Cadu se coloca à disposição do PT e diz: “Honra compor chapa com Walter Alves”

O secretário estadual da Fazenda, Carlos Eduardo Xavier, o Cadu, admitiu publicamente sua disposição para entrar na disputa eleitoral de 2026 e afirmou que seria uma honra compor uma chapa com o atual vice-governador Walter Alves (MDB). A declaração foi dada durante entrevista à Band, onde Cadu também falou sobre a situação fiscal do Rio Grande do Norte e os desafios da gestão estadual. “Olha, primeiro dizer que seria uma grande honra, para mim, compor uma chapa com o atual vice-governador Walter Alves”, afirmou.

Cadu é filiado ao PT desde 2021 e revelou que tem mantido conversas frequentes com o partido sobre seu futuro político. “A gente tem conversado com o partido, eu sou filiado ao PT desde 2021, tenho participado de conversas com o PT, com o nosso partido, e acho que a minha grande missão nesse momento é defender todo esse legado do governo Fátima”, disse o secretário, que ocupa o cargo desde o início da gestão da governadora Fátima Bezerra.

Informações de bastidores indicam que o cenário político tem favorecido o crescimento de Cadu como possível nome para a disputa ao governo em 2026. Fontes apontam que tanto o vice-governador Walter Alves quanto o presidente da Assembleia Legislativa, Ezequiel Ferreira (PSDB), não demonstram interesse em concorrer ao cargo. Esse vácuo tem permitido que o nome de Cadu ganhe força nos bastidores. O AGORA RN foi o primeiro a noticiar a movimentação na semana passada, quando publicou uma foto de uma reunião entre Cadu e Walter Alves, evidenciando a afinidade entre os dois.

Walter Alves deve assumir o governo em abril de 2026, quando a governadora Fátima Bezerra deverá se afastar do cargo. Existe a possibilidade de que Walter permaneça à frente do Executivo até o fim do mandato, coordenando o governo durante o período eleitoral. As articulações que envolvem Cadu vão além das fronteiras estaduais. A movimentação conta com o aval do presidente Lula (PT) e de lideranças nacionais do MDB e de outros partidos aliados ao governo federal.

Durante o fim de semana, Cadu circulou em Natal como pré-candidato durante as prévias carnavalescas, cumprimentando eleitores e conversando com lideranças políticas locais. A movimentação foi interpretada como mais um sinal claro de que o secretário está disposto a entrar na corrida eleitoral.

Melhoria nos cofres públicos a partir de abril, prevê Cadu

Na entrevista à Band, Cadu também falou sobre a situação fiscal do Rio Grande do Norte, um dos principais pontos da sua gestão na Secretaria da Fazenda. Ele comentou sobre o aumento da alíquota do ICMS de 18% para 20%, que entra em vigor no dia 20 de março, e justificou a medida como necessária para equilibrar as contas do Estado. “É um desafogo. A gente, ano passado, o governo enviou essa matéria para a Assembleia Legislativa, conseguimos aprovar, para trazer um pouco mais de tranquilidade na gestão financeira do Estado”, afirmou.

O secretário explicou que o impacto nos cofres públicos começará a ser sentido a partir de abril, com efeitos completos em maio, quando o Estado terá o primeiro mês cheio de arrecadação com a nova alíquota. “O ICMS é um imposto que incide no comércio e na prestação de serviços, como telecomunicação, e as empresas começam a prestar os serviços ou vender as mercadorias a partir do dia 20, com essa nova tributação. Isso deve começar a refletir na arrecadação de abril, mas de forma mais contundente mesmo é a partir de maio”, explicou.

Cadu também abordou a situação do comprometimento das receitas com gastos de pessoal, um problema histórico do Estado. “O Rio Grande do Norte vive acima da Lei de Responsabilidade Fiscal há mais de 20 anos. Quando a governadora assumiu o governo e eu assumi a pasta da Tributação, esse percentual chegou a 66%. A cada R$ 100 que o Estado arrecadava, R$ 66 eram para a folha de pagamento. A gente chegou a ter 53% em julho de 2022, mas devido à Lei Complementar 194, esse percentual voltou a subir”, disse.

Ele afirmou que o governo está trabalhando para reduzir esse percentual nos próximos anos. “A nossa aposta foi aderir ao Plano de Equilíbrio Fiscal, criado pelo governo federal, para entrar numa trajetória de redução desse comprometimento. Se a gente tem essa alíquota de 20%, se a gente tem uma aposta que vai terminar o ano com um crescimento na casa de 10% a 15% da receita, vamos ter um crescimento da receita maior do que o crescimento da despesa”, explicou o secretário.

Questionado sobre os concursos públicos, Cadu reconheceu que há áreas com déficit de pessoal, mas destacou que o governo está limitado pelas regras fiscais. “Na minha pasta na Fazenda, o quadro de auditores é de 480 auditores, eu tenho 296 hoje. A gente vai precisar fazer um concurso para essa área. Em outras áreas, a gente tem um déficit de servidores. Ocorre que, como estamos acima do limite prudencial, só podemos fazer em saúde, segurança e educação para repor aquelas vagas que abriram com aposentadoria de servidores”, afirmou.

“Eu não daria nenhum passo que Fátima não me autorizasse”, diz Cadu

Sobre o cenário político para 2026, Cadu foi cauteloso, mas deixou claro que está aberto às conversas. “Eu tenho uma relação de muita confiança com a governadora Fátima. Eu não daria nenhum passo que ela não me autorizasse e esse processo vem sendo conversado, não só com ela, mas com os parlamentares do partido e com a militância. O PT é um partido de militância, então a gente vem construindo isso de forma muito humilde e tranquila para que a gente tenha uma defesa do legado do governo Fátima na eleição de 2026”, declarou.

cadu e walter reuniao secundaria
Walter Alves (MDB) e Cadu Xavier demonstram afinidade nos bastidores. | Foto: Reprodução / Instagram

Ele também comentou sobre as articulações políticas em curso no estado. “As forças políticas estão se organizando, isso faz parte do processo. Vou falar do nosso lado. Nossa missão é mostrar para a sociedade que estamos iniciando um ciclo. Muito se fala do Ceará, da Paraíba, mas são estados que começaram ciclos de governo à esquerda há muito mais tempo. O nosso governo é de centro-esquerda há apenas oito anos. O papel do PT e dos aliados é defender esse legado e mostrar para a população que é o começo de uma grande estrada de transformação do Rio Grande do Norte”, disse Cadu.

Ao final da entrevista, o secretário reforçou que ainda não há uma decisão tomada sobre sua candidatura e que isso dependerá do partido e dos aliados. “Aí depende do partido, depende dos aliados, a gente está debatendo, construindo e defendendo o governo que está aí há sete anos e tem muita coisa para mostrar para a população”, concluiu.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.