Por Ana Oliveira
Pragmatismo Político
Uma mulher procurou uma Unidade Básica de Saúde (UBS) em Itajaí, no litoral de Santa Catarina, para solicitar a simulação de uma vacinação em uma boneca do tipo “bebê reborn”. O caso ocorreu em janeiro deste ano, mas só agora foi revelado.
De acordo com nota oficial da administração municipal, a mulher, cuja identidade não foi divulgada, compareceu ao posto acompanhada da filha de quatro anos. Ela solicitou que fosse realizada uma simulação da aplicação de vacina na boneca, alegando que o pedido partiu da criança, e que o objetivo seria filmar a cena para publicação nas redes sociais.
Inicialmente, os profissionais da UBS pediram a carteira de vacinação, supondo que o pedido era para a menina. No entanto, a mulher esclareceu que a intenção era simular a vacinação no boneco. A solicitação foi negada pela equipe técnica, que argumentou que a prática resultaria em desperdício de insumos públicos, como seringas e agulhas, que são de uso exclusivo para seres humanos.
Segundo a prefeitura, diante da recusa, a mulher se exaltou e tentou convencer a equipe dizendo: “É só abrir uma seringa, só abrir uma agulha e fingir que deu”. Ainda assim, nenhum profissional do posto aceitou realizar o procedimento.
A administração da unidade registrou o ocorrido e notificou outros gestores da rede municipal de saúde, alertando para a possibilidade de a mesma pessoa tentar realizar o mesmo pedido em outras unidades.
A temática dos “bebês reborn” tem ganhado visibilidade nas redes sociais, com vídeos de adultos oferecendo às bonecas um tratamento humanizado, incluindo passeios em carrinhos, alimentação simulada e, em alguns casos, tentativas de uso de serviços públicos.
O crescimento do fenômeno levou à apresentação de projetos de lei em diferentes esferas legislativas com o objetivo de impedir o uso das bonecas para obtenção de benefícios no setor público. Em Curitiba (PR), a prefeitura publicou um aviso afirmando que “pais” de bebês reborn não podem ocupar assentos preferenciais no transporte coletivo.
No âmbito federal, um projeto de lei foi apresentado na Câmara dos Deputados no dia 15 de maio com o objetivo de proibir o uso dos bonecos como justificativa para atendimento prioritário no Sistema Único de Saúde (SUS). O texto propõe multa de cinco a vinte salários mínimos para quem tentar obter vantagens indevidas com base nesse argumento. Em caso de reincidência, a penalidade poderá ser aplicada em dobro.
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