Colorindo as paredes do abrigo “Alimentando com Amor”, na Cidade Alta, o artista de graffiti, Erre Rodrigues, deu início à pintura do seu novo painel de arte no local. O evento, que vai de 8 a 12 de outubro, também vai contar com a presença de outros artistas e tem como objetivo chamar atenção para o abrigo, que acolhe pessoas em situação de rua, e valorizar a cultura do graffiti na cidade.
A pintura do painel principal será por conta de Erre, que conseguiu uma aprovação na Lei Paulo Gustavo para custear as tintas, pincéis e materiais necessários para o trabalho. Além disso, um segundo painel será feito por membros do Coletivo Mar, que reúne artistas de graffiti da Zona Norte de Natal para revitalizar e colorir murais em toda cidade.
À Agência Saiba Mais, o artista contou que já tinha realizado trabalhos no local outras vezes a convite de moradores. Dessa vez, Rodrigues escolheu a data e o local, justamente, para ajudar e apoiar o abrigo de Dona Cida que acolhe e alimenta pessoas em situação de rua, de vulnerabilidade social e mulheres vítimas de violência doméstica. Inicialmente, inclusive, seria feita uma festa para as crianças da região no fim da pintura do mural. No entanto, devido a falta de incentivo e apoio de patrocinadores para a compra de brinquedos, o evento foi adiado.
“Nós já pintamos aqui a convite de um dos moradores do abrigo, em 2022. E esse ano a Dona Cida pediu para renovar. Então, consegui aprovar o projeto do painel ‘Onde a Rua Encontra Abrigo’ na Lei Paulo Gustavo, para conseguir comprar o material”, contou.
“Decidi pintar agora, próximo a festa que ela faz para as crianças, para colorir todo o espaço, além do projeto aprovado que seria só a frente da casa. Só que ela me falou vai adiar a festa para as crianças por não ter recebido doações suficientes para o dia 12”, disse.
Alimentando com Amor
Cida Melo, moradora do Centro de Natal, acolhe e alimenta pessoas em situação de rua, vítimas de violência e em situação de vulnerabilidade social em sua casa, na esquina das ruas Professor Zuza com a Santo Antônio, na Cidade Alta.
Batizando o projeto de Alimentando com Amor, a potiguar mantém o trabalho com ajuda de doações e voluntariado. Para a reportagem, Cida explicou que devido a alta demanda de pessoas que acolhe, as doações não estão sendo suficientes. Tanto é que, a festa das crianças que seria realizada no fim da pintura do mural, precisou ser adiada por conta da baixa ajuda e a falta de dinheiro para comprar brinquedos para os pequenos.
“Aqui a gente abriga crianças, idosos e mulheres que vêm pela Lei Maria da Penha. Hoje a gente está com a demanda de muitas crianças que vem sofridas pela violência. E, hoje, a dificuldade da gente é o alimento. Como eu não tenho fundos lucrativos, a gente sobrevive de doações de amigos e pessoas que doam na rua.”, contou Cida reforçando os pedidos de doação.
Cida também contou que o abrigo existe há 5 anos e que, apesar das dificuldades, o trabalho se mantém e é um sonho realizado.
“Faz cinco anos que a gente está aqui na Cidade Alta, mas ele também já foi feito na rua. A gente entregava comida num carrinho de mão para os moradores de rua. E o meu sonho era abrir uma casa para eles tomarem banho, para eles comerem e fazer a necessidade e dar um cochilinho à tarde. E hoje a gente está aqui, graças a Deus! Eu agradeço muito a Deus por esse sonho realizado.”, conta.
Para ajudar o abrigo com doações, basta entrar em contato pelo whatsapp: (84) 98169-0141, ou pelo instagram: @alimentandocomamornatal
Conheça a história do abrigo e de Cida aqui.
Coletivo Mar
O Coletivo Mar (@mar.graffitirn) é feito por artistas da Zona Norte que tinham a necessidade de garantir espaço e levar grandes murais de grafittis para a região e unir artistas de todos os locais. Erre Rodrigo, Lucas MDS, Enaz, Emanoel Aquila, Rasta Gustavo, Joel Quem? e Palhares compõem o coletivo e, juntos, já fizeram mutirões de grafitti nos Conjuntos Pantanal, Jardim Progresso e Nova Natal. Além disso, eles já pintaram escolas, como a Escola Municipal Professor Antônio Fagundes, em Lagoa Azul. Vale destacar os festivais realizados por eles que, mesmo com pouco recursos, ampliam e valorizam potências, como o festival AcordaRua, feito na Comunidade Dom Pedro, no Pajuçara.
“Lá pintamos várias casas e trouxemos outras atividades, reunindo os demais elementos do Hip Hop, coisa que os grupos estão fazendo bastante. Realizar sempre que possível esses eventos com apoio ente si, ou seja, graffiti levando DJs, Bgirls e BBoys, MCs e Rappers para seus eventos, assim como outros eventos, as batalhas de MC ou de Breaking convidam os artistas do graffiti para participar e por aí vai. Não é à toa que a cultura do Hip-Hop comemora seus 50 anos no mundo e 40 aqui no Brasil”., contou Erre.
O hiphop pode ser dividido em 4 pilares principais, como o Rap, os MCs, o Breaking e o Grafitti. O Breaking Dance, praticado pelos B-boys e B-girls, vai estar nos Jogos Olímpicos de Paris deste ano como uma dança esportiva.
Saiba +: Artistas de Graffiti levam resistência e cor para Zona Norte
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