Cobertura da 96 FM: Natália sofreu 2.500% mais críticas que Paulinho Freire no 2º turno

Durante o 2º turno das eleições para a prefeitura de Natal, para cada minuto de crítica negativa que Paulinho Freire (União) recebeu na rádio 96 FM, Natália Bonavides (PT) foi alvo durante 45 minutos.

Os dados foram recolhidos de comentários feitos em 22 edições de programas da emissora, ao longo de 11 dias, entre 7 e 23 de outubro.

Ao todo, de acordo com a checagem, Natália recebeu críticas durante 90 minutos e 16 segundos. No mesmo período analisado, Paulinho foi criticado por 2 minutos e 32 segundos. A título de comparação, é como se a candidata do PT recebesse críticas sem parar durante um jogo inteiro de futebol, incluindo o primeiro e segundo tempos.  

A desproporção das críticas entre os dois candidatos que disputam a prefeitura de Natal é superior a 2.500% no período.  

O levantamento foi realizado pela equipe de comunicação da campanha de Natália, levando em conta críticas negativas e positivas, além de comentários neutros relacionados aos dois adversários que disputam o pleito.

A agência SAIBA MAIS teve acesso às transcrições e à minutagem dos comentários analisados que foram ao ar. Não há agressões, calúnia ou difamação nos diálogos registrados. Mas é possível destacar distorções e um flagrante desequilíbrio dos comentários envolvendo as duas candidaturas. 

Foram acompanhados os três programas jornalísticos da rádio: Jornal 96, apresentado por Luciano Kleiber e Danilo Sá; Meio-dia, comandado por Bruno Giovanni, Luiz Henrique e Bruno Araújo; e Jornal das 6, com Ênio Sinedino, Gustavo Negreiros e Dinarte Assunção.

Apenas nos dias 11 e 16 de outubro não houve críticas à candidata, pelo entendimento da campanha petista, e, por isso, não foram incluídos no levantamento. A análise também não considerou os finais de semanas, já que os programas não vão ao ar aos sábados e domingos.

Ao longo dos 11 dias analisados, Natália também recebeu 9 minutos e 55 segundos de críticas positivas ou comentários neutros, ainda segundo a avaliação da campanha. Já Paulinho, levando em conta essa mesma métrica, foi citado durante 7 minutos e 5 segundos.

O fato da candidata do PT ter contado com pouco 2 minutos de críticas positivas ou neutras a mais que adversário, mostra que o foco da cobertura da emissora estava na desconstrução da imagem de Natália, e não na exaltação de Paulinho. 

“A análise que encontrou a discrepância deteve-se apenas aos casos envolvendo diretamente Natália e sua candidatura, sem levar em conta críticas políticas à governadora Fátima Bezerra ou ao presidente Lula, principais apoiadores da candidata ao Palácio Felipe Camarão, ou mesmo a pautas defendidas por Bonavides”, destacou a campanha, em texto enviado à reportagem.  

Rádio é concessão pública

A diferença de tratamento dispensado às duas candidaturas tem chamado a atenção.

A questão não está ligada à manifestação política pessoal nem à preferência eleitoral dos funcionários da emissora, mas ao desequilíbrio da cobertura.

Emissoras de rádio e TV têm autorização para ir ao ar a partir de uma concessão pública aprovada pelo Governo Federal mediante o cumprimento de uma série de regras para garantir qualidade, compromisso com o interesse público e o direito à comunicação. As obrigações são diferentes, portanto, de uma empresa privada.

A postura da empresa levou o marketing petista a criar, de forma inédita, uma peça de campanha para veiculação específica na rádio 96 FM criticando a postura editorial da empresa.

Em um trecho do texto de 30 segundos veiculado, o apresentador diz que “rádio é concessão pública e não partido político. E que o jogo eleitoral deve ser respeitado dentro das regras”.

A assessoria jurídica da 96 FM tentou impedir a divulgação da peça, mas a Justiça negou o pedido.

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