Francisca Gavilán em Violeta foi para o Céu
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Idealizadora do projeto, a produtora Marília Hughes conversou com o Jornal A TARDE e trouxe mais informações sobre o processo de curadoria junto aos consultores do PanLab citados. “Para compor a mostra, pedimos que eles indicassem filmes nos quais atuaram criativamente e que seriam interessantes para debater com o público. O que queremos com isso é criar um espaço mais amplo, aberto ao público interessado, de conversa com os consultores convidados sobre essas etapas fundamentais do fazer cinematográfico, roteiro e montagem, à luz de experiências concretas. São cinco filmes, cada um deles indicado por um consultor, que irá debater o longa após a sessão”, explica Marília.Presença baianaAlém das obras citadas, a Mostra PanLab vai contar com a exibição de dois longas baianos que passaram pelo laboratório: Receba! (2021), filme de Pedro Perazzo e Rodrigo Luna; e Café, Pepi e Limão (2024), dirigido por Adler Kibe Paz e Pedro Léo. As sessões vão contar com debates com a participação dos realizadores locais. “Vale ressaltar que o PANLAB surge com foco no aprimoramento de projetos da Bahia ou de pessoas nascidas na Bahia. Nasceu desse desejo de impulsionar a cena local”, frisa Marília Hughes. “O projeto tem crescido e alcançado outros estados, mas sempre mantendo um percentual de vagas para projetos da Bahia. Ao longo dessas doze edições, é notório como os projetos vêm ganhando em qualidade. Acredito que o Laboratório, com mais de uma década de atividade, tem se tornado um espaço importante de formação de profissionais no estado”, comemora.Novas consultoriasAlém da presença de Eliseo Altunaga (Cuba), Iana Cossoy Paro (SP), Aleksei Abib (SP) e Joana Collier (RJ) como participantes dos debates, os profissionais vão compor a equipe de consultoria para a edição deste ano do PanLab. “Eles possuem grande experiência tanto como consultores quanto como roteiristas e montadores. Esse ano, contaremos pela primeira vez com a presença de Eliseo Altunaga, que é decano da cadeira de Roteiro da Escola Internacional de Cinema e Televisão de San Antonio de los Baños”, pontua Marília Hughes, e destaca que as consultorias de roteiro acontecem individualmente. “Dessa forma, cada roteirista e diretor de um projeto selecionado terá três visões especializadas sobre o seu trabalho. São visões que poderão ser complementares ou não. Daí volto à questão da escuta atenta, da necessidade de estabelecer conexões e filtrar o que faz sentido para aquilo que se está buscando contar”, aponta a produtora.Já a consultoria de montagem segue um caminho coletivo. Marília explica: “O Panlab de montagem acontece de uma maneira diferente. As consultorias são em grupo. Cada filme selecionado é visto e discutido coletivamente. Posteriormente, há um momento individual da equipe de montagem e direção do filme com a consultora Joana Collier, que irá direcionar e ordenar as ideias. O rico desse processo é que ao refletir sobre o filme do outro, entende-se melhor o seu próprio trabalho”, complementa Marília. Os projetos selecionados pelo PanLab de montagem serão exibidos para os seus respectivos diretores e montadores na tela do Cine Glauber Rocha.Com o laboratório de Montagem chegando esse ano à sua sétima edição e o de Roteiro alcançando a marca de doze edições realizadas, o PanLab se consolida como um tradicional evento nesse pensar cinematográfico proposto. “Ao longo de doze edições, 150 filmes passaram pelas consultorias. Não é possível afirmar que a origem desses filmes seja o projeto, mas, ao passarem pelo laboratório, eles encontram um espaço generoso e cuidadoso de acolhimento e compartilhamento das ideias em desenvolvimento”, define Marília.”Trata-se de um espaço crítico e reflexivo, com um foco no aprimoramento dos trabalhos de roteiro e montagem. Muitas vezes, o autor tem a intenção de comunicar algo, mas isso não está visível ou compreensível. É preciso esse outro olhar de alguém com um certo distanciamento para apontar questões que escapam quando estamos mergulhados em um processo criativo. Mas é sempre um processo de escuta com uma abertura e generosidade dos dois lados. O autor tem que saber filtrar o que ele escuta e selecionar o que lhe serve. Há processos mais profundos que outros, e isso depende da qualidade dessa escuta. Muitos dos filmes que passaram pelo PanLab têm alcançado reconhecimento em importantes festivais e nos orgulha muito ser parte da trajetória dessas obras”, finaliza Hughes.