Silvio Santos, ícone da comunicação, ajudou TV Ponta Negra a sair do papel

Morreu aos 93 anos o apresentador e empresário Silvio Santos, dono do SBT e de um legado de décadas na televisão brasileira. A notícia foi confirmada pela emissora na manhã deste sábado (17) por meio das redes sociais. Autoridades e figuras públicas locais, como a governadora Fátima Bezerra e a apresentadora Micarla de Sousa, se pronunciaram.

A morte de Silvio Santos foi comunicada pelo SBT pouco depois das 10h. 

“Hoje o céu está alegre com a chegada do nosso amado Silvio Santos. Ele viveu 93 anos para levar felicidade e amor a todos os brasileiros. A família é muito grata ao Brasil pelos mais de 65 anos de convivência com muita alegria. Para nós, o Senor Abravanel é ainda mais especial e somos muito felizes pelo presente que Deus nos deu e por todos os momentos maravilhosos que tivemos juntos. Aquele sorriso largo e voz tão familiar será para sempre lembrada com muita gratidão. Descansa em Paz que você sempre será eterno em nossos corações”, disse o comunicado do SBT.

No X, a governadora Fátima Bezerra (PT) lamentou a perda do comunicador, “um ícone da televisão brasileira e um homem cuja trajetória inspirou milhões.” 

“Silvio Santos será eterno, um mestre na arte de entreter e que deixa seu nome escrito para sempre na história da comunicação no Brasil. O Brasil chora a perda do seu maior comunicador. Que Deus possa confortar a família, todos os colaboradores do SBT e sua legião de fãs!”, escreveu Fátima.

Em publicação no Instagram, a apresentadora Micarla de Sousa, CEO do Sistema Ponta Negra de Comunicação, expressou gratidão a Silvio e lembrou que ele foi fundamental para o início da operação da Ponta Negra.

“Mandou para Natal a maior parte dos equipamentos para o início da nossa operação, já que não tínhamos, na época, condições financeiras para isso. Sonhou junto com meu pai e o fez ousar e colocar a 1ª emissora de TV do RN com o sinal do SBT e não da toda poderosa Globo. Foi o único caso do Brasil. Mas não foi pela escolha que Silvio teve esse gesto. Não!! Ele disse ao meu pai: ‘coloca a Globo, Carlos Alberto. Eu não estou fazendo isso para que você coloque o SBT.’” 

E continuou o relato sobre a conversa de Carlos Alberto com Silvio Santos:

“‘Meu pai, é lógico, que respondeu: ”você está confiando em mim e eu confio que o SBT vai explodir de audiência em todo o País. Estou junto com você’ E assim eles foram juntos, até a doença do meu pai que terminou levando-o aos 51 anos. Até durante a doença, vi um Silvio que nos ajudou a pagar o tratamento médico do seu amigo, meu pai. Tenho certeza que esse foi apenas mais um gesto dele em fazer o bem.”

“Neste momento posso imaginar o coração da família. Mas só posso agradecer a Deus por ter mantido Silvio por 93 anos distribuindo tanta alegria, amor e BEM pelos 4 quantos da nossa Nação. O Brasil chora junto com a Família Abravanel, mas se alegra em saber que o Céu está em festa. Descanse em Paz, Silvio”, escreveu.

No Rio Grande do Norte, a história da TV Ponta Negra, da família Sousa, é intrinsecamente ligada ao SBT. A emissora local entrou no ar em 1987 já como afiliada da antiga TVS. O grande responsável pelo início da empresa potiguar foi o ex-senador Carlos Alberto — que morreu em 1998 —, pai de Micarla, de Rose e de Priscila, e marido de Mirian, atual presidente do Sistema Ponta Negra de Comunicação, que reúne, além da TV, a rádio 95 Mais FM e o portal Ponta Negra News. 

A concessão da TV Ponta Negra foi outorgada quando Carlos Alberto era senador por João Batista Figueiredo, último presidente do regime militar, em 11 de janeiro de 1985. Em artigo de 2016, as jornalistas Cristina D’Oliveira Vidal Bezerra e Valquíria Aparecida Passos Kneipp pesquisaram a história da emissora e conversaram com Micarla, que relatou que na época já existiam concessões tanto para a família Alves quanto para família Maia, grupos que polarizavam a política no Rio Grande do Norte.

Em 1983, o ditador Figueiredo veio ao Rio Grande do Norte durante a construção da barragem Armando Ribeiro Gonçalves, em Assú, fazendo-o também ficar hospedado em Natal. Hospedado na capital potiguar, narra o artigo, Figueiredo teve acesso a uma reportagem de cunho político no jornal Diário de Natal. 

De acordo com Micarla de Sousa, no relato a Valquíria Kneipp e Cristina Vidal, o texto “batia forte no meu pai”. Quando se encontraram, o presidente estava com o periódico na mão e teria afirmado que Carlos Alberto precisava de “algo para se defender” dos grupos Alves e Maia. 

“A gente morava em Brasília na época e eu lembro de meu pai ligando pra gente muito feliz porque ele achava que o presidente iria liberar a concessão de uma rádio AM, que era o sonho do meu pai”. Ao retornar ao Distrito Federal, Carlos Alberto soube que a concessão seria de uma televisão, e não de uma rádio. Isso teria ocorrido porque já havia acontecido a licitação para as concessões de rádio.

Em 1986 é que a concessão da TV Ponta Negra é liberada. Carlos Alberto colocou como desafio instalar a TV Ponta Negra em três meses. Para isso, marcou visitas às estações de televisão nacionais para decidir qual seria transmitida através da sua própria empresa. Conversou com Silvio Santos e com Roberto Marinho, da Rede Globo, mas as restrições impostas pela emissora global, não inspiraram Carlos Alberto, segundo narra o artigo. No caso da TV Manchete, comandada por Adolfo Bloch, o estilo “elitizado” não agradou.

Para que a Ponta Negra saísse do papel, Silvio Santos teria sido receptivo e disposto a colaborar mesmo que isso não significasse que a emissora potiguar se filiasse à rede do Sistema. O início foi com as antenas da TVS Brasília e um transmissor que o SBT teria comprado no nome do SBT e que os sócios da Ponta Negra ficaram pagando ao Sistema, uma câmera U-matic13 , sem VT portátil e veio com dois VTs grandes. Essa foi a estrutura para fazer programas ao vivo, reportagens e programas de auditório.

Foi, aliás, nos programas de auditório que a emissora afiliada ao SBT se destacou, tal como a “emissora mãe”. Além de empresário e político, Carlos Alberto estreou um programa que levava seu próprio nome e trazia quadros variados como “O Sorriso Alegre de uma Criança; O Sonho da Minha Vida (uma versão potiguar do Porta da Esperança, programa de Silvio Santos), Para Quem Você Bate Palmas – mais uma adaptação, do sucesso de Flávio Cavalcanti, Para Quem Você Tira o Chapéu –, Show de Sucessos, Geração 2000 e o Jornal 2000. Ficou conhecido como o “Silvio Santos do Nordeste”.

Em 2013, enfrentando problemas financeiros, a emissora da família Sousa foi vendida ao Grupo Opinião de Comunicação, que faz parte da empresa Hapvida, e Mirian ficou com 44% das ações do grupo. Em 2021, a família do ex-senador reassumiu o controle acionário da afiliada.

Outro potiguar mantinha relação ainda mais íntima com Silvio Santos. O ex-deputado federal e ex-ministro do governo Bolsonaro, Fábio Faria, possui um relacionamento desde 2013 com a filha de Silvio, Patrícia Abravanel. O casal tem três filhos: Pedro, Jane e Senor.

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