O cinema brasileiro alcançou um marco histórico no 78º Festival de Cannes, encerrado neste sábado, 24 de maio de 2025. O longa-metragem O Agente Secreto, dirigido por Kleber Mendonça Filho, conquistou os prêmios de Melhor Direção e Melhor Ator, este último entregue a Wagner Moura. É a primeira vez que um filme brasileiro vence em ambas as categorias na competição oficial do festival.
Ambientado no Recife de 1977, durante a ditadura militar, O Agente Secreto acompanha Marcelo (Wagner Moura), um professor universitário perseguido pelo regime. O filme mistura elementos de suspense, humor negro e body horror para retratar a repressão política e a vigilância estatal da época. A produção é uma coprodução entre Brasil e França, com apoio do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA), e contou com gravações em Recife e São Paulo.
O elenco inclui Maria Fernanda Cândido, Gabriel Leone, Isabél Zuaa e o alemão Udo Kier. A crítica internacional elogiou a obra, destacando-a como uma “obra-prima imponente” e um “brilhante drama brasileiro sobre um acadêmico em fuga nos anos 1970”.
Além dos prêmios, o Brasil foi homenageado como País de Honra no Marché du Film, o maior mercado de negócios do setor audiovisual mundial, que ocorre paralelamente ao Festival de Cannes. A escolha celebra os 200 anos das relações diplomáticas entre Brasil e França e destaca o dinamismo da indústria audiovisual brasileira. O Ministério da Cultura selecionou 33 profissionais para integrar programas especiais do evento, promovendo intercâmbio e internacionalização da produção nacional.
O curta-metragem Samba Infinito, ambientado durante o Carnaval no Rio de Janeiro e estrelado por Camila Pitanga e Gilberto Gil, foi selecionado para a Semana da Crítica, reforçando a presença brasileira em diferentes mostras do festival.
O sucesso em Cannes se soma a outras conquistas recentes do cinema brasileiro. Em fevereiro, Ainda Estou Aqui, de Walter Salles, venceu o Oscar de Melhor Filme Internacional, tornando-se o primeiro filme brasileiro a ganhar essa categoria. Esses reconhecimentos internacionais refletem o fortalecimento do setor audiovisual no país, impulsionado por políticas públicas de fomento e coproduções internacionais.
A representatividade dessas conquistas é significativa para as comunidades periféricas, onde o acesso à cultura e à produção audiovisual ainda enfrenta desafios. O reconhecimento internacional pode abrir portas para novas narrativas e talentos oriundos das favelas, promovendo uma diversidade maior nas telas e nos bastidores do cinema.
O Festival de Cannes 2025 marca, um momento de celebração e esperança para o cinema brasileiro, evidenciando seu potencial criativo e sua capacidade de dialogar com o mundo.
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