas mães, mas é muito importante. 

Qualquer mulher que tenha problema em amamentar, tenha dificuldade ou esteja insegura, pode nos procurar”, afirma. Segundo a enfermeira, o trabalho funciona de domingo a domingo, das 7h às 18h.

Bancos de leite humano e postos de coleta no RN

Bancos de leite 

• Maternidade Escola Januário Cicco (Natal) – (84) 3342-5800 

• Hospital Dr. José Pedro Bezerra (Natal) – (84) 3232-7728 

• Hospital Central Coronel Pedro Germano (Natal) – (84) 3232-0941 

• Hospital Maternidade Divino Amor (Parnamirim) – (84) 3272-4367 

• Hospital do Seridó (Caicó) – (84) 98192-2300 

• Hospital Regional Parteira Maria Correia (Mossoró) – (84) 3317-3050

Postos de coleta 

• Maternidade Leide Morais (Natal) – (84) 3232-1548 

• Maternidade Araken Irerê Pinto (Natal) – (84) 3232-8431 

• Hospital Universitário Ana Bezerra (Santa Cruz) – (84) 4042-1100 

• Maternidade Almeida Castro (Mossoró) – (84) 3315-1030

Fonte: Sesap/RN

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