Livro resgata história de pioneira potiguar na libertação de escravos

O legado de Belisária Lins Wanderley, uma mulher potiguar que lutou pela libertação de pessoas escravizadas antes da Lei Áurea, ganha destaque na obra “Escritos para Belisária: a Baronesa da Liberdade”. Organizada pela Associação Literária e Artística de Mulheres Potiguares (Alamp), a coletânea será lançada nesta sexta-feira (20), na Pinacoteca do Estado, em Natal.

A redescoberta de uma mulher vanguardista

Belisária, que nasceu em 13 de outubro de 1836, em Assú, Rio Grande do Norte, viveu uma vida marcada pela resistência ao sistema escravocrata, sendo uma das primeiras a lutar pela libertação dos escravizados na região. Antes do movimento abolicionista alcançar a força nacional, ela já libertava trabalhadores escravizados em suas terras.

Sua atitude, corajosa e revolucionária para a época, contrastava com o conservadorismo que ainda dominava as elites brasileiras do século XIX. Apesar de sua relevância histórica, a figura de Belisária permaneceu no esquecimento até ser redescoberta pela Alamp, que organizou a publicação da obra.

A coletânea “Escritos para Belisária” oferece uma visão abrangente da vida e obra dessa mulher, reunindo ensaios, poesias, biografias, contos, artigos e cordéis. A diversidade dos gêneros literários reflete o esforço em apresentar a multifacetada história de Belisária, assim como sua importância para o abolicionismo e a cultura potiguar.

Arte e cultura feminista no resgate de memórias

A obra não é apenas um resgate histórico, mas também um marco cultural. A capa de “Escritos para Belisária” retrata a força da baronesa. O miolo do livro conta com ilustrações de Socorro Evangelista, artista plástica e membro fundadora da Alamp, trazendo ainda mais vivacidade à narrativa visual e artística. Cada traço e escolha estética ressalta o protagonismo feminino, não só no campo político e social, mas também no espaço artístico.

A coletânea foi fruto de uma pesquisa extensa e colaborativa entre escritoras e artistas da Alamp, cujo propósito era apresentar uma Belisária que, mesmo diante das adversidades de sua época, conseguiu ser uma voz poderosa contra a escravidão.

O evento de lançamento acontece na Pinacoteca do Estado, um espaço simbólico para a cultura potiguar, e conta com o apoio da Secretaria de Estado da Cultura (Secult) e da Fundação José Augusto (FJA). A Pinacoteca, localizada no Palácio da Cultura, é um marco arquitetônico e cultural na cidade de Natal. Além disso, outro patrimônio relacionado à figura da baronesa estará em destaque: a Casa de Cultura Popular Sobrado da Baronesa, em Assú, que pertenceu a Belisária e hoje é tombada pelo Patrimônio Estadual.

O resgate da história de Belisária Lins Wanderley não é apenas uma ação de reparação histórica, mas também uma afirmação do feminismo contemporâneo. Desde o século XIX, as mulheres potiguares lutam por liberdade e igualdade. A história da baronesa de Serra Branca, esquecida por tanto tempo, é um exemplo de como vozes femininas que ousaram desafiar as normas sociais de suas épocas foram silenciadas.

Ao trazer Belisária ao conhecimento do público, as organizadoras de “Escritos para Belisária” reafirmam que o feminismo é também sobre memória. A obra se coloca como um gesto político de reconstrução e resistência, ao mesmo tempo em que celebra a força das mulheres potiguares.

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