Nordeste é região com mais redações acima de nota 980 no Enem

O Nordeste foi a região brasileira que mais alcançou notas entre 980 e 1000 na redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), com 874 estudantes a alcançarem o feito. Já o Rio Grande do Norte teve 74 textos que ficaram neste patamar, sendo sete deles na rede pública, segundo informações do Ministério da Educação (MEC).

A região nordestina superou o Sudeste (858 redações com notas entre 980 e 1000) e ficou bem à frente das demais regiões. O Sul teve 208 redações nesta faixa de pontuação; o Centro-Oeste, 194; e o Norte, 174.

No RN, com notas entre 950 e 980, foram 1.048 redações — 164 delas na rede pública. O estado ainda teve uma nota máxima, que veio da estudante Anna Beatriz Rebouças, de 21 anos, natural de Baraúna, no Oeste potiguar. No ano passado, o RN teve seis redações nota 1000, mas o Brasil também viu diminuir o número de textos com nota máxima entre uma edição e outra — passou de 60 redações nota 1000 em 2023 para 12 em 2024.

Considerando os estados que tiveram o maior número de redações entre 980 e 1000, o Rio Grande do Norte ficou na 13ª posição. A liderança coube a Minas Gerais (331), seguido por Rio de Janeiro (236) e São Paulo (234).

No Nordeste, o RN ficou em sétimo, à frente de Alagoas (40) e Sergipe (36). A melhor posição coube ao Ceará (200), que foi ainda o quarto melhor do Brasil.

UF Notas 1000 Notas 1000 – Rede pública Notas entre 980 e 1000  Notas entre 980 e 1000 –  Rede pública Notas entre 950 e 980  Notas entre 950 e 980 – Rede pública
Brasil 12 12 2.308 215 31.913 4.483
AC 0 0 4 0 129 17
AL 1 0 40 4 640 93
AM 0 0 11 0 209 36
AP 0 0 15 2 150 23
BA 0 0 125 18 2.099 269
CE 1 0 200 32 2.398 631
DF 1 0 55 0 648 32
ES 0 0 57 4 724 157
GO 1 0 86 10 1.283 186
MA 1 0 87 7 1.196 205
MG 2 1 331 30 4.397 590
MS 0 0 24 1 275 32
MT 0 0 29 4 430 42
PA 0 0 121 14 1.761 295
PB 0 0 96 8 1.177 179
PE 1 0 114 21 1.928 352
PI 0 0 102 10 1.261 178
PR 0 0 61 5 885 92
RJ 2 0 236 7 2.728 191
RN 1 0 74 7 1.048 164
RO 0 0 10 2 147 47
RR 0 0 1 0 45 8
RS 0 0 109 8 1.283 187
SC 0 0 38 2 585 56
SE 0 0 36 1 614 76
SP 1 0 234 17 3.692 322
TO 0 0 12 1 181 23
Fonte: Ministério da Educação (MEC)

Para a professora de redação Marcela Melo, o caminho para chegar até a nota 1000 é formado por um conjunto de fatores. Ela foi a professora de Anna Beatriz. Um dos itens que pode prejudicar, conta a docente, é a letra do aluno.

“O pessoal pensa que é só argumentação muito boa. Não. Por exemplo, se a letra do aluno não for boa, ele não tira mil”, diz.

“O principal de redução da nota que eu considero é a letra. Se o corretor não conseguir ler direito vai ser muito difícil para ele dar uma pontuação muito favorável. Então essa é a base de tudo. É a letra, depois a linguagem, a norma culta da língua portuguesa. Em terceiro lugar, a argumentação excelente. Em quarto lugar, todos os elementos que o corretor procura encontrar em cada parte do texto. Então, é esse passo a passo. Se não for esse passo a passo, o candidato fica longe da nota 980 ou da nota 1000”, explica Melo.

Marcela ainda comemora a pontuação obtida por Anna Beatriz.

“O que me interessa é realmente a aprovação do aluno. Essa minha aluna conseguiu um feito gigante, porque além dela ter tirado um 1000, ela ainda vai ser aprovada pela pontuação dela, ela vai poder escolher em que universidade ela quer cursar”, aponta.

Anna é natural de Baraúna, no Oeste potiguar, e tem o sonho de cursar Medicina na Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (Uern).

O Enem de 2024 foi o sétimo prestado pela potiguar. Ela começou a fazer a prova em 2018, quando estava no primeiro ano do ensino médio, e disse à Agência Saiba Mais, após o resultado, que não esperava receber uma nota tão alta na redação.

Nacionalmente, as médias gerais foram 529 para matemática e suas tecnologias; 528 para linguagens, códigos e suas tecnologias; 517 para ciências humanas e suas tecnologias; e 495 para ciências da natureza e suas tecnologias. Para redação, a média geral foi 660.

Com os resultados do exame, os participantes podem pleitear uma vaga gratuita pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu), que abre a consulta às vagas na terça-feira, 14 de janeiro, no Portal Único de Acesso ao Ensino Superior e início das inscrições dia 17 deste mês; tentar uma bolsa de estudo pelo Programa Universidade para Todos (Prouni); ou acessar o ensino superior com o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). Estudantes de escola pública têm direito a concorrer às vagas ofertadas pela Lei de Cotas: pelo menos metade (50%) das vagas de cada curso das instituições públicas deve ser destinada a candidatos que estudaram na rede pública todo o ensino médio.

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