Assassino de Marielle, Ronnie Lessa pega 90 anos por duplo homicídio

A escalada da violência urbana e das disputas internas entre grupos criminosos no Rio de Janeiro ganha mais um capítulo com a condenação de dois ex-agentes públicos envolvidos em um crime brutal. A decisão reforça o papel das milícias como agentes de terror nos territórios onde atuam, utilizando armamentos de guerra em disputas de poder.O ex-policial militar Ronnie Lessa foi condenado a 90 anos de prisão em regime fechado pelas mortes do também ex-PM André Henrique da Silva Souza e de sua companheira, Juliana Sales de Oliveira, executados dentro de um carro em Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio, em 2014. A sentença foi proferida pelo 3º Tribunal do Júri da capital fluminense, após um julgamento que durou mais de 18 horas e foi presidido pela juíza Tula Correa de Mello.CONTEÚDO RELACIONADOJovem de 22 anos morre durante treino em academiaHomem ameaça explodir bomba na Esplanada dos MinistériosFilhos são presos no RJ por manterem cadáver do pai em casaNo mesmo processo, o ex-vereador Cristiano Girão foi sentenciado a 45 anos de prisão. Ambos acompanharam a sessão de forma remota, já que se encontram detidos – Lessa, na Penitenciária de Tremembé (SP), por sua participação no assassinato da vereadora Marielle Franco; Girão, em uma unidade do Complexo de Gericinó, no Rio.Quer mais notícias nacionais? Acesse o canal do DOl no WhatsApp.

USO DE ARMAMENTO MILITARSegundo o Ministério Público, o crime foi encomendado por Girão, que via André como um rival em sua área de atuação miliciana. Coube a Lessa executar o atentado, disparando com armamentos de uso militar. A juíza destacou o uso de armamento de guerra na execução, apontando que ao menos 33 tiros foram efetuados.”Afronta direta ao estado do Rio de Janeiro organizações criminosas terem em sua posse armas de grosso calibre, utilizadas em contexto de guerras como da Ucrânia e Rússia, utilizando-as para o cometimento de intuitos criminosos”, declarou a magistrada. Ela também mencionou a brutalidade da ação, sublinhando que os corpos das vítimas ficaram irreconhecíveis.CONDENAÇÃO NO CASO MARIELLEA nova condenação de Ronnie Lessa se soma à pena que ele já cumpre pelo assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes, ocorrido em 14 de março de 2018. Em outubro de 2024, ele recebeu 78 anos, nove meses e 30 dias de prisão por esse crime, que teve grande repercussão nacional e internacional.

Naquela ocasião, a condenação envolveu também a tentativa de homicídio da assessora de Marielle, Fernanda Chaves, que sobreviveu, além da receptação do carro usado no crime.Com as novas penas, Lessa ultrapassa os 160 anos de condenações. As decisões judiciais apontam para um padrão de violência extrema e envolvimento direto com milícias armadas que atuam com lógica de guerra nas periferias do Rio.

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