Protesto em Assaí da Zona Norte de Natal denuncia fome e alta dos alimentos

Na manhã deste sábado (10), mulheres organizadas pelo Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) ocuparam o supermercado Assaí, na zona Norte da capital potiguar, em protesto contra a fome, o aumento do custo de vida e a extinção da escala de trabalho 6×1. A ação faz parte da campanha nacional “Mães Contra a Fome” e se repete em mais de 20 estados do país.

Com cartazes, faixas e palavras de ordem, cerca de 80 mulheres reivindicam cestas básicas e medidas que assegurem o direito à alimentação e denunciaram o impacto da inflação no cotidiano das famílias trabalhadoras. Dados do Dieese mostram que 45% dos lares brasileiros vivem com até um salário mínimo. Ao mesmo tempo, o valor médio da cesta básica já ultrapassa R$ 800.

Alessandra Alves, moradora da Ocupação Valdete e coordenadora do Movimento Olga Benario, destaca a importância do ato, “porque eu sei que não é só a minha realidade, é a realidade de muita gente, muitas mulheres. Precisamos fazer como dizem por aí no popular ‘vender o almoço pra comprar a janta’. E isso afeta bastante as nossas vidas”.

A campanha chama atenção para a contradição entre o desperdício de alimentos e a insegurança alimentar que atinge milhões de famílias. Segundo estimativas, o Brasil descarta cerca de 27 milhões de toneladas de comida por ano. Enquanto isso, mais de 11 milhões de mães que são chefes de família convivem com a insegurança sobre o que poderão oferecer aos filhos na próxima refeição.

O movimento também destaca a concentração de renda no país. De acordo com o MLB, 55 bilionários detêm a mesma riqueza que metade da população brasileira. No mesmo cenário, empresas do setor alimentício e de serviços, como Carrefour, GPS e Assaí, faturaram mais de R$ 200 bilhões em 2023.

Para Bianca Soares, coordenadora nacional do MLB, o protesto é uma denúncia, mas também uma proposta de mobilização popular. 

“O MLB decidiu a nível nacional ocupar com essa jornada das mães contra a fome porque é muito contraditório o que a mídia coloca, que o dia das mães é um dia de fartura e afeto, o que deveria ser, mas na realidade não é isso que passa a maioria das mães no nosso país. Inclusive uma boa parte das mães não vai conseguir passar o dia de amanhã com seus filhos, porque precisa trabalhar, trabalha na escala 6×1 e precisa levar o sustento pra casa. E também, criança precisa de fralda e leite, não é como se fosse opcional. E esses itens também sofreram aumento no preço nos últimos meses, o que precariza ainda mais a vida das mulheres”.

A campanha “Mães Contra a Fome” mantém um fundo de solidariedade e recebe doações por meio do link apoia.se/mlb-contra-fome e do e-mail [email protected].

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