Ao final do seu show no Vale do Anhangabaú neste domingo, 25, Liniker não conseguiu segurar as lágrimas. Para uma multidão de 120 mil pessoas, a cantora agradeceu a presença dos fãs e celebrou o recorde de público desta edição da Virada Cultural. “Essa é a minha maior plateia até hoje. Muito obrigada”, disse, entre uma lágrima e outra. “Muito obrigada por fazer parte da minha vida. Muito obrigada pelos últimos 10 anos”. Ainda segundo a organização do evento, o público presente foi o maior do Vale do Anhangabaú nos últimos cinco anos.Com direito ao bater de inúmeros leques na multidão, o show da cantora foi apoteótico. Apostando em canções do seu último álbum, o aclamado Caju, Liniker controlou o público do Centro Histórico de São Paulo com maestria. “Hoje São Paulo vai gritar muito para uma travesti preta”, exclamou a cantora ao longo do show. E, de fato, São Paulo gritou. Cada canção era acompanhada com entusiasmo pelo fãs, que chegaram cedo no Anhangabaú para guardar um bom lugar. A apresentação começou às 16h08 e, quase uma hora e meia depois, o público continuava a repetir cada palavra de Liniker. Em diversos momentos, a cantora deixava para seus fãs completarem seus versos e não conseguia esconder o sorriso ao perceber que os presentes sabiam cada vírgula de suas composições.Se na noite de sábado, 24, a grande atração do palco principal do centro foi Belo, a tarde de domingo, 25, foi de Liniker. O frio da noite paulistana deu lugar ao calor e milhares de jovens alternativos substituíram os pagodeiros fãs do ex-Soweto. Sensação de segurançaEntre o público da cantora, a sensação de segurança foi citada como um dos pontos positivos da 20.ª edição do evento. O pesadelo de 2022, onde cenas de arrastões marcaram a Virada Cultural, estavam longe de acontecer. O segundo dia do evento seguiu a mesma lógica do primeiro, com uma quantidade ostensiva de policiais patrulhando o Vale do Anhangabaú e a região central da cidade. Para além da presença da polícia, com um efetivo de 10 mil profissionais de segurança para os 21 palcos espalhados pela cidade, a Virada de 2025 também teve 26 mil câmeras do Programa Smart Sampa, segundo a Prefeitura.Seguindo a lógica das últimas edições, a prefeitura de São Paulo isolou o palco principal da região, cercando-o de tapumes e grades. Na edição comemorativa de vinte anos da Virada Cultural, a disposição do evento mais se assemelhava a um festival privado de música.Problemas com a limpezaBoa parte do público elogiou a nova organização, mas o mesmo não foi dito sobre o estado de limpeza da arena central. Com quase 24h de espetáculo contínuo, lixos dos mais variados se acumulavam no chão do local. Se é bem verdade que a situação não estava tão crítica quando de madrugada, a sujeira ainda era notável. ]O pior, no entanto, foi reservado para os banheiros. Dezenas de cabines químicas foram espalhadas por toda a Arena e a localização delas foi acertada, com pouco tempo de espera nas filas para o banheiro. O odor das cabines, entretanto, se tornou impraticável no segundo dia. Nas regiões próximas aos banheiros, poucos se aventuravam a passar muito tempo devido ao péssimo cheiro. Outros shows do dia no AnhangabaúCom apenas um ponto de hidratação ao redor de toda a Arena, o forte calor castigou os fãs de Duquesa, Liniker e João Gomes ao longo do dia. Apesar disso, o clima ao longo do domingo foi agradável e divertido. Às 9h, o Olodum abriu os trabalhos do palco principal. Foi somente com Duquesa, às 12h, que o público verdadeiramente se animou. Uma das melhores novidades do rap brasileiro dos últimos anos, a cantora de 25 anos se saiu bem após ser escalada de última hora para substituir Marina Lima, que chegou a ser anunciada como a atração do horário, mas não fechou o contrato com a prefeitura. Com um discurso antirracista e feminista, a cantora apostou em suas canções mais famosas como Fuso, Taurus e 99 Problemas. A apresentação também contou com a participação de DJ Midi e do rapper Danzo.
Liniker reúne maior público da Virada Cultural 2025 num show poderoso
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