Jurema Sagrada é reconhecida como Patrimônio Religioso Imaterial do RN

No último dia (6) de agosto, o Governo do Estado do Rio Grande do Norte reconheceu como Patrimônio Religioso e Cultural Imaterial do estado a Jurema Sagrada. Com isso, a partir de agora, a tradição nordestina de origem afro-ameríndia, será celebrada no dia 2 de julho em todo estado potiguar representando um marco para a cultura africana e indígena no RN. 

A Jurema Sagrada é uma tradição que reúne o uso (do chá) da jurema, arvóre típica da caatinga e agreste nordestino, com influências de rituais africanos, xamânicos e também cristãos, sendo uma tradição secular no Rio Grande do Norte. Embora resista desde da invasão do Brasil em 1500, as tradições de origem indígenas e africanas ainda sofrem ataques, represálias e enfrentam preconceitos como o racismo e a intolerância religiosa. 

No estado potiguar, Juremeiros buscam iniciativas para resistir com a prática, como já explicou Suely Juremeira, coordenadora do Encontro de Juremeiros de Natal/RN, à Agência Saiba Mais. A coordenadora contou que a roda expressa a “paridade entre seres humanos” e que cada movimento tem uma explicação:

“Ao centro ficam os mais velhos, no círculo menor; em volta, os mais novos. E o pai de santo, o juremeiro mais antigo, rege os cânticos, puxa os pontos, como a gente diz, ao som de luz, que são os atabaques da jurema, e das maracas, que são balançadas para chamar os encantados. Então, nós cantamos para caboclo, nós cantamos para mestre, nós cantamos para mestra, para banhadeiro, e assim vai”, detalha.

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2° maior mercado religioso, segundo pesquisadora

A pesquisadora e especialista em cultura afro-ameríndia Mãe Ritinha também já explicou para a Agência Saiba Mais que as religiões de matrizes africanas e ameríndias, hoje, são o 2° maior mercado religioso do país e que por isso existem as tentativas de reprimir essas manifestações culturais e religiosas. Ao programa Balbúrdia, a sacerdotisa disse: 

“As religiões neopentecostais não nos oprimem hoje porque somos descendentes de africanos e indígenas, mas porque somos o 2º maior mercado religioso do Brasil. Nos oprime hoje porque defendemos valores que contradiz todos os tabus estabelecidos pelas religiões cristãs. Uma religião na qual a mulher pode ser sacerdotisa independente da sua condição financeira, cor de pele, sexualidade, intelectualidade e qualquer outro item que a coloque em um determinado lugar é muito perigosa

A pesquisadora ainda apontou que as tradições dos povos originários respeitam a liberdade sexual e valorizam a partilha, contrariando princípios tradicionais como o de acúmulo de bens, exploração e opressão.

A capitania do Rio Grande foi a última a ser ocupada, colonizada, o que permitiu a tradição dos povos indígenas fosse mantida no estado. A Jurema Sagrada é a primeira religião brasileira e originária. Ela está no Catimbó, na Pajelança, nos Encantados, nos povos tradicionais indígenas e nos demais povos da floresta”, contou Mãe Ritinha, que também é mestre em Ciências Sociais.

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