Sebastião Salgado, um dos maiores fotógrafos documentais do mundo, faleceu nesta sexta-feira (23), aos 81 anos, em Paris, onde vivia com a esposa, a também fotógrafa e curadora Lélia Wanick Salgado. A causa da morte foi complicações decorrentes de um AVC (Acidente Vascular Cerebral), segundo nota divulgada pela família. Salgado estava hospitalizado desde o início do mês e não resistiu.
Uma vida dedicada à fotografia humanista
Nascido em Aimorés, interior de Minas Gerais, em 1944, Sebastião Ribeiro Salgado Júnior formou-se em economia, mas foi na fotografia que encontrou sua verdadeira vocação. Nos anos 1970, trocou a carreira de economista internacional pela câmera fotográfica, inicialmente registrando cenas da América Latina, especialmente no sertão nordestino e na Amazônia.
Sua trajetória profissional inclui passagens pelas mais prestigiadas agências fotográficas do mundo, como Sygma, Gamma e Magnum. Seu olhar humanista e político marcou grandes séries fotográficas como “Trabalhadores”, “Êxodos”, “Gênesis” e “Gold”, que denunciaram as desigualdades sociais e ambientais, mas também exaltaram a força e a dignidade humanas.

Salgado esteve em zonas de conflito e pobreza extrema, documentando o genocídio em Ruanda, a fome no Sahel africano e os fluxos migratórios globais. Seu trabalho tornou-se referência mundial de fotografia documental, com imagens em preto e branco de forte impacto estético e político.
Prêmios e reconhecimentos
Ao longo de mais de cinco décadas de carreira, Sebastião Salgado recebeu os principais prêmios do fotojornalismo mundial. Entre eles, o Prêmio Príncipe das Astúrias das Artes, na Espanha (1998), vários World Press Photo, além da Comenda da Legião de Honra da França e o título de Embaixador da Boa Vontade da UNICEF.
Em 2021, recebeu o prestigioso Prêmio da Paz dos Livreiros Alemães, honraria concedida a personalidades que contribuem para a paz e a justiça social.
Seu legado também inclui a criação, ao lado de sua esposa Lélia, do Instituto Terra, uma organização que promoveu a recuperação de áreas degradadas na Mata Atlântica, em Minas Gerais. O projeto foi responsável por plantar mais de 2,7 milhões de árvores e se tornou referência mundial em restauração ambiental.
Os últimos dias e a despedida
Nos últimos anos, Sebastião Salgado dedicou-se principalmente ao ativismo ambiental e à realização de exposições internacionais, como “Amazônia”, projeto em que passou anos fotografando os povos indígenas e a biodiversidade da floresta brasileira.
Em entrevistas recentes, manifestava preocupação com a crise climática e o avanço do desmatamento, mas também expressava esperança na capacidade humana de transformação.
O fotógrafo foi internado há três semanas em Paris, após sofrer um AVC. Apesar do tratamento intensivo, não resistiu às complicações.
O velório será restrito à família e amigos próximos. Um ato público em sua homenagem será organizado no Brasil, em data a ser definida.
Um legado eterno
Sebastião Salgado deixa um legado inestimável para o Brasil e o mundo, não apenas como fotógrafo, mas como militante incansável pela justiça social e ambiental. Seu olhar sobre a humanidade continuará vivo em milhões de imagens que documentam a beleza, a dor e a resistência dos povos invisibilizados.
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