O Governo de Minas Gerais anunciou nesta terça-feira (27) a decretação de estado de emergência devido ao registro de um caso de gripe aviária num pássaro ornamental na região metropolitana de Belo Horizonte.O anúncio foi feito pelo vice-governador, Mateus Simões (Novo), que substitui interinamente o titular, Romeu Zema (Novo), que está em viagem a El Salvador. No último dia 16, o Ministério da Agricultura e Pecuária confirmou o primeiro foco de gripe aviária em granja comercial no país.A detecção ocorreu nesta segunda-feira (26) num sítio localizado na região metropolitana da capital mineira, segundo a Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento e o IMA (Instituto Mineiro de Agropecuária).O caso não é o primeiro registrado no estado, já que há dois anos um pato de vida livre da espécie Cairina moschata foi diagnosticado com gripe aviária.O Ministério da Agricultura e Pecuária fez 4.015 investigações de suspeitas de síndrome respiratória e nervosa de aves, com foco na gripe aviária e na Doença de Newcastle. Há 11 investigações em andamento, com coleta de amostras ainda sem resultado laboratorial conclusivo.De acordo com Simões, todas as ações necessárias para que não haja contaminação de mais aves foram tomadas.”Não há nenhum risco do consumo de carne de aves ou de ovos. Não há risco de contágio humano a partir do consumo de carne ou de ovos”, disse.O contágio, de acordo com ele, ocorreu devido à passagem de aves migratórias. Simões afirmou que, caso as pessoas encontrem aves mortas, que acionem a Vigilância Sanitária e não mexam nelas.Até o momento, não há comprometimento da produção avícola do estado, de acordo com a secretaria. A decretação de situação de emergência sanitária animal é necessária, ainda conforme a pasta, para que Minas Gerais realize todas as ações de prevenção, contenção e enfrentamento à doença.”Casos como esses foram já detectados em outros estados do Brasil e nós não temos nenhuma notícia de nenhuma situação, além daquela do Rio Grande do Sul, de que tenha havido contaminação de aves comerciais”, afirmou Simões.A transmissão das aves para os humanos não é comum, mas pode ocorrer em pessoas expostas a uma grande carga viral ou que estejam com baixa imunidade. A influenza aviária não é transmitida pelos alimentos, desde que esses sejam bem cozidos.O QUE É O H5N1?O H5N1é uma variante do vírus da gripe comum. Brandão explica que todos os tipos da família influenza apresentam um nome e um sobrenome, ou seja, um ‘H’ e um ‘N’.Na vacina anual contra a gripe, um dos vírus de influenza mencionados é o H1N1. Enquanto o H5N1, que é bastante comum em aves, é outra forma em que um vírus da gripe pode aparecer.DESDE QUANDO O VÍRUS CIRCULA?Circula agora uma mutação do H5N1, mas existe um ancestral do vírus que já é conhecido desde 1996, infectando gansos. “O vírus atual existe desde 2020, tomou África, Ásia e Europa e, entre 2022 e 2023, chegou ao continente americano”, afirma Brandão.No Brasil, há registro em animais silvestres desde 2023, quando houve a confirmação da doença no Espírito Santo. Houve casos em ao menos sete estados.QUAL É O NÍVEL DE FATALIDADE ENTRE AS AVES?De acordo com o professor, trata-se de um vírus extremamente letal para esses animais, que se transmite muito rapidamente nessas populações. “Galinhas, frangos e outras aves mantidas em criação humana são altamente suscetíveis e é comum que essa alta letalidade seja ainda mais observada em granjas”. O motivo são as condições de criação, com muitos animais em pouco espaço.É SEGURO CONSUMIR CARNES E OVOS DE AVES APÓS A CONFIRMAÇÃO DO VÍRUS?Sim. Órgãos de governos como o Ministério da Agricultura e a Secretaria de Agricultura do Rio Grande do Sul informaram que o consumo de carne de aves e ovos armazenados em casa ou em pontos de venda é seguro. Paulo Eduardo Brandão, professor da Faculdade de Medicina Veterinária da USP, explica que a influenza aviária não é transmitida para pessoas pelo consumo de carne ou de ovos, mesmo nos casos em que a ave estiver infectada. “Isso acontece sobretudo porque o consumo de qualquer carne de frango deve ser bem passada, não só pensando na gripe aviária, como também em outras doenças.”
Minas Gerais decreta emergência após caso de gripe aviária em pássaro ornamental
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