O hábito de cultivar plantas permeia a vida de milhares de pessoas ao redor do mundo. A prática, que aparentemente parece simples, traz inúmeros benefícios e pode inclusive, ajudar a viver melhor. Na Noruega, após o país diagnosticar diversos idosos com demência, comunidades vêm integrando a jardinagem aos cuidados de saúde após estudiosos reconhecerem os benefícios cognitivos da prática. “As prescrições de natureza podem aumentar a atividade física e a conexão social, ao mesmo tempo em que reduzem o estresse, o que tem vários efeitos positivos sobre a pressão arterial, o controle do açúcar no sangue e o peso saudável, reduzindo o risco de doenças que podem levar à demência”, diz a médica de família Melissa Lem, de Vancouver, que é pesquisadora da Universidade de British Columbia, no Canadá, onde ela estuda as oportunidades e as barreiras em torno das prescrições baseadas na natureza.”Todos nós sabemos que mais atividade física melhora a saúde física e mental, mas a jardinagem potencializa esses benefícios”, ela explica.EstudoOs dados vem mostrando as vantagens da prática da jardinagem. Um estudo inédito da Universidade de Edimburgo, na Escócia, investigaram se poderia haver relação entre a prática e as mudanças na inteligência ao longo da vida. O estudo comparou as pontuações dos testes de inteligência dos participantes aos 11 anos e aos 79 anos. Os resultados mostraram que aqueles que se dedicavam à jardinagem apresentavam uma melhora maior na capacidade cognitiva ao longo da vida, do que aqueles que nunca ou raramente faziam jardinagem.Quer mais notícias sobre Saúde? Acesse nosso canal no WhatsApp”Participar de projetos de jardinagem, aprender sobre plantas e cuidar do jardim de uma forma geral envolve processos cognitivos complexos, como memória e função executiva”, afirmou Janie Corley, principal pesquisadora do estudo, em comunicado à imprensa.Segundo Corley, alguns destes benefícios podem vir da teoria de “use ou perca” a estrutura cognitiva, que sugere que a força das nossas habilidades mentais na fase adulta depende frequência com que as usamos. Quando deixamos de praticar tarefas que estimulam determinadas partes do cérebro, essas partes começam a perder sua funcionalidade, mas se envolver regularmente nessas atividades — como resolução de problemas, aprendizado de uma nova habilidade ou criatividade — na idade adulta pode ter o efeito contrário.BenefíciosA jardinagem parece oferecer benefícios cognitivos específicos. Por um lado, os jardineiros parecem apresentar ganhos nos níveis nervosos do fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF, na sigla em inglês), uma proteína que desempenha um papel importante no crescimento e na sobrevivência dos neurônios.Eles também apresentam incrementos no fator de crescimento do endotélio vascular (VEGF, na sigla em inglês), uma proteína associada à melhora do funcionamento cognitivo.Um estudo realizado no ano de 2006 pela Universidade de Nova Gales do Sul que acompanhou pacientes dos sexos femininos e masculinos na faixa dos 60 anos, revelou que aqueles que faziam jardinagem diariamente tinham um risco 36% menor de desenvolver demência do que aqueles que não faziam. Também foi demonstrado que a jardinagem melhora a atenção, diminui o estresse, as quedas e a dependência de medicamentos.Além da redução do estresse, Lem sugere que a imersão na natureza pode ajudar a melhorar o foco. De acordo com a Teoria da Restauração da Atenção, nossos cérebros têm uma capacidade finita de atenção direcionada em ambientes urbanos movimentados, e a natureza ajuda a neutralizar isso, ela explica.Lem sugere ainda que os benefícios da jardinagem para a saúde também podem vir da forma como ela se presta a outros comportamentos que promovem a saúde, como a atividade física. Entre os benefícios, estão o desenvolvimento de maior destreza manual, massa muscular e resistência aeróbica, além de promover maior mobilidade.Ainda assim, para as pessoas que já sofrem de demência, pesquisas sugerem que esses benefícios têm um valor extra, melhorando o humor, o comportamento e a capacidade de comunicação. Agora, “fazendas de repouso” dedicadas a pessoas com demência estão surgindo em toda a Europa e no Reino Unido.
Como cuidar de plantas ajuda a viver mais e melhor
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