Avião cai no interior de SP e deixa 61 mortos, sendo 1 morador do RN

Um avião com 57 passageiros e quatro tripulantes que saiu de Cascavel, no Paraná, com destino ao Aeroporto de Guarulhos, na região metropolitana de São Paulo, caiu no início da tarde desta sexta-feira 9 na cidade de Vinhedo (SP). Não houve sobreviventes.

Inicialmente, a companhia aérea Voepass (antiga Passaredo), responsável pelo voo, havia reportado 58 passageiros, mas retificou a informação no fim da tarde. É o acidente aéreo com o maior número de vítimas em solo brasileiro desde 17 de julho de 2007, quando uma tragédia com aeronave da TAM deixou 199 mortos.

De acordo com a governadora Fátima Bezerra (PT), uma das vítimas era o representante comercial Thiago Almeida.

“É com muita tristeza que estou acompanhando as informações sobre o acidente aéreo em Vinhedos, no interior de São Paulo. Entre as 61 vítimas, está Thiago Almeida Paula, natural de Fortaleza, mas morador de Mossoró há muitos anos”, disse a governadora.

Thiago estava no Paraná para participar de uma convenção de vendedores de produtos da empresa Ghel Plus, que produz pias, válvulas e lixeiras. Ele estava voltando para casa.

O acidente com o voo de matrícula PTB 2283 aconteceu em uma área residencial. Segundo o Corpo de Bombeiros, a aeronave não atingiu nenhuma residência.

A companhia aérea diz que está prestando pelo telefone 0800 9419712, disponível 24h, informações a todos os seus passageiros, familiares e colaboradores.

A Força Aérea Brasileira (FAB) informa que, por meio do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), foi acionada para atuar na investigação. Durante cerimônia em Santa Catarina, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pediu um minuto de silêncio para as vítimas.

À noite, o presidente assinou decreto de luto oficial de três dias. O Decreto nº 12.135 foi publicado em edição extra do Diário Oficial da União. “Em memória das 61 vítimas do trágico acidente em Vinhedo, decretamos luto oficial de 3 dias no País”, escreveu o presidente em publicação nas redes sociais.

O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), que estava em um evento em Vitória, foi para Vinhedo acompanhar a operação de resgate.

O avião fez uma curva brusca nos momentos finais do voo e caiu aproximadamente 4 mil metros em cerca de 1 minuto, de acordo com informações da plataforma de monitoramento de aeronaves Flightradar.

Segundo a plataforma, o avião decolou normalmente e, após 24 minutos, subiu até atingir 5 mil metros de altitude às 12h23, e seguiu nessa altura até as 13h21, quando começou a perder altitude.

Nesse momento, a aeronave fez uma curva brusca. Às 13h22 – um minuto depois do horário do último registro – a altitude estava em 1.250 metros, uma queda de aproximadamente 4 mil metros. De acordo com o site, a velocidade dessa queda foi de 440 km/h.

PASSAGEIROS ESCAPAM DE ACIDENTE. Alguns passageiros ficaram emocionados em Cascavel logo após tomarem conhecimento do acidentes. Eles deveriam estar no avião, mas ficaram no aeroporto após perder o voo. Em um dos casos, passageiros não chegaram a tempo no aeroporto devido ao atraso de um motorista de aplicativo. Outros passageiros relataram ter confundido o guichê da companhia aérea, só acertando o local poucos instantes antes da decolagem, o que os impediu de seguir viagem. Um dos passageiros foi filmado em uma ligação por vídeo com a filha relatando sobre ter escapado do acidente.

Gelo nas asas pode ter sido causa do acidente

O chefe da divisão de investigação e prevenção do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aéreos (Cenipa), coronel Carlos Henrique Baldin, afirmou que o modelo da aeronave tinha plenas condições de lidar com a formação de gelo nas asas e que é “cedo” para afirmar se o acidente aéreo foi causado por isso.

Especialistas consultados por veículos de imprensa do Sudeste indicaram a formação de gelo na asa e a falha no sistema de degelo como uma das hipóteses que culminaram com o acidente.

“Essa aeronave é certificada para voar nessas condições. Ela tem dispositivos para eliminar [o gelo]. Ela é preparada para voar em condições severas de gelo, inclusive, em outros países”, disse Baldin. “Cedo para afirmar qualquer coisa nesse sentido. Não temos como afirmar nesse momento se isso foi decisivo ou não para a ocorrência”, complementou.

Na área onde sobrevoava o avião, em Vinhedo, havia um alerta para “formação severa de gelo”, segundo informou o site sueco Flightradar24, que rastreia voos internacionais. Segundo especialistas, a aeronave pode ter sofrido uma “perda súbita de sustentação da aeronave”, chamada de estol.

Para Raul Marinho, piloto e presidente do BGAST (Grupo Brasileiro de Segurança da Aviação Geral), a hipótese da queda ter sido causada pela formação de gelo nas asas da aeronave ATR-72, da Voepass Linhas Aéreas, é “plausível”.

“Existiam características de formação de gelo naquele momento em que o avião estava passando. Então, [a hipótese] é coerente. Olhando, à primeira vista, é bastante provável, inclusive”, afirmou ele, em entrevista ao portal UOL. l

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