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Humberto Barbosa explicou que havia condições atípicas de congelamento devido à alta umidade, com gotículas líquidas supercongeladas a partir de 6 a 7 mil metros de altitude, enquanto a aeronave estava a cerca de 5,1 mil metros. “Havia um sistema frontal, com muita umidade e turbulência, frio extremo e água supercongelada. Essa situação pode levar a aeronave a entrar em condições de formação de gelo”, disse.Leia mais: >> Após seis dias do acidente da Voepass, avião de pequeno porte cai no MT; vídeoFormação de geloA primeira imagem do satélite mostrou a altura do ponto de congelamento na atmosfera, onde a água supercongelada estava a cerca de -55°C, abaixo do ponto de congelamento. Essa água, na condição líquida e supercongelada, teria maior aderência à aeronave, tornando-se gelo e possivelmente afetando a aerodinâmica do avião.
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“À medida que se aproximava do destino, a aeronave enfrentou muitas perturbações e variações na composição das nuvens complexas, com áreas de formação de gelo, nuvens mais altas e nuvens mais baixas, além de grandes variações nas temperaturas e nas condições de pressão”, analisou o meteorologista.A área em vermelho na segunda imagem indicava a presença de água supercongelada, gotículas ou cristais de gelo. O ponto destacado apresentava uma temperatura de cerca de -38ºC. A história da aviação mostra que a formação de gelo pode causar danos ao motor e a dispositivos essenciais da aeronave, além de afetar a capacidade de detecção de pressão dos tubos de Pitot, utilizados para medir a velocidade do ar, podendo resultar em dados de velocidade imprecisos e confundir os pilotos.Ciclone extratropical e fumaça de queimadasUm ciclone extratropical que se formou sobre o Uruguai e o Rio Grande do Sul na manhã da sexta-feira (9/8) injetou mais umidade na região do acidente, tornando as condições meteorológicas ainda mais caóticas. Humberto observou que a imagem do satélite GOES revela a presença do ciclone, identificado em amarelo e ciano, associado a uma frente fria que fez as temperaturas declinarem.
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Adicionalmente, a aeronave atravessou ventos intensos, com velocidade de 53 km/h, provenientes da Amazônia, o que representou um desafio adicional. As barbatanas roxas na imagem do satélite GOES-16 indicam esses ventos fortes em São Paulo, classificados com alta pressão.A fumaça das queimadas, trazida para o Sudeste pelo ar seco da Amazônia, ficou em altos níveis da atmosfera como aerossóis, que, segundo o laboratório, tornaram a água ainda mais fria e líquida, contribuindo para a formação de gelo e possivelmente aumentando o peso da aeronave. Embora esses aerossóis tenham diminuído a intensidade da chuva, também resultaram em temperaturas da água ainda mais baixas, potencializando a formação de gelo. Assim, mesmo durante uma frente fria de inverno, houve intensa convecção, gerando nuvens verticais que poderiam já conter gelo.