O Brasil enfrenta o maior surto de febre oropouche da história com 7,5 mil casos confirmados em 21 estados no país até o final de julho. Pela primeira vez na história, foram confirmados óbitos relacionados à doença. Além disso, oito casos de transmissão mãe-filho estão em investigação, incluindo ocorrências de morte fetal e malformações congênitas como a microcefalia.>> Febre do Oropouche: entenda o que é a doença que preocupa o Brasil>> Bebê nasce com anomalia congênita associada à Oropouche e não sobrevive>> Preocupação: entenda por que a febre oropouche só mata na BahiaA doença viral tem um vetor que até este ano não estava no radar de preocupações, o Culicoides Paraensis, o maruim ou mosquito-pólvora, inseto transmissor da doença. Ele tem asas com pontos brancos circulares e vive especialmente em regiões com muitas árvores frutíferas.“Apesar de ser conhecido como mosquito-pólvora, na prática o maruim não é um mosquito, é um inseto”, afirma o pesquisador Felipe Gomes Naveca, chefe do Laboratório de Arbovírus e Vírus Hemorrágicos do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), que estuda a doença desde 2008. O vetor pertence aos dípteros, grupo de animais onde está a mosca.Uma nota técnica para orientar equipes de saúde publicada em agosto pelo IOC indica que os métodos tradicionais de controle de doenças por picadas de insetos podem não funcionar contra o maruim.>> Oropouche: veja os sintomas e cuidados com ‘febre fatal’ na BahiaComo evitar o maruim?O maruim é muito pequeno e tem cerca de 1,5 mm, menor que outros insetos transmissores de doenças, como o Aedes aegypti, que chega a 7 mm quando cheio de sangue. O pernilongo comum fica entre 3 e 4 mm. Por isso, as redes de proteção e os mosquiteiros podem ser pouco eficazes contra o mosquito-pólvora.“As telas mais indicadas seriam as feitas de malhas muito finas, como as de tecido voil (semelhante ao tule)”, indica a pesquisadora Maria Clara Alves Santarém, uma das curadoras da nota técnica, ao lado de Maria Luiza Felippe Bauer. Em entrevista à Fiocruz, elas abordaram as principais características do inseto.Por ser um mosquito, o maruim é imune aos repelentes e à maioria dos inseticidas. Para proteção individual, portanto, os especialistas indicam usar roupas longas, especialmente no fim de tarde. Outro método eficiente é passar óleo corporal na pele, já que o inseto acaba ficando grudado no óleo e incapacitado de voar por sua pequena dimensão.Outra diferença importante que caracteriza o maruim é que ele se reproduz em matéria orgânica em decomposição, não em água. O inseto não se alimenta preferencialmente de sangue e o faz apenas no período reprodutivo. Sua picada é mais dolorosa que a dos outros insetos, sendo geralmente sentida.Pernilongo pode ser ameaça?Além do maruim, o pernilongo ou muriçoca também podem ser vetores secundários da oropouche, especialmente em ambientes urbanos. O maruim pode se infectar a partir de baixa carga viral, ou seja, não precisa ter muito contato com o vírus, enquanto o pernilongo precisa de alta carga viral. Os estudos recentes não indicaram ainda, porém, se os pernilongos têm papel no surto atual da doença.
Saiba as diferenças entre o vetor da oropouche, pernilongo e Aedes
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