Suspeito de provocar ‘muralha de fogo’ no Pantanal é multado em R$ 50 milhões e investigado por contrabando de gado


Segundo a Policia Federal, objetivo da operação é combater os crimes ambientais, além de associação criminosa. A penalidade foi aplicada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), na manhã desta quinta-feira (10). Polícia Federal faz operação contra suspeitos causar ‘muralha de fogo’ no Pantanal
Um homem, identificado apenas como Carlos, foi preso e multado em R$ 50 milhões, pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) por provocar uma ‘muralha de fogo’ no Pantanal, durante as festividades do São João, em Corumbá (MS). O suspeito, junto da família, são alvos de uma operação da Polícia Federal (PF), que foi deflagrada na manhã desta quinta-feira (10).
Segundo a investigação, a família explora ilegalmente a região para a criação de gado. Um dos motivos para atear fogo é justamente para realizar o manejo do gado, pois elimina a mata seca acumulada que não é consumida pelos animais e proporciona o crescimento de uma vegetação nova. Ao todo, foram expedidos seis mandados de busca e apreensão para sete membros da família.
Entre os crimes investigados estão:
Provocar incêndio florestal;
Reduzir alguém a condição análoga à de escravo;
Ocupar terra da União;
Falsidade ideológica documental; e
Associação Criminosa.
Conforme a Polícia Federal, o fogo teria sido colocado para que os proprietários pudessem abrir a pastagem para criação de gado. Os suspeitos teriam iniciado o incêndio em uma área de propriedade da União. Com a ajuda de um drone, foram mapeados cerca de 6.550 hectares destruídos.
Muralha de fogo dos incêndios no Pantanal contrasta com o Banho de São João
A área queimada começou em Corumbá e avançou para a Bolívia. Diante do estrago causado pelo fogo, o Ibama aplicou uma multa de R$ 50 milhões pela área brasileira atingida, porém calcula-se um estrago ainda maior no país vizinho.
“Apesar deles terem crédito virtual na ficha da Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal (Iagro), não existe essa quantidade alta no local físico, então leva a crer que pode estar havendo também esse contrabando de gado bovino e entre o Brasil e Bolívia”, informou a chefe da unidade técnica do Ibama de Corumbá, Jussara Barbosa da Fonseca Alves.
Área devastada pelos incêndios no Pantanal
Divulgação/ Polícia Federal
O delegado da PF em Corumbá, Estêvão Baesso, explicou que foram deflagradas dois mandados de busca e apreensão, sendo um deles na residência da família investigada e o outro mandado foi cumprido na zona rural.
“É um assentamento em que a família também tem tem propriedades esses dois lugares isso e um terceiro local foi uma ação fiscalizatória realizada pela Polícia Federal, pelo Ibama e pela Iagro, que justamente é na localidade em que ocorreu o incêndio e ficou conhecido, em junho, pela aquela muralha de fogo”.
O delegado informou ainda que o objetivo da operação foi feita para combater os crimes ambientais no Pantanal, além de associação criminosa. “O principal foco é justamente as queimadas deste ano e os incêndios dolosos na região”.
Muralha de fogo
Incêndio que atingiu Corumbá (MS) em junho de 2024.
Divulgação
A imagem da ‘muralha de fogo’ foi registrada em junho deste ano, em Corumbá (MS), e viralizou nas redes sociais. Em primeiro plano, as festividades do tradicional Arraial do Banho de São João, a principal festa típica do município. Ao fundo, os incêndios no Pantanal, cercando a cidade.
A área queimada esse ano no bioma já chegou a 2,3 milhões de hectares, conforme dados até sábado (22) do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais (LASA) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
O número de focos de incêndios no Pantanal neste ano já supera o registrado no mesmo período de 2020, ano recorde de queimadas em todo o bioma.
Veja vídeos de Mato Grosso do Sul:
Adicionar aos favoritos o Link permanente.