São Paulo x Talleres: jogador denuncia xenofobia em jogo da Libertadores

O lateral-esquerdo Miguel Navarro, do Talleres, se pronunciou a respeito do ocorrido durante a partida contra o São Paulo, pela Copa Libertadores da América, na noite desta terça-feira, no MorumBis. O venezuelano relatou ofensas xenofóbicas por parte do são-paulino Bobadilla na vitória dos paulistas.

JOGADOR DESABAFA

Por meio de uma publicação numa rede social, o jogador se mostrou bastante decepcionado. O atleta do time argentino criticou o paraguaio do São Paulo: “Queria ter, em minhas mãos, a solução da fome que vive meu país. Espero que Deus me dê abundância para poder ajudar. Não creio que possa fazer muito contra a pobreza mental”, iniciou.

“Nunca me envergonharei das minhas raízes. Vou até as últimas consequências contra o ato de xenofobia que vivi hoje no Brasil por parte de Damían Bobadilla. No futebol, não há espaço para discursos de ódio”, concluiu o defensor da equipe de Córdoba.

GEROU CONFUSÃO

Nos momentos finais do segundo tempo, uma confusão foi iniciada, com os jogadores se manifestando em tom de cobrança contra Bobadilla. Navarro até tentou deixar o campo, mas foi impedido pelo árbitro chileno Piero Maza. O atleta, que chorava, continuou até o fim; à transmissão de TV, concedeu entrevista e foi sucinto: “Não quero falar, ele sabe o que disse. Foi com Bobadilla. Não quero falar do jogo”, disse.

O lateral-direito Augusto Schott e o técnico interino Mariano Levisman lamentaram a situação. “Quero falar sobre o racismo que sofremos. Talvez doa o dobro porque estamos aqui onde se promove muito contra o racismo. Um companheiro nosso está muito triste. Não quero deixar passar isso”, desabafou Schott.

Após o apito final, Miguel foi ao Juizado Especial Criminal do MorumBis para registrar esta ocorrência. O atleta relatou aos policiais ter sido chamado de “venezuelano morto de fome”. Por se tratar de ofensa, o caso também será apurado pela Conmebol, com o clube publicando nota de apoio.

“Nos solidarizamos profundamente com Miguel e sua família neste momento. Nos manifestamos contra qualquer forma de discriminação. Não há lugar para ódio no futebol”, diz um trecho. Já o técnico do São Paulo, por outro lado, preferiu desconversar, inclusive reclamando por ter sido questionado sobre o tema.

Integrante do mesmo grupo que São Paulo e Talleres na Libertadores, o Alianza Lima teve o desfalque de Pablo Cepellini recentemente. O uruguaio foi suspenso por quatro meses por chamar pejorativamente de “boliviano” um adversário do Boca Juniors.

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