Toledo participa de estudo nacional sobre custo da tuberculose no SUS

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Toledo recebeu nesta semana a visita de professoras que integram o corpo docente da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), que iniciaram a primeira etapa da “2ª Pesquisa Nacional de Custos de Pacientes com Tuberculose”, considerada estratégica para o Ministério da Saúde e a Organização Mundial da Saúde (OMS). O levantamento busca medir o volume dos chamados “custos catastróficos”, ou seja, os gastos que saem do bolso das pessoas diagnosticadas com tuberculose, mesmo que o tratamento seja gratuito e disponibilizado exclusivamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). 

Segundo dados do estudo anterior, realizado pelo do Laboratório de Epidemiologia (LabEpi) da UFES entre 2019 e 2021, essas despesas superaram 20% da renda familiar para quase metade (48%) dos pacientes entrevistados, cenário que a OMS quer reverter com a meta global de eliminar tais custos. Durante quatro dias, as pesquisadoras Letícya dos Santos Almeida Negri (investigadora principal) e Leticia Molino Guidoni (coordenadora do estudo) percorreram nove unidades de saúde de Toledo, ouvindo pacientes em tratamento. “Agora, fomos convidadas a fazer novamente esse trabalho com o intuito de saber quanto os pacientes de tuberculose gastam para fazer o tratamento, durante o tempo que for necessário. Sabemos que o tratamento é gratuito, mas existem gastos que chamamos de ‘invisíveis’, que aparecem em vários momentos, como os relacionados a deslocamento e alimentação”, explica Letícya. “Esperamos, com esse trabalho, que esse monitoramento seja feito para ver como as políticas públicas tiveram impacto ou não após o primeiro inquérito”, observa.

Ao todo, 12 pessoas que já estão em tratamento há mais de 15 dias participaram das entrevistas realizadas nas unidades dos bairros Jardim Maracanã, Jardim Porto Alegre, Centro, Vila Paulista, Jardim Santa Clara IV, Jardim São Francisco, Jardim Pancera, Jardim Cosmos e Jardim Panorama. No município, atualmente há 19 pessoas diagnosticadas com a doença. Contudo, seis delas não puderam participar nesta etapa, pois receberam diagnóstico há menos de 15 dias, enquanto um paciente encontra-se hospitalizado. A meta é entrevistar 22 pacientes em Toledo, sendo que os 10 restantes serão entrevistados em uma segunda visita, ainda sem data definida.

As impressões sobre a realidade local foram apresentadas na tarde de quinta-feira (22), em reunião no gabinete da secretária municipal da Saúde, Adriane Monteiro Santana. O encontro também contou com a presença do diretor da Vigilância em Saúde da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Junior Palma; da integrante da Coordenação do Departamento de Atenção Primária em Saúde, Naila Teixeira Mendes Cavallini; e da enfermeira responsável pelo setor de hanseníase e tuberculose da Vigilância Epidemiológica, Juliana Beux Konno.

O diretor da Vigilância em Saúde da SMS, Junior Palma, destacou que todas as unidades de atenção primária de Toledo estão preparadas para o diagnóstico e atendimento de pessoas com quadro suspeito ou confirmado da doença. “Nos últimos anos, realizamos capacitações com as equipes das unidades de saúde e também de estabelecimentos privados, garantindo maior segurança e eficiência no atendimento aos pacientes”, afirma. “Para o nosso município é muito importante receber uma pesquisa dessa magnitude, porque vai nos mostrar como é o perfil do nosso paciente que está em tratamento de tuberculose hoje. Há uma troca de informações, porque elas passaram por outros municípios e vêm trazendo a experiência delas, somando com a realidade que nós temos hoje aqui no nosso município”, observa.

A pesquisa – Além de Toledo, outros 45 municípios brasileiros farão parte da pesquisa, que pretende entrevistar, ao todo, 849 pacientes. Trata-se do segundo estudo nacional do gênero liderado pelo LabEpi/Ufes – o Brasil é o único país do mundo a repetir a experiência, o que permitirá comparações entre diferentes períodos históricos e a avaliação do impacto das políticas públicas implementadas nos últimos anos. Em 2023, como parte das estratégias de redução do “gasto catastrófico”, o governo federal lançou o programa “Brasil Saudável”, que promove a integração entre o SUS e o Sistema Único de Assistência Social (Suas) para atender pacientes acometidos por 17 doenças, entre elas a tuberculose.

De acordo com as pesquisadoras da Ufes, os municípios que integram o estudo foram selecionados pelo Ministério da Saúde com base na incidência da doença. A expectativa é que, com os dados coletados, seja possível avançar nas políticas públicas, reduzir o impacto financeiro sobre os pacientes e colaborar para o cumprimento da meta proposta pela OMS de zerar o “custo catastrófico” até 2035 em todo o mundo.

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