Obra de engorda gera incertezas para Grupo de Nadadores de Ponta Negra

A obra de engorda da praia mais querida de Natal – Ponta Negra – está trazendo incertezas e preocupações para os nadadores que há anos utilizam o local como espaço de prática esportiva e de lazer. O Grupo Nadadores de Ponta Negra está se preparando para enfrentar mudanças significativas em sua rotina. Com mais de 400 membros no grupo de WhatsApp, em média 30 nadadores participam regularmente das chamadas travessias de iniciantes, que são organizadas de acordo com as condições da maré.

Fundado há aproximadamente 20 anos, o grupo começou a se organizar de forma mais estruturada em 2013, com a criação do grupo de WhatsApp. Desde então, as atividades têm atraído não apenas natalenses, mas também nadadores de outros estados e até de fora do Brasil. Durante a pandemia, o número de participantes aumentou, pois muitos encontraram na natação em mar aberto uma alternativa às piscinas fechadas. Atualmente, o grupo utiliza uma plataforma chamada “Dubai” e boias de sinalização para garantir a segurança dos treinos.

Com a proximidade da obra de engorda, os nadadores estão apreensivos quanto ao futuro de suas atividades. O nadador Antônio Carlos Medeiros, que participa do grupo há cerca de 10 anos, expressa preocupação com os possíveis impactos que a obra pode trazer, especialmente em relação à presença de tubarões, como foi observado em outras regiões que passaram por obras semelhantes, como em Santa Catarina.

“Estamos meio atônitos, não sabemos o que vai acontecer. Só sabemos que vamos ter que parar de nadar. Nas praias em que foram feitas engordas, não tinham nadadores como tem em Ponta Negra. Além disso, em Balneário Camboriú, aconteceu de surgirem mais tubarões, e aqui não sabemos se foi feito algum estudo nesse sentido, para saber desse risco”, afirma Antônio Carlos.

Diante das incertezas, o grupo investigou a possibilidade de migrar alguns treinos para a praia de Cotovelo, mas a mudança tem se mostrado desafiadora. A falta de infraestrutura similar à de Ponta Negra, como boias de sinalização e a plataforma flutuante que dá apoio ao grupo (chamada de Dubai), torna os treinos mais difíceis e inseguros, ainda mais para quem está começando a prática de nado em águas abertas no mar.

Antônio acrescenta que a logística em Cotovelo é mais complicada, com poucos pontos de apoio e horários de funcionamento do comércio que não atendem às necessidades do grupo. “Cotovelo não vai substituir Ponta Negra. Lá, não temos o mesmo suporte e as condições do mar são diferentes. Não aconselho substituir. Tem dias que o mar não está bom, sobretudo para a travessia de iniciantes, que é uma marca nossa. Quem vai pela primeira é acompanhado de padrinhos, e vão com um grupo maior, mais experiente, o que gera mais segurança. Sempre temos em torno de 7 a 10 iniciantes. No mar de Cotovelo, as ondas são maiores, e para iniciantes não é conveniente começar assim”, explica Antônio Carlos.

Plataforma foi comprada por nadadores

A plataforma de natação carinhosamente apelidada de “Dubai”, devido à sua beleza e ao esforço dispendido para sua aquisição, foi comprada com a contribuição dos membros do grupo, e desempenha um papel central nos treinos em Ponta Negra, proporcionando um ponto de apoio seguro no mar. Com a obra de engorda, há preocupações sobre a necessidade de reposicionar tanto a plataforma quanto as boias. Até o momento, o grupo não recebeu informações oficiais sobre como proceder.

A obra de engorda da praia de Ponta Negra, que visa ampliar a faixa de areia e proteger a costa da erosão, traz à tona questionamentos sobre a continuidade das atividades de vários usuários do local, desde banhistas aos praticantes de natação no mar. Apesar das incertezas, os nadadores permanecem aguardando as próximas etapas da obra e torcendo para que, após a conclusão, possam retomar seus treinos na praia que há tanto tempo é parte de suas vidas.

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