María Corina Machado: ‘A Venezuela tem um novo presidente eleito e é Edmundo González’


Líder oposicionista afirmou que não reconhece decisão do órgão que controla as eleições no país, que declarou Maduro o vencedor do pleito realizado no domingo. Nicolás Maduro vence eleição na Venezuela
A líder oposicionista da Venezuela María Corina Machado afirmou que não reconhece a decisão do Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela (CNE) de declarar Nicolás Maduro como vencedor das eleiçoes presidenciais.
“Queremos dizer ao mundo que a Venezuela tem um novo presidente eleito e é Edmundo González Urrutia”, disse Machado.
O Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela (CNE) afirmou que Nicolás Maduro foi o vencedor das eleições realizadas neste domingo (28) com 51,2% dos votos com 80% das unas apuradas. A oposição ainda não se manifestou.
O anúncio ocorre após horas de indefinição (em 2018, os resultados foram divulgados no mesmo dia da eleição, no horário de Brasília) e em meio a queixas da oposição de irregularidades na apuração dos votos por parte da oposição, que pediu a seus apoiadores para fazerem uma vigília nos locais de votação e viabilizar uma contagem paralela dos votos.
Antes da divulgação feita pelo CNE, tanto a oposição quanto o governo manifestaram otimismo com os resultados.
González afirmou que “os resultados são inocultáveis” e que “o país escolheu uma mudança em paz”
Maduro não se manifestou. Aliados, entretanto, indicaram acreditar numa vitória do presidente. “”Não podemos dar resultados, mas podemos dar rostos”, disse Jorge Rodríguez, coordenador da campanha de Maduro, apontando o dedo para o rosto e sorrindo.
Países cobraram transparência e respeito aos resultados
Durante a espera pela divulgação dos resultados, lideranças internacionais cobraram transparência e respeito aos resultados.
A vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, afirmou que “a vontade do povo venezuelano deve ser respeitada” e o subsecretário americano para a América Latina, Brian Nichols, disse que cabia às autoridades eleitorais “garantir a transparência e o acesso a todos os partidos políticos e a sociedade civil à contagem” dos votos.
O presidente chileno, Gabriel Boric, afirmou que “a entrega dos resultados desta eleição transcendental para a Venezuela devem ser transparentes, oportunas e refletir integramente a vontade popular expressa nas urnas”.
Celso Amorim, assessor especial para assuntos internacionais de Lula, disse esperar que o resultado seja respeitado por todos os candidatos.
Já o presidente da Argentina, Javier Milei, afirmou que os venezuelanos “escolheram acabar com a ditadura comunista de Nicolás Maduro.” Em resposta, o chanceler venezuelano, Yvan Gil, disse que o governo teve uma “vitória esmagadora”.
Votação teve longas filas e clima tranquilo
Apesar do clima de tensão – o pleito de 2024 foi considerado o mais desafiador para o chavismo em seus 25 anos – a votação ocorreu sem grandes episódios de violência.
Houve longas filas em vários locais de votação.
O horário oficial de votação foi das 7h às 19h, mas eleitores que estivessem na fila após o fim do horário final.
Maduro votou logo no começo do dia, e disse que reconheceria os resultados oficiais. González votou pouco depois das 14h, e afirmou acreditar que as Forças Armadas respeitariam as votações.
“Reconheço e reconhecerei o árbitro eleitoral, os boletins oficiais e garantirei que sejam respeitados”, disse Maduro a repórteres, após deixar o local de votação.
“A comunidade internacional da qual nosso país Chile é parte não aceitaria outra coisa”, garante Boric.
Nesse período, representantes de diversos países cobraram transparência na divulgação dos dados e
Em 2018, o presidente Nicolás Maduro havia recebido 6.248.864 votos, sendo eleito com 67,85% dos votos válidos. A votação teve a participação de 46% do eleitorado. Os resultados foram contestados pela oposição e por entidades internacionais.
Maduro entrou na disputa em um contexto de profunda crise econômica e humanitária na Venezuela. Em 10 anos, o Produto Interno Bruto (PIB) venezuelano teve uma queda de 80%, levando mais de 7 milhões de pessoas a deixarem o país.
Pela manhã, após votar, Maduro afirmou que reconheceria o árbitro eleitoral e garantiria que os resultados fossem respeitados. Em 17 de julho, ele declarou que o país poderia enfrentar um “banho de sangue” e uma “guerra civil” se não fosse reeleito.
Por sua vez, ao deixar o local de votação, González disse acreditar que as Forças Armadas venezuelanas respeitarão o resultado. Ele foi escolhido para encabeçar a chapa depois que as opositoras María Corina Machado e Corina Yoris foram impedidas pelo regime de Maduro de concorrer.
Filas, mas sem grandes episódios de confusão
O dia foi marcado por longas filas em algumas seções eleitorais. Os pontos de votação deveriam abrir às 6h, no horário local (7h, de Brasília), mas, cerca de 2h40 depois, 5% deles ainda não tinham sido abertos, segundo o CNE.
Em um ponto de votação em Caracas, houve confusão com empurrões e tapa na fila de eleitores antes da abertura dos portões.
“Eles não nos deixam entrar, por quê? Queremos votar, queremos ser uma nação venezuelana livre e não chavista nem madurista, para que estejamos todos juntos”, disse o eleitor Oscar Marquina, segundo a Reuters.
No mesmo local, a polícia chegou a impedir a entrada de ao menos oito representantes partidários autorizados pelo Conselho Nacional Eleitoral venezuelano (CNE), informou a agência de notícias AP.
VÍDEO: confusão entre eleitores venezuelanos
Voluntários dos partidos de oposição e pró-governo enfrentam a segurança exigindo entrar no centro eleitoral Andrés Bello, em Caracas, Venezuela, 28 de julho de 2024
Reuters/Leonardo Fernandez Viloria
Eleição na Venezuela
Juan Silva/g1
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